Capítulo
1
MEU
ENCONTRO COM CARLOS PARANÁ E A FUNDAÇÃO DO “JOGRAL”
Por
Marcus Pereira
Contar
a história do “Jogral” – compromisso que assumi com meu amigo José Eduardo
Costa, hoje no seu comando – é uma tarefa que se pode chamar de temerária. Essa
temeridade eu a confesso e a assumo, na tentativa de extrair das suas
madrugadas sem conta que o tempo guardou, da galeria sem fim de tipos humanos
que abrigaram suas mágoas e seus sonhos na sua penumbra, disso tudo extrair
alguma coisa realmente fundamental. E agora eu saio caminhando dentro de mim
para recolher as lembranças que restam ainda, pois minha memória não é de marca
boa.
Conheci
Carlos Paraná no acaso de uma madrugada, acompanhando uma amiga apaixonada que
procurava seu amado esquivo e a única pista que ela tinha era ser amigo do
Carlos. Depois de vãs tentativas em várias boates, o encontramos numa casa da
Galeria Metrópole, cujo nome era “Open Door”. Favorecidos pelo nome do
estabelecimento, adentramo-lo, como dizem os locutores esportivos, com a
consciência de que era um gramado para outros esportes. O local era decorado
com conjuntos de sofás formando vários ambientes que, intencionalmente,
pretendiam criar um clima familiar, e a gente sabe que exista família pra tudo.
Sentamo-nos, pedimos nossas bebidas (estou escrevendo essas lembranças com os
meus direitos de beber cassados por uma médica da linha dura, por isso vou
mudar logo de assunto) e eu fiquei aguardando os acontecimentos, cúmplice que
sempre fui de todos os apaixonados que me pediram apoio. Logo mais,
aproximou-se de nós um rapaz de smoking, segurando um violão desajeitadamente,
e desajeitadamente nos pediu para sentar. E sentou-se desajeitadamente. A minha
amiga alvoroçada com a presença de quem logo percebi que era o amigo do seu
amado, e revelando já alguma intimidade com o repertório do cantor, pediu-lhe
para cantar Marcha do Amor sem Esperança.
Carlos
Paraná atendeu-a e cantou a lindíssima canção, cuja música é de Válter Santos.
Naquela época, eu já tinha um interesse particular por música, mas a bossa-nova
não me atraía muito, o iê-iê-iê me parecia falta absoluta de brio e de
respeito, pessoal e nacional, e a gente estava se refugiando nas canções de
Aznavour, Endrigo, Luigi Tenco, Becaud. Havia também o repertório de Lupicínio,
Noel Rosa, porque naquele tempo já se tinha saudade. As músicas de sucesso eram
Que c´est Triste Venice, de Aznavour, e Ho Capito che ti Amo, de Luigi Tenco.
Bons tempos aqueles em que a música estrangeira era italiana e francesa. A
canção de Carlos Paraná me encantou pela sua beleza literária e musical e pelo
seu romantismo superlativo, que fizeram de Carlos Paraná o maior compositor
romântico de todos os tempos. Surpreenderam-me a canção, a intepretação de
Carlos Paraná e sua maneira muito particular de tocar violão. Logo vi que
estava diante de um compositor diferenciado e interessei-me pela sua história,
que ele foi contando nos intervalos das músicas que cantava e eu fui o deixando
a vontade, quebrando com o martelo do elogio e do reconhecimento a sua reserva
e a sua timidez iniciais.
Carlos
foi lavrador até quase vinte anos e conseguiu, depois de ter sido balconista de
uma loja em Ribeirão Claro, o lugar de agente do IBGE. Em seu arquivo, Marta
Paraná encontrou um texto seu, datado de 2 de janeiro de 1953, ele tinha vinte
e um anos: “Se conseguíssemos arrancar uma árvore secular ou com a sua
miniatura – um pequeno arbusto que fosse – notaríamos que as raízes mais finas,
mais sensíveis, são os principais veículos que recolhem da terra a maná de sua
fertilidade, o mel da sua umidade (...) O IBGE estende sua fronde, oferece seus
frutos aos que não se interessam saber-lhe a origem, enquanto tem suas raízes
escondidas colhendo no fundo da terra o manancial para muitas vidas, na
qualidade de pacatíssimo agente de estatística”.
