quarta-feira, 4 de setembro de 2013

“A maior dificuldade é que o Brasil não preserva a sua história”

O pesquisador e produtor cultural Rafael Spaca é um amante do cinema de curta-metragem. Em 2007, Spaca começou a entrevistar diversas personalidades do cinema brasileiro. Atores, atrizes, diretores, produtores, roteiristas e técnicos de diversos períodos da nossa cinematografia. Todos deram seus depoimentos e opiniões sobre o filme de curta-metragem. O trabalho alcançou a marca de 448 entrevistas. Parte desse material está no livro Curtametragem- Compilação de Ideias e Entrevistas do blog Os Curtos Filmes, publicado pela editora Verve. VSP conversou com o autor sobre essa obra. 


Violão, Sardinha e Pão- Como começou a sua paixão pelo curta-metragem?



Rafael Spaca- O curta, independentemente da metragem, é cinema. A sua capacidade de síntese, de contar uma história (ou não) em tão pouco tempo é o que mais me encanta no formato. No curta encontramos campo para experimentação, de sair do lugar-comum e romper com todos os cânones do dito "cinemão". Sem contar que é o mais democrático do processo de realização do fazer cinematográfico.



VSP- Você acredita que o curta parou de ser marginalizado entre os cineastas?


RS- Não. Ele tem um espaço na memória afetiva de todos os cineastas, entretanto, assim que surge uma possibilidade de se fazer um longa-metragem, esse profissional abandona o formato. É só olhar na filmografia de qualquer grande nome do cinema.



VSP- Como surgiu a ideia de você fazer essas entrevistas para o blog?


RS- O curta-metragem é muito produzido (graças ao barateamento do acesso a tecnologias digitais), é relativamente visto (restrito a festivais e poucas iniciativas de salas de cinema e televisão) e nada debatido. A minha ideia foi preencher essa lacuna.



VSP- Quais atores, atrizes e realizadores do Cinema da Boca aparecem na obra?


RS- Guilherme de Almeida Prado, José Adalto Cardoso, Carlos Reichenbach, Antônio Polo Galante, David Cardoso e Aldine Muller. Não deu para contemplar a todos devido a limitação do livro, quem sabe no segundo volume?



VSP- Qual é a maior dificuldade em trabalhar com memória cultural no Brasil?


RS- A maior dificuldade é que o Brasil, como sabemos, não preserva a sua história. É incrível também como algumas pessoas, protagonistas de determinadas histórias, não se recordam do que viveram. Enfim, é uma triste realidade.



VSP-  Quais são seus próximos projetos na área cinematográfica?


RS- Espero escrever um livro sobre o mítico (escritor e roteirista) Rubens Francisco Lucchetti e o volume 2 desta compilação de entrevistas. Na área audiovisual minha ideia é dirigir dois curtas, um de animação e o outro, um documentário.

Nenhum comentário: