Quando comecei a faculdade de jornalismo, meu sonho era ser crítico de cinema. Queria ser como um crítico aqui de São Paulo. Hoje, continuo respeitando ele, o cara escreve muito bem e tem grande conhecimento. Mas pra mim, ele não passa de um “falso paulista” de galochas (outra hora explico isso: é algo em Éder Jofre/Germano Mathias way of life).
E profissionalmente fui topando o que apareceu: transporte de carga terrestre (leia-se caminhão), comunidade japonesa e agora jornalismo regional. Durante esse período, fui fazendo muita coisa sobre cinema, principalmente na Zingu. Creio que foi legal, mas acho que ganhei muito pouco pelo tempo e trabalho investidos. A verdade é que não existe público pra crítica cultural e cinematográfica no Brasil. Alguns dados divulgados pelo Ministério da Cultura são interessantes:
- 93% dos brasileiros nunca foram a uma exposição de arte
- 92% dos brasileiros nunca entraram em um cinema- 80% dos brasileiros nunca foram a um espetáculo de dança
- 17% dos brasileiros compram livros
- 13% dos brasileiros vão ao cinema mais de uma vez por semana.
Vivemos num verdadeiro apartheid cultural. E eu, sinceramente, não vou ser papagaio de pirata de uma minoria. Dessa elite minoria metida a estrangeira e que odeia o popular. Desses intelectuais medíocres que cultuam os Estados Unidos e a França, que lêem Diogo Mainardi.
Vou escrever sobre coisa popular. Sobre música brega e vulgar, Mazzaropi, Nelson Gonçalves, rádio AM, boxe, futebol, ex-jogador. Não tenho vergonha de ser brasileiro, paulista, palmeirense e nelsista. Eu tenho é muito orgulho disso tudo. Meus ídolos não são os estrangeiros. Meus ídolos são Tonico e Tinoco, Milton Neves, Ed Villa, Zancopé Simões, João Antônio Ferreira Filho.
Muita gente me pergunta se eu me arrependo de estar meio afastado da Zingu, da “crítica cinematográfica“, do circuito de arte dos cinemas. Eu estou é me lixando pra tudo isso. Dane-se. Agora tenho mais tempo e nenhum intelectual fica falando besteira na minha cabeça. Não preciso fazer média. Sinceramente: não estou nem aí para o futuro da “cultura cinematográfica”, pra crítica de cinema. Estou mais preocupado se o Palmeiras vai ser mesmo campeão brasileiro ou não.
Quero ser mais um na multidão. Só isso. Isso é o chamado desaculturado total. Mas isso é assunto pra outra hora também.
As fotos:
Capa do disco Simão e Sabino- Vol 1 da dupla Simão e Sabino
Time do Tanabi, que foi vice-campeão da 3º divisão de São Paulo em 1980
Capa do disco Quarto de Motel da dupla Garcia e Zé Matão
As fotos:
Capa do disco Simão e Sabino- Vol 1 da dupla Simão e Sabino
Time do Tanabi, que foi vice-campeão da 3º divisão de São Paulo em 1980
Capa do disco Quarto de Motel da dupla Garcia e Zé Matão
5 comentários:
Caro Matheus Trunk,
Estou convicto que sua saida da Zingu! foi fruto de uma articulação das grandes distribuidoras americas junto a anssini, cuidado com os americanos! acredito que até a casa branca esta metida nisso.
Se precisar de asilo fale comigo, tenho amigos em Caracas e posso arrumar uma vaga para você na embaixada brasileira em Honduras.
Sem mais delongas
Manoel Zé'Laia.
Grande Zelaia: será uma honra conhecê-lo, sou seu admirador. Será muito legal conhecer Teguacigalpa, me diz uma coisa lá tem cassino? Aguardo um contato formal seu, forte abraço.
Matheus Trunk
www.violaosardinhaepao.blogspot.com
Porra Milton Neves não dá hein, e quanto a porcada, sei não hein... estão dando uma vaciladas a la década( perdida)de 80.
No mais to contigo e não abro.
Julio Castas
É Matheus este post dá o que pensar... Já notou que a Folha, Estadão, Veja, Época, Carta Capital, Caros Amigos, Playboy, Placar, e centenas de outros jornais e revistas não falam sobre música brega e música sertaneja ? Mas nas raras vezes que eles abordam o assunto ou é para falar mal ou fazer "crítica sociológica" tentando explicar sucessos como o do Calypso por exemplo...
A verdadeira música brega que eu conheço é a sertaneja - Não curto,mesmo sendo caipira da roça.
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