Mas
o agente de estatística de Ribeirão Claro não tinha muito o que fazer, o Carlos
contaria depois: “Eu passava todo tempo me coçando”. Comprava, então, livros
pelo reembolso postal da Livraria Católica do Colégio Arnaldo, de Belo
Horizonte. Comprou livros de Contabilidade Geral, Dicionário de Rimas,
Espanhol, Dicionário de Sinônimos e Antônimos, Método de Violão. Mas tarde, já
com vinte e sete anos, começou a aprender inglês e francês. Em São Paulo, no
começo, foi cantor, gerente e caixa da “Music Box”, pequena boate instalada
numa travessa da Rua Augusta. Se um cliente pedia a conta enquanto estava
cantando, Carlos se apressava, engolia estrofes para atender ao cliente.
Ele
ficou conosco longo tempo naquela noite, até porque os demais frequentadores
daquela boate estavam interessados em coisas mais concretas do que a terna
abstração das canções românticas de Carlos Paraná. Lembro que ele cantou Nem Sequer
uma Rosa, de cuja letra reproduzo parte:
“Bom
seria se, pelo amor,
Nunca
mais se colhesse a flor
Pois
que culpa uma rosa tem
Se
alguém gosta de alguém.
Será
muito mais lindo
Quando
a gente aprender
Cada
vez que se ama
Dar
a flor sem colher.
Nosso
amor pequenino
Nem
devia dizer-se amor
Nosso
amor não valia
Que
morresse uma flor.”
Luiz Carlos Paraná
Depois
cantou Resignação, cujo epílogo diz: “quando chegaste eu já sabia ter alguém/
quando partiste eu já sabia viver só”. Não contive meu entusiasmo e a minha
alegria por aquele acaso humano e artístico e, a partir de então, passei a
frequentar as casas noturnas onde Carlos cantava.
Dias
depois do primeiro encontro, Carlos foi contratado por uma boate chamada
“Sambalanço”, dirigida por Cláudia Barroso, que ficava logo no começo da Rua
Peixoto Gomide, à esquerda, logo depois da Augusta. Foi nessa época que uma
música sua, Queria, foi para as paradas de sucessos, interpretada por Carlos
José, e essa música marcou de tal forma a carreira do cantor que hoje, catorze
anos depois, todo mundo associa Carlos José á guarânia de Carlos Paraná.
Meses
depois, Carlos passou para o bar “Zelão”, que ficava quase em frente ao
“Sambalanço”. Estamos no fim de 1964. No bar “Zelão”, nome de seu proprietário
e excelente cantor, cantavam também Cláudia Morena e Emílio Escobar. O bar era
maior que o “Sambalanço”, com uma qualidade musical mais uniforme, pois o tom
era dado pelo artista excepcional que foi Zelão.
Uma
bruma teimosa turva agora minha memória, no momento em que me aproximo dos
fatos ligados á fundação do “Jogral”.
No
fim de 1964, e nessa altura eu e o Carlos éramos já amigos íntimos, ele chegou
um dia para mim e contou que um seu amigo, mais exatamente namorado de uma sua
amiga, chamado Mike, dispunha-se a financiar a montagem de um bar de música
brasileira, velho sonho de Carlos.
