Os 80 Anos de Noite Ilustrada

O Brasil é um país engraçado. Atualmente quem é capa dos cadernos de cultura é o Babado Novo e outras entidades sem vergonheiras do axé e oxum. Porém, houveram alguns artistas nesse país, pessoas de verdadeiro talento que hoje amargam um cruel esquecimento. No último dia 10 de abril, Mário de Souza Marques Filho, o Noite Ilustrada completaria oitenta anos se vivo. Sou seu grande fã, coleciono seus discos tendo quase todos. Não entendi até agora porque nenhum espaço do jornalismo cultural brasileiro fez algo por ele. Pra quem não conhece, o Noite foi um dos grandes sambistas nacionais, fiel a verdadeira música brasileira de qualidade. Fez grande sucesso na primeira metade dos anos 60 com sucessos como “Volta Por Cima” (do mestre Paulo Vanzolini), “Toalha de Mesa” e “Minha Rainha”. Mas o cantor não parava por aí. Sabia como ninguém o repertório de um Nelson Cavaquinho, de Cartola, Lupiscínio Rodrigues, Zé Keti. Porém, seu grande mestre sempre foi mesmo o antológico Ataulfo Alves, de quem foi amigo pessoal. Para ele Noite dedicou o disco “Revivendo o Mestre Ataulfo” (1969), belíssimo trabalho encontrado somente em vinil. Na linha do samba romântico não tinha pra ninguém. Creio que fica cada dia mais difícil termos um outro Nelson Gonçalves, um outro Paulinho da Viola ou um outro Noite Ilustrada.