terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Cantinho do Marcos Rey: A Última Corrida




Era a véspera do grande dia. Mestre Juca acordara mais cedo do que de costume para dar uma espiadela no Marujo. Antes, porém, parou na cocheira do Rumbero, sentindo, moralmente, a obrigação de preocupar-se mais com o cavalo de Cid Chaves. Fazia questão de ser correto nos menores detalhes de sua vida profissional. Fez um rápido exame no cavalo, pediu a um dos auxiliares que o levasse para a pista e depois foi ver o Marujo. Foi com emoção que pôs os olhos nele. Se vencesse estaria plenamente reabilitado como treinador. Ninguém mais lhe dirigia ironias. Não sorririam mais quando ele passasse. Precisava daquela vitória tanto quanto Gil.

- Você está disposto, hein?- disse ao animal.

Marujo rinchou, reconhecendo-o.

- Não vá me decepcionar amanhã- lembrou o velhote. – Mostre que ainda é um craque de verdade. E um grande craque corre até entrar na compulsória. Se vencer, terá apenas umas poucas carreiras pela frente. Aí então poderá descansar o resto da vida. Comer o que quiser, engordar o quanto quiser. Poderá pastar com Formasterus e Albatroz. Ouvirá as velhas histórias que eles têm para contar e contará as suas.

Retirado do livro “A Última Corrida” de Marcos Rey

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