Nossos
papos naquela ocasião eram quase unicamente sobre dois temas: música e amor. Carlos
reincindia frequentemente na contravenção de amar e eram amores complicados,
frequentemente não correspondentes ou impossíveis. Inconfidente consigo mesmo,
ele contou essas paixões nas principais músicas de seu repertório que começamos
a gravar juntos, em agosto de 1970, e seu disco eu terminei sozinho depois que
ele morreu no dia 3 de dezembro de 1970. Conversávamos muito também sobre a
música no Brasil. Carlos vivia permanentemente revoltado com a dominação
musical a que estávamos sujeitados e seu maior sonho era um dia poder ter uma
trincheira mais consequente para lutar contra a imposição cultural da música
estrangeira. Em 1963, a moda era o iê-iê, tolice importada, dançada e cantada.
A totalidade das boates apresentava este supremo exemplo da decadência mental
de países ricos apenas economicamente e que nos impingiam sua cultura
emprobrecida e neurotizada por conflitos e impasses de suas sociedades
superdesenvolvidas, esse lamentável superdesenvolvimentismo que se alimenta de
vidas humanas mas que é insaciável porque suga o espírito dos sobreviventes,
como o tamanduá chupador de cérebros que o Henfil criou.
Os
amigos de Carlos advertiam-no para o fracasso certo, se ele insistisse em ser
dissidente da palhaçada geral. Mas Carlos, que foi lavrador de enxada até os
vinte anos, que conviveu com a cultura do nosso povo, com intimidade, lá nos
campos de Ribeirão Claro, que conhecia a incrível riqueza da nossa cultura
popular, que conhecia música sertaneja como poucos, não estava interessado
apenas em dinheiro. É claro, o dinheiro seria instrumento – como foi – para
realização de seus planos de resistência. Mas ele jamais faria alguma coisa com
o objetivo único de ganhar dinheiro. Muitas vezes, depois, quando o “Jogral” já
era a mais bem sucedida e a mais famosa casa noturna do Brasil, a gente
comentava, com a autoridade dos bem sucedidos, que dinheiro é muito pouco,
dinheiro é, na verdade, muitíssimo pouco.
A
sociedade que Mike propunha era extremamente vantajosa pois se dispunha a
dividir com Carlos o capital de seis mil dólares que, como todos sabem, é a
moeda nacional mais digna de confiança, devendo integralizar sua parte com os
futuros lucros do negócio. A proposta me surpreendeu pois casas noturnas são
sabidamente mau negócio e as exceções que conhecíamos tinham o papel clássico
de confirmar a regra. Se o ramo não é inteiramente mau, ou não era, comércio
desse tipo sempre se caracterizou pela instabilidade e, principalmente, é
vítima permanente da volubilidade dos frequentadores que fazem o sucesso e o
fracasso de uma casa ao sabor das macaquices e dos modismos da ocasião. Mas o
Mike tinha razões outras, parece que um homem de recursos, estava apaixonado
pela amiga do Carlos, o que provou comparecendo com o chamado numerário, que é
o apelido do dinheiro nas rodas contábeis.
Tinha
sido inaugurada em São Paulo, anos antes, a Galeria Metrópole, de cujo
lançamento eu houvera participado como funcionário da “Inter-Americana de
Publicidade”, último emprego que tive como publicitário antes de fundar a minha
própria casa de determinadas tolerâncias, a agência “Marcus Pereira Publicidade”,
que fechei em dezembro de 1973 para dirigir “Discos Marcus Pereira”, a partir
de janeiro de 1974. Carlos alugou uma pequena loja no subsolo 1, no fundo, à
direita. Sua fiadora no contato foi Maria Antônia Vergueiro, amiga
extraordinária e frequentadora assídua do “Jogral”. Montou o bar com
simplicidade, com pequenas mesas, bancos e banquetas de desenho simples
inspirado no estilo colonial. Não me lembro senão vagamente da inauguração,
devemos ter bebido muito, nós que nem precisávamos de desculpa. Fora o Carlos,
que só bebia leite. O “Jogral”, nessa sua primeira sede na Galeria Metrópole,
abrigava, com conforto, quarenta pessoas, mas até sessenta podiam embarcar
neste bravo navio da cultura brasileira, que navega firme até hoje e que
frequentemente bombardeia os piratas da cultura.
