PORTUGUESA 3, JUVENTUS 3
O Juventus dava de 3 a
0. Até que...
A torcida da Portuguesa
estava indo embora. Mas aí a Lusa empatou – e quase venceu o jogo
FRANCISCO MALFITANI
Exatamente aos 14
minutos do segundo tempo do jogo Portuguesa e Juventus, ontem pela manhã, no
Parque Antártica, boa parte da torcida lusa se levantou dos degraus de cimento
da arquibancada e indignada, acenando com os braços, berrou: “Bamos embora,
bamos embora”. É que o pequeno ponta-direita Mica, do Juventus, acabava de
fazer 3 a o para o seu time levando ao desespero os manuéis e joaquins
presentes, que descarregavam a sua raiva sobre os jogadores e dirigentes da
Portuguesa.
Mas os que foram mais
pacientes e não deixaram o estádio certamente não se arrependeram. Aos 26, aos
32 e aos 42 minutos, puderam vibrar intensamente com os três gols de sua
querida “burra”, que aplicou no Juventus uma estilingada ao melhor estilo do “Moleque
Travesso”.
Um corintiano, nas
arquibancadas do Parque Antártica, pulava e gritava como o mais fanático
torcedor da Lusa, no momento que esta empatou o jogo. “Isto é bom para este
time do Juventus experimentar do seu próprio veneno. No ano passado eles desclassificaram
o meu Corinthians, virando o jogo de 2x0 para 3x2”, disse ele.
Portuguesa e Juventus
foi, de fato, um jogo de muitas emoções. No primeiro tempo, o time da Mooca
dominou a partida, com Russo destruindo as jogadas da Lusa e Cézar construindo
os melhores lances do Juventus. Já aos 7 minutos, o centroavante Tatá cabeceava
na trave do goleiro Everton. Daí até os 29 minutos, quando Mica de pênalti, fez
o primeiro gol da partida, as melhores chances de gol estiveram sempre com o
Juventus.
Tocando a bola e se
deslocando muito, o meio de campo e o ataque juventino deixavam maluca a defesa
da Lusa. No segundo tempo, Enéas perdeu um gol cara a cara com Colonezi. Mas o
Juventus continuava a mandar na partida.
Aos 14 minutos, Tatá,
de cabeça, depois de um escanteio cobrado por Toninho Vanusa, fez 2 a 0 para o
Juventus. E aos 16, Mica, num contra-ataque, fazia pular de alegria à torcida
do Juventus, composta de pouco mais de uma dúzia de gatos-pingados.
Neste momento, quase a
metade da torcida da Portuguesa se retirava do estádio, e o técnico João
Avelino colocava Rui Lima e Cacá em campo, em lugar dos inoperantes Eudes e
Zair.
Aí deu a louca no time
da Portuguesa. As duas substituições, mas a vergonha de estar perdendo de 3 a 0
para o Juventus, fizeram o time de Enéas acordar e correr como nunca.
O Juventus se encolheu,
mas a tática de jogar atrás já não dava mais resultados. O time estava sem
pernas, neste encalorado domingo e não aguentava a pressão do adversário. Aos
26 minutos, Enéas fazia o primeiro gol da Lusa. Seis minutos depois, outra vez
Enéas, de voleio na pequena área, fazia o segundo gol. Aí a torcida já se
agitou nas arquibancadas. E quando, aos 42 minutos, o novato Cacá empatou o
jogo empurrando a bola para dentro do gol, na saída de Colonezi, a “portuguesada”
explodia de alegria.
Não parecia verdade,
seu time tinha conseguido virar o jogo. A respiração de todos no estádio, no
entanto, continuou presa até o apito final de Romualdo, pois ainda no último
lance do jogo Cézar chutou uma bola na trave de Everton, que, batido, ainda viu
no rebote Tatá chutar para fora com o gol aberto a sua frente.
“Chega” – desabafou um português
ao final da partida – “mais um jogo como este, e lá na padaria não vão ter que
arrumar outro para ficar no caixa, pois meu coração não aguenta”.
O JOGO FOI ASSIM:
Portuguesa: Everton;
Edson, Daniel Gonzáles, Bolívar e Toninho; Luciano, Eudes (Rui Lima) e Enéas;
Zair (Cacá), Caio e Faísca.
Juventus: Colonezi;
Deodoro, Fagundes, Leiz e Bizi; Russi, Toninho Vanusa e Cézar; Mica, Tatá e
Cuca.
Renda: Cr$ 241.430.000
com 4.582 pagantes e 848 menores.
Juiz: Romualdo Arppi
Filho
Gols: Mica aos 29
minutos do primeiro tempo; no segundo tempo, Tatá aos 14, Mica aos 16, Enéas
aos 26 e aos 32 e Cacá aos 42 minutos.
Publicado originalmente
no “Jornal da República” em 19 de novembro de 1979, edição 72
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