“Não há uma zona de meretrício neste país que não tenha uma pilha de discos meus. Isso não me envergonha. Eu canto mesmo em qualquer lugar: em Londrina estive na casa da Selma, onde me ouviram mais de cem mulheres”
O locutor Fiori Gigliotti se tornou famoso em todo Brasil pelo seu carisma e talento. A humildade era outra de suas notáveis qualidades. O livro Os Donos do Espetáculo- Histórias da Imprensa Esportiva do Brasil de autoria do jornalista André Ribeiro faz um interessante resgate de todo o histórico da imprensa esportiva brasileira.
Reuni aqui todas as passagens da obra em que o locutor de Barra Bonita é citado por Ribeiro. Trata-se de uma cronologia que compreende praticamente toda a trajetória da carreira e da vida de Fiori Gigliotti, homenageado do blog Violão, Sardinha e Pão neste mês de junho. Espero que os leitores gostem e possam aprender um pouco mais sobre a carreira de Fiori.
Fiori: O dono do espetáculo
Por André Ribeiro
1956-1960
Confrontar o poderio das estrelas significava, no mínimo, estar distante dos holofotes, é em muitos casos demissão.
Fiori Gigliotti, por exemplo, preferiu deixar a Rádio Bandeirantes, onde trabalhava havia seis anos, porque sabia que com Pedro Luiz não teria espaço para trabalhar: “Para ser sincero, nunca me dei bem com o Pedro. Sabia que com ele na Bandeirantes não iria para a frente”.
A decisão de trocar a Bandeirantes pela Panamericana não seria tão simples assim. Fiori, descoberta do interior, na cidade de Lins, em 1947, era uma das maiores revelações dos últimos tempos do rádio esportivo de São Paulo. Como sabia que não teria espaço entre as feras Edson Leite e Pedro Luiz, decidiu criar estilo próprio para as narrações. Com o tempo, surgiram os bordões: “Abrem-se as cortinas, começa o espetáculo”, ou “balão subindo, balão descendo”.
Longe do comando das principais transmissões, Fiori comandou e participou de programas jornalísticos históricos, como Marcha do Esporte, Movietone Esportivo e o mais famoso de todos, o Cantinho da Saudade, em que fazia espécies de poemas dedicados a craques do passado.
Disposta a não perder de mão beijada sua maior revelação para a concorrência, a Bandeirantes decidiu impor uma multa contratual para complicar a vida do narrador, fato incomum entre as emissoras da época. Fiori informou a Paulo Machado de Carvalho Filho, diretor da Panamericana, sobre a exigência, e já se conformava com um possível cancelamento de sua contratação. Mas, surpreendentemente, seu novo patrão decidiu aceitar a provocação: “Paulinho não se preocupou nem um pouco com a multa que era bastante alta para a época. Chamou o chefe de seu departamento administrativo e pediu para que arrumasse 250 notas de um cruzeiro, valor da multa que a Bandeirantes cobrava. Ele chegou para mim e disse que eu teria de levar aquele saco enorme de dinheiro para pagar a multa. Queria ter o prazer de fazer os caras da Bandeirantes contarem tim-tim por tim-tim. Murilo Leite fico uma fera. Chamou o tesoureiro para contar o dinheiro e o negócio foi feito”.
Na Panamericana, Fiori trabalharia durante os cinco anos seguintes ao lado de Nelson Spinelli, José Carlos Silva, Octávio Muniz, Salém Júnior, Aníbal Fonseca e do comentarista e ex-craque da Seleção Brasileira Leônidas da Silva. O sucesso estava apenas começando. Alguns anos depois, retornaria à Bandeirantes, onde atingiria a espantosa marca de 16 mil jogos narrados pelo Brasil e por mais de cem países ao redor do mundo.
Com a chegada de Fiori à Panamericana, Geraldo José de Almeida era obrigado a trocar o rádio pela TV Record, empresa do mesmo grupo pertencente a Paulo Machado de Carvalho.
1961-1965
A saída de Edson Leite da Bandeirantes provocou uma revolução no rádio esportivo paulistano. Pedro Luiz deixou a Bandeirantes para formar uma das equipes mais tradicionais do rádio esportivo brasileiro: a equipe 1040 da Tupi. Fiori Gigliotti, que acabara de narrar sua primeira Copa do Mundo pela Panamericana, foi para o lugar de Pedro, como principal locutor da emissora: “A proposta do Murilo Leite era irrecusável. Fui ganhando três ou quatro vezes mais do que na Panamericana, que estava em crise. Foi a partir desse momento que minha carreira decolou. Passei a ter dinheiro para comprar imóveis no interior, ter casa própria, carro”.
