segunda-feira, 5 de maio de 2014

Três depoimentos sobre José Adalto Cardoso



O cineasta José Adalto Cardoso é um personagem interessante do cinema paulista. Foi assistente de direção de Fauzi Mansur, colaborou na Cinema em Close Up e dirigiu inúmeros longas-metragens. Na semana passada (dia 3) Adalto completou 68 anos. VSP esteve nos dias anteriores com alguns protagonistas do cinema da rua do Triunfo que deixaram seus depoimentos sobre Adalto. Nós também desejamos muitas felicidades e vários anos de vida para esse realizador brasileiro. 



“Eu tenho uma gratidão pelo Adalto. Isso porque ele foi o autor da primeira matéria em revista sobre mim na Cinema em Close Up. Foi uma matéria que deu grande repercussão e nem eu esperava isso. Um fato curioso aconteceu quando ele era assistente do Freund no filme No Tempo dos Trogloditas. O meu personagem era um cara retardado, grandão, desengonçado. O realizador tinha orientado o assistente a conseguir uma chupeta de madeira pra eu utilizar como instrumento de cena. O Freund sempre foi um cara maravilhoso, ele foi um dos diretores sérios da rua do Triunfo. Acho que foram realizadas filmagens durante quinze dias com o meu personagem nesse trabalho. Todo dia o Adalto dizia pro Freund que ia conseguir a chupeta mas isso nunca aconteceu. Parecia que aquilo não entrava na cabeça do Adalto (risos). Então, o meu personagem acabou sendo feito sem a chupeta. Sempre gostei muito do Adalto e também do Freund. Posso dizer que o Freund era um diretor que respeitava os personagens e os atores”.

Castor Guerra, ator em mais de 40 longas-metragens.



“Bom, primeiro lugar parabéns Adalto pelo seu aniversário que foi semana passada. Não vou dizer a idade senão fica chato (risos). Espero que seja bom e gratificante pra você estar participando ativamente na atividade cultural na sua região. Mas ele não fica restrito a isso, ele é uma figura nacional. Espero que nós possamos realizar empreitadas de outros projetos juntos. Olha, eu conheci o Adalto na Boca, lá a gente cruzava com todo mundo, todo pessoal. Se cruzava pra conversar, trocar ideias. Algumas vezes a gente convidava a pessoa: “Vai sair um filme aqui, estamos formando equipe lá”. Esse tipo de troca de informações sem interesses maiores que a gente fazia. Ele tinha o projeto de fazer o filme E a Vaca Foi Pro Brejo, me convidou e eu acabei indo. Nós tínhamos trabalhado no Mazza e começamos a nos entrosar por conta da nossa amizade com o Pio Zamuner. O Adalto é um exímio datilógrafo, ele datilografou os roteiros do Mazza e acabamos trabalhando junto em dois filmes desse importante produtor. Nos demos muito bem, teve uma brincadeira meio engraçada na Boca no bar do Serafim. Era um tempo frio e eu estava com uma japona verde militar. E era meio suspeito andar com uma japona daquelas. Ele estava vestindo outra japona mais simples, comum. Eu estava querendo me livrar daquela vestimenta. Nisso, ele olhou e me falou: “Japona bonita. Podemos trocar? Quer pra você?”. Trocamos ali na mesma hora. Nós temos mais ou menos o mesmo corpo. Eu não sei que fim levou essa japona, eu devo ter gastado de tanto usar. Realmente, eu não sei o que ele fez com a japona que eu dei pra ele. Ele é um cara muito honesto, muito correto, muito bom, sabe? Puro, sincero. Não fica fazendo onda. De uns anos pra cá, entramos em algumas empreitadas juntos lutando pra captação, alguns não deram certo, deixamos de lado. Estamos num projeto chamado Prioridade: Vida que é o trabalho de pesquisa do Adalto. Ele está trabalhando junto com a Bianca tentando a captação. Vamos ver se até o final do ano a gente vai conseguir a grana pra fazer esse documentário sobre o Hospital de Oncologia de Jaú. Adalto: você se cuida porque temos ainda muita coisa pra fazer juntos. Um abraço”.

Virgílio Roveda (Gaúcho), diretor de fotografia. Trabalhou em mais de 60 longas-metragens.



“É curioso. Eu nunca trabalhei junto com o Adalto. Não posso falar muito sobre ele. Mesmo assim, desejo um feliz aniversário pra ele a quem eu quero muito bem. Lembro que quando ele foi dirigir o filme E a Vaca Foi Pro Brejo o pessoal da rua do Triunfo espalhou uma paródia brincando com esse trabalho, dizendo que o filme não teve sucesso. Mas eu sei que o Adalto não ficou chateado com isso. Ele é um batalhador, como a maioria dos nossos amigos da Boca. Sempre que ele vem em São Paulo e a gente se encontra é bacana. Eu gosto do Adalto e quero ele muito bem”.
Walter Wanny, montador de mais de 80 longas-metragens.

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