Dois boêmios varrem Brasil com
canções
Nelson
Gonçalves e Arthur Moreira Lima estreiam hoje em Manaus a turnê “O Boêmio e o
Pianista”
Luis
Antonio Giron
Da
reportagem local
O
BOÊMIO E O PIANISTA- Show com o cantor Nelson Gonçalves e o pianista Arthur
Moreira Lima. Arranjos de Laércio de Freitas. Hoje e amanhã, ás 21, no teatro
Amazonas (Manaus). Dia 17 de julho no teatro Guararapes (Recife); 31 de julho,
teatro Villa-Lobos (Brasília); 1 de agosto, Uberlândia; 2 de agosto, Uberaba; 5
de agosto, Campos; 7 e 8 de agosto no Olímpia (Belo Horizonte); de 13 a 16, de
20 a 23 e de 27 a 30 de agosto no Palladium (São Paulo); 3 de setembro, Piracicaba;
4 de setembro, Americana; 5 e 6 de setembro, Campinas; 10 de setembro,
Blumenau; 11 e 12 de setembro, Florianópolis; 16 de setembro, na Ópera de Arame
(Curitiba); 18 de setembro, Maringá; 19 de setembro, Londrina; 25 de setembro,
Joinville; 26 e 27 de setembro, Porto Alegre, Norte e Nordeste em outubro,
datas e locais a confirmar. Informações pelo tel. 011-285-3607.
O
cantor Nelson Gonçalves, 73, e o pianista Arthur Moreira Lima, 52, estreiam
hoje, no teatro Amazonas de Manaus, uma excursão ao velho estilo. Como era
hábito antes da era do rádio, os dois vão varrer o Brasil de ponta a ponta, com
um programa de fazer frente à “época de ouro” da música brasileira.
O
título do show, “O Boêmio e o Pianista”, não faz jus a um deles. Nelson
Gonçalves nunca praticou piano, mas Arthur Moreira Lima gosta de uma boêmia, ou
“boemia” – corruptela que Nelson consagrou.
“É
um belo casamento do boêmio popular com o erudito”, brinca o cantor. É a
primeira vez que Nelson canta com um músico erudito e Arthur acompanha um
cantor popular. O pianista teoriza: “O Nelson é representativo da nossa
cultura. Tem a tragicidade ibérica do nosso cancioneiro, que a bossa-nova
deixou para trás”.
A
dupla terminou anteontem no Rio as gravações do disco com 12 músicas de turnê,
a sair em 2 de setembro em CD e LP pela BMG Ariola. “Está maravilhoso”, jura
Nelson. O juramento se funda na experiência. O cantor já gravou 172 discos de
78 rotações, 312 compactos, 121 LPs, 16 CDs e já vendeu 40 milhões de cópias –
um recorde brasileiro.
Com
um currículo um pouco menor, 30 discos em 40 anos de atividade, Arthur diz tem
se espantado com a agilidade “baixo cantante” de Nelson. “Ele é um dos poucos
que sabem cantar sem ritmo, só no pulso, ‘ad libitium’. Não foi difícil para
ele cantar com harmonias mais ousadas”.
Nelson
achou difícil se adaptar: “Cantar com ritmo na cabeça foi uma novidade.
Descobri outra maneira de cantar”.
Show mescla Liszt e Noel
O
show “O Boêmio e o Pianista” percorre, a “tragicidade ibérica” da seresta,
passa pelo samba e o tango dá um pulinho no clássico. Em duas horas de duração,
Nelson reinterpreta clássicos da música brasileira, arranjados por Laércio de
Freitas.
Nos
intervalos, os dois artistas comentam como as músicas foram lançadas. Arthur
sola peças de Liszt, Nazareth e Chopin. Desfilam o contingente pessimista da
MPB: “Quem Há de Dizer” (Lupicínio), “A Mulher que Ficou na Taça” (Orestes
Barbosa), “O Último Desejo” (Noel Rosa), tangos sobre e de Carlos Gardel e,
claro, “Negue” e “A Volta do Boêmio” – duas canções de Adelino Moreira
perpetuados pelo cantor. (LAG)
Publicado
originalmente na Folha de São Paulo
em 11 de julho de 1992
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