Fiori, como novo chefe da equipe esportiva da Bandeirantes, teve de buscar novos nomes no mercado. De Araraquara, interior do estado, trouxe o repórter Roberto Silva, que em pouco tempo ganharia o apelido de “Olho vivo”. Flávio Araújo, Luís Aguiar, Luís Augusto Maltoni, Ênio Rodrigues e Ethel Rodrigues passaram a ficar conhecidos como o “scratch do rádio”.
Mauro Pinheiro, que tinha começado no jornalismo carioca, mas se tornou famoso na Bandeirantes pelo conhecimento que demonstrava sobre o mundo do futebol, era o “intelectual” da equipe. Baixinho e gordinho, o suíço nascido na cidade de Berna só andava vestido de forma impecável, com seus ternos, gravatas e coletes. O charuto era outro adereço inseparável. Não foi à toa que ganhou o apelido de “Comendador”, substituído depois por “Senador da República”. Em 1974, tornou-se o primeiro presidente da Abrace, Associação Brasileira dos Cronistas Esportivos.
1966-1970
Sobre a Copa de 70:
No rádio, a Bandeirantes formou pool com a Pan e a Nacional de São Paulo. Pela Band narravam Fiori e Flávio Araújo, com comentários de Mauro Pinheiro e reportagens de Roberto Silva. Pela Nacional, Pedro Luiz e Marco Antônio Matos, com comentários de Mário Moraes e reportagens de Juarez Soares. Pela Pan, apenas Joseval Peixoto como narrador, com comentários de Cláudio Carsughi e reportagem de Geraldo Blota.
1976-1980
O que sacudiu para sempre o mercado de contratações do rádio esportivo na década de 1970, porém, foi a compra do passe, a peso de ouro, de Osmar Santos pela Rádio Globo. Para tirá-lo da Jovem Pan, a emissora global decidiu pagar 300 mil cruzeiros mensais, salário jamais oferecido a qualquer outro profissional da imprensa esportiva brasileira, pelo menos até aquele momento.
A contratação de Osmar acabou provocando um “efeito cascata” em todo o mercado. Fiori Gigliotti, da Bandeirantes, chegou a ser arrancado da cama para assinar um novo contrato: “Eu estava de pijama na minha casa quando quatro pessoas da Rádio Tupi, entre elas Luís Aguiar, pegaram minha roupa e disseram que eu tinha de ir para a Tupi assinar um contrato milionário. Me davam o dobro que eu ganhava na Bandeirantes e mais um carro Alfa-Romeo zero quilômetro. Com proposta assim não pude recusar. Assinei, mas João Saad (dono da Bandeirantes) me chamou em sua sala e disse que cobriria a proposta da Tupi. O aspecto jurídico era para deixar com eles. Não sei como, mas em poucos dias, mesmo já tendo assinado com a Tupi, continuei na Bandeirantes com um ótimo salário”.
Para segurar sua maior estrela, a Bandeirantes teve de pegar salário superior ao de craques que jogavam na época e até mesmo de alguns galãs de televisão. Fiori passou a ganhar mais do que os 300 mil de Osmar na Globo.
Para os que achavam muito, a explicação é simples: as emissoras também faturavam alto com o patrocínio das transmissões e da grade de programação esportiva. Na Globo, a chegada de Osmar permitiu a venda de uma única cota de publicidade por 350 mil cruzeiros. A Bandeirantes faturava quase 4 milhões de cruzeiros por mês, grande parte graças ao gogó de Fiori Gigliotti.
(...) Fiori Gigliotti recebeu como missão do proprietário da Rede Bandeirantes procurar o presidente do Corinthians, Vicente Matheus, para conseguir 120 metros de tubulações especiais de concreto para poder transferir seus transmissores do bairro de Vila das Mercês para a cidade de Diadema. A obra era muito cara, e a tarefa de Fiori era convencer a empresa de Matheus a fazer um preço camarada ou, na pior das hipóteses, a aceitar uma permuta comercial na emissora.
Fiori Gigliotti partiu para o encontro com o empresário e saiu de lá surpreso com sua resposta: “Não preciso de permuta nenhuma. Acho que a Bandeirantes não tem ideia de quanto custa o que você está me pedindo. Sabe quanto custa? 10 mil dólares. Mas vamos fazer o seguinte. Vou fazer de graça porque gosto muito do seu trabalho, e você cobra da Bandeirantes o que quiser”.
