sexta-feira, 5 de maio de 2017

VSP Entrevista: Toni Gorbi


São muitos filmes e muitas histórias. Antônio de Souza Neto, o Toni Gorbi é um dos técnicos mais atuantes do cinema brasileiro. Ele iniciou sua carreira na Boca paulista e prosseguiu após o encerramento deste período do cinema brasileiro. Gorbi foi um dos primeiros profissionais brasileiros a especializar-se como gaffer. “Sou o braço-direito do diretor de fotografia. Um gaffer tem que ter conhecimentos técnicos de todos os equipamentos em geral como luzes, câmeras e lentes. É uma espécie de eletricista chefe com uma bagagem maior”, explica ele. Depois de mais de 50 longas-metragens e 40 anos de carreira profissional, Gorbi participou do filme Gostosas, Lindas e Sexies (2017) do diretor Ernani Nunes que está em cartaz em diversos cinemas. Ele conversou com o VSP sobre esse trabalho e o cinema brasileiro contemporâneo.


                                             Nos tempos da Boca: Gorbi é o terceiro da direita para a esquerda
Como você foi convidado para participar do filme Gostosas, Lindas e Sexies?
Foi um convite do diretor de fotografia Marcelo Brasil. Já temos uma colaboração antiga e foi mais uma oportunidade de trabalharmos juntos em longa-metragem.

Como foi seu relacionamento com o diretor Ernani Nunes?
Muito bom. Ele me tratou com muito respeito. Toda equipe teve um excelente relacionamento.

Quais foram as maiores dificuldades nesse trabalho?
Tivemos muitas dificuldades quanto ás locações que eram muitas. Filmamos em vários apartamentos em horários restritos. Alguns tiveram difícil acesso. Isso acabou dificultando um pouco a produção. Mas nada que uma boa equipe técnica não conseguisse resolver dentro dos prazos estabelecidos pela produção.

                           
Gostosas, Lindas e Sexies é uma comédia popular que busca o grande público. Como você avalia o filme?
Acho o filme muito bom. Tem um elenco maravilhoso que está bem dirigido e com uma direção de fotografia excelente. O Marcelo Brasil é um dos grandes técnicos brasileiros da atualidade na área dele.

Você já trabalhou como fotógrafo e agora voltou a trabalhar como gaffer. Isso te incomoda?
Tenho uma boa parceria com o Marcelo Brasil. Ele é o tipo de profissional que valoriza muito o trabalho do gaffer. Portanto, não me incomoda em trabalhar como gaffer que é algo que sempre fiz com muito amor e dedicação. Já trabalhei em inúmeros longas-metragens nessa função sempre tendo bons resultados. Vou estar sempre aberto a um convite para atuar nessa função.

Qual é a sua função preferida?
O trabalho de gaffer no Brasil não é muito valorizada. Pra quem não sabe o gaffer é uma espécie de fotógrafo técnico. Ele acaba sendo o braço-direito do diretor de fotografia. Ele tem que ter conhecimentos técnicos de todos os equipamentos em geral como luzes, câmeras e lentes. O gaffer também acaba sendo responsável pelo comando da equipe técnica dentro do set de filmagem.

Como você avalia o atual momento do cinema brasileiro?
Depois que surgiram as câmeras digitais dá a impressão que tudo ficou mais fácil. Na verdade, a linguagem cinematográfica não muda. O que muda são os equipamentos. O cinema brasileiro na questão do longa-metragem tem os altos e baixos como toda cinematografia. Tem coisas ruins e outras muito boas. Acredito que temos bons técnicos e isso ajuda bastante. A publicidade tecnicamente não está bem porque com o cinema digital apareceram inúmeros diretores de fotografia e os orçamentos caíram muito. Ficou muito fácil filmar.

Na sua opinião quais são os grandes técnicos da área de fotografia e elétrica no cinema brasileiro contemporâneo?
Ainda temos poucos profissionais especializados como gaffers. Mesmo porque com todas essas mudanças de tecnologia ficou mais fácil lidar com os equipamentos da área. Não vou citar nomes pra não ser injusto com meus colegas. Mas temos ótimos técnicos.
                                                                                 Trailer de Gostosas, Lindas e Sexies
Você trabalhou tanto em filmes mais autorais como em comédias populares como Gostosas, Lindas e Sexies. Seu trabalho muda muito de um tipo de filme para outro?
Meu trabalho não muda. Temos muitas vezes de mudar o nosso relacionamento com a equipe.

O que muda na fotografia de um filme popular para outro mais pessoal?
No trabalho de fotografia montamos uma iluminação de acordo com a história. Não podemos fazer uma fotografia pessoal. Temos que seguir a orientação do diretor e principalmente do roteiro. Não podemos inventar certas coisas que ninguém vai entender num filme popular.

Você trabalhou em diferentes épocas do cinema brasileiro. Na sua opinião, o que mudou para melhor dentro da produção cinematográfica?
Mudou pra melhor os equipamentos. Por outro lados muitos técnicos não procuram aprender e especializar-se no uso das ferramentas maravilhosas que temos nas mãos. O cinema brasileiro está melhorando graças aos novos equipamentos que estão surgindo.

Você trabalhou em mais filmes que serão lançados esse ano? Quais são seus novos projetos?
Sim. Fiz um longa-metragem com o Marcelo Brasil e direção do Marcus Baldini chamado Homem Perfeito que deve estrear em novembro. Sigo aberto para novos projetos tanto como gaffer como para direção de fotografia.

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Ótima entrevista,rápida,concisa e sem delongas.