No
começo, o “Jogral” tinha uma frequência fiel de jornalistas, intelectuais,
compositores. Ás sextas-feiras, a colônia pernambucana, atraída por mim e por
Aluísio Falcão, lotava a casa. Essa fidelidade durou muitos anos. Lembro-me de
Jorge Carneiro da Cunha, e sua companheira, Rose, frequentador entusiasta até
hoje, cuja gargalhada sonora, longa e peculiar, era um dos “sons” do “Jogral”.
Lembro-me de Ivanildo Porto, conhecedor, como poucos, do repertório dos grandes
compositores de nossa música popular, de Rubinho, de Garibaldi (onde andam
vocês?) de Chico Souto – a quem convoco para retornar – e outros imigrantes
nordestinos que trouxeram para o “Jogral” Expedito Baracho, cantor excelente e
de repertório raro. Nessa primeira fase do “Jogral”, na Galeria Metrópole,
Carlos era a grande atração. Ele cantava suas músicas, cantava as músicas de
Paulo Vanzolini – então compositor ainda praticamente inédito e já legendário,
pois uma música sua – Volta por Cima – ficou meses nas paradas de sucessos e
ainda no auge – segundo conta Paulo Vanzolini – foi assassinada pela gravadora
que precisava das prensas para fabricar um disco de Ray Charles, por
determinação da matriz estrangeira. Sobre Paulo Vanzolini contavam-se histórias
curiosas que ilustravam a sua polimórfica personalidade, doublé de boêmio,
sambista e cientista. Paulo Vanzolini passou a ser uma das atrações do “Jogral”.
Assíduo como poucos, Paulo saía do Museu de Zoologia do qual era diretor e ia
para o “Jogral” onde cantava, participava de desafios, contava estórias e
declamava, recebendo o cachê modesto de sua cachaça com gelo.
Voltando
ao Carlos, ele era a grande atração da casa. “O Jogral” desenvolveu o seu
talento raríssimo ao máximo. Seu ambiente informal, a sensibilidade e o nível
cultural dos frequentadores eram estímulo permanente que alimentava sua
capacidade criadora. Para surpresa de todos, Carlos, que sabíamos ser um
compositor excelente, revelou-se um excepcional humorista quando improvisava
nos desafios, quando imitava a maneira de falar nordestina, quando dizia os
monólogos de Raul Solnado melhor do que Raul Solnado. Era um imbatível criador
de paródias e usava o sarcasmo e a ironia como raras vezes vi, nos eruditos e
nos populares. Seu repertório era amplo e incluía os clássicos da nossa música
sertaneja, deliciosas paródias e músicas maliciosas. Incluía também, Atahualpa
Iupanqui que, no Brasil, ninguém conhecia ainda, além dos sucessos da ocasião e
de suas próprias músicas. De repente, manipulando o anticlímax com segurança,
anunciava, falando como em Portugal se fala: “E agora, alguns pensamentos
filosóficos: Entre morcegos e ratos / chegou-se lá à conclusão / de que o
morcego é um rato / que entrou pra aviação. E outro: Joaquim abriu um
restaurante / teve um prejuízo colosso / porque das onze às catorze / Joaquim
fechava pro almoço. E mais outro: Maria da Graça é uma / cachopa d´olhos em
brasa / mora sozinha e não fuma / mas tem cinzeiros em casa”.
Uma
música de Paulo Vanzolini, Capoeira do Arnaldo (que está no primeiro disco que
gravei, produzido por Carlos, “Onze Sambas e uma Capoeira”) fazia tal sucesso
que o Carlos só cantava noite adiantada para segurar a freguesia. Então no
“Jogral” vários artistas se apresentaram em temporada mais curtas ou mais
longas e se revezavam com o Carlos. Adauto Santos ficou praticamente todos os
anos da fase da Galeria e afastou-se apenas por algumas semanas, aliciado pelo
bar vizinho, pois o “Jogral” fez escola rapidamente.
Cantaram
também no “Jogral” em períodos diversos Emílio Escobar – que ás vezes rompia
com Carlos, afastava-se e depois voltava – Cláudia Morena, também em várias
ocasiões. Expedito Baracho, que fazia com Carlos um número de extraordinário
interesse, cantando, da literatura de cordel, Chegada de Lampião no Inferno,
acompanhados de violão e viola. Válter Santos e Teresa Sousa eram também muito
amigos de Carlos mas apareciam pouco no “Jogral”.
Outros
frequentadores que marcaram essa primeira fase do “Jogral” são Antônio
Martinelli, contador de anedotas impagável e improvisador habilíssimo. Certa
vez, num desafio do qual participavam Martinelli, Carlos Paraná e outros dos
quais não me recordo, a certa altura, na escalada habitual de provocações como
é hábito nos desafios, tudo, evidentemente para fazer rir, Carlos disse: “Agora
vamos para a mãe”, isso depois que todos os parentes dos três sexos do
adversário já tinham recebido todas as injúrias possíveis. E fez um verso
atingindo fundamente a probidade sexual da mãe de Martinelli. Estava com ele um
comerciante sírio do interior, seu amigo que indignado, botou a mão na cinta
para puxar o revólver que trazia e defender a honra da mãe do Martinelli. Foi
uma luta convencer o homem de que tudo era brincadeira.
Outro frequentador habitual e também improvisador estupendo era Audálio Dantas, essa figura rara de inteligência, coerência e caráter, o “Presidente Dantas” como os jornalistas o chamam. Lembro-me ainda de Luís Vergueiro, Reinaldo Rizzo e Maria Teresa, Ana Maria e Eduardo Alim, Capitão Melquíades, Eduardo Leopoldo e Silva, Leo Karan e Tonicão – que cantava e era compositor. Lembro-me ainda de Fernando Pessoa, o poeta, mas não o português.
Logo
o “Jogral” revelou-se bom negócio, para surpresa de todos. E isto se deveu não
apenas ao seu papel pioneiro em termos de valorização de cultura brasileira e
de válvula para indignação pela imposição da música estrangeira de má
qualidade, mas também à habilidade e seriedade comercial de Carlos Paraná. Nessa
época, eu ia ao “Jogral” quase todas as noites e acompanhava sua evolução com o
maior interesse. E lembro-me que, cada semana que passava, o movimento
aumentava e nas sextas-feiras batia records, e se tornou notícia frequente que
o Carlos me dava no sábado: “Ontem foi o record das sextas-feiras”.
Cerca de alguns meses depois de fundado o “Jogral”, Mike, seu sócio, rompeu com a namorada, que era amiga do Carlos, certamente em boa parte responsável pelo apoio que ele houvera recebido. Suas relações com o sócio eram boas, mas Carlos um dia me confessou o seu constrangimento em ter um sócio com o qual já não tinha nenhuma relação que justificasse a situação. Convidou-me, então, para substituir o Mike na sociedade, comprando sua parte. Eu não aceitei, porque não via cabimento na minha participação em um negócio árduo, no qual o Carlos trocava o dia pela noite, e nessa troca sempre se sai perdendo, porque a noite foi inventada exatamente para a gente dormir. Mais ainda, o sucesso do “Jogral” era devido principalmente ao talento e à seriedade do Carlos, eu não me sentiria à vontade se fosse seu sócio. Aceitei apenas ter uma participação simbólica, de uma quota em cem, para o Carlos poder fazer a alteração do contrato social, e emprestei dinheiro para ele comprar a parte do Mike. Um ano depois, quando ele me pagou, insistiu para pagar juros, eu não aceitei, e mais tarde recebi em moeda, para mim muito mais importante. Maria Antônia continuou como avalista, ela foi talvez a amiga mais fiel e generosa que Carlos teve em sua vida.
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