O narrador voltou à emissora e relatou o resultado de seu encontro com Matheus, e é claro que a Bandeirantes adorou o negócio. Só Fiori que não: “Nem obrigado me deram. O que custava me darem uma comissão pelo trabalho? Na verdade, fazia esse tipo de intermediação pensando no meu futuro na emissora. Garantiam para mim que quando me aposentasse dos microfones teria um cargo diretivo, mas mais tarde o que aconteceu não foi nada disso, para minha decepção”.
A lembrança desse episódio de Fiori leva a um questionamento: ele não levou nada, mas e outros teriam recebido presentes semelhantes? Resposta para isso talvez jamais pudesse ser obtida. Mas a década de 1980, apenas começando, estava prestes a abrir uma verdadeira caixa de Pandora do futebol brasileiro.
1991-1996
O detalhe importante de toda essa polêmica é que as empresas de comunicação, rádio ou tevê, costumavam fazer “vistas grossas” para essa situação, até porque eram elas as principais beneficiadas. Em muitos casos, como o do falecido veterano Fiori Gigliotti- que buscou centenas de patrocinadores para a manutenção da programação esportiva do rádio na Bandeirantes-, participar dessas negociatas não era garantia para terminar a carreira milionário ou para obter o devido reconhecimento.
Em janeiro de 1996, após quase quarenta anos de dedicação exclusiva à emissora, sua saída se transformou em pesadelo: “Nunca fui ambicioso. Você não pode gostar muito da empresa onde trabalha. Nunca fui um profissional que defendesse os meus interesses. Sempre pensei no grupo, na minha equipe. Só não fiquei rico na minha profissão porque a Bandeirantes foi sempre ingrata comigo. Foi ingrata até na hora de eu sair, até no acerto de contas. Minha mágoa com eles é o acerto de contas. Ela me deu tudo que eu tenho na vida. Mas e o que eu dei para ela? Só para ilustrar um dos tantos casos de ingratidão, recordo que em determinado ano a Assembléia Legislativa de São Paulo iria votar um projeto que aumentava em 18% a cobrança de impostos para todos os veículos de comunicação do estado. Os donos da Bandeirantes alegaram que com meu prestígio junto aos “meus amigos políticos” eu poderia evitar um corte em diversos veículos na ordem de 50%. Comprei a briga e passei vários dias fazendo lobby com diversos políticos ligados ao futebol, até chegar o dia da votação em plenário. Ás 3 horas e 40 minutos da madrugada, a Assembléia engavetou o projeto. Liguei para a rádio, e o Johnny Saad ainda estava na emissora aguardando o resultado da votação. Ficaram eufóricos. No dia seguinte, nem “muito obrigado”. O que quero dizer é que por tudo isso que fiz por eles imaginava um tratamento diferente na minha saída”.
Talvez por finais idênticos aos de Fiori, outros jornalistas famosos preferiram abandonar o jornalismo esportivo, acharam melhor enterrar o passado da cobertura em estádios e redações para se dedicar ao mundo dos negócios esportivos. Mas perceberam que o novo caminho não seria tão tranquilo. Outros preferiram manter a dupla jornada e enfrentaram a patrulha incessante dos próprios companheiros de profissão.
Passagens publicadas originalmente em Os Donos do Espetáculo- Histórias da Imprensa Esportiva do Brasil, de André Ribeiro, editora Terceiro Nome, São Paulo, 2007.
Os locutores da Copa afinam as vozes e aguçam a imaginação para contar ao Brasil a grande conquista (Deus os ouça) do tetracampeonato mundial
O Estádio Azteca, na cidade do México, está apinhado de gente neste domingo, 29 de julho de 1986. Disputa-se a final da 13º Copa do Mndo. De um lado, a Seleção Brasileira. Do outro... bem, do outro lado não importa, porque, em final de Copa, o que é adversário vira inimigo. O Brasil joga demais. Edinho é o leão da defesa; Cerezo e o velho Dirceu estão por toda a parte; Zico e Júnior exibem a conhecida categoria; Müller e Casagrande disputam, alegremente, a artilharia do Mundial. A equipe não lembra, bem de leve, aquele time macambúzio da fase de preparação.
Ninguém duvida: a Seleção Brasileira caminha para seu quarto título mundial. É neste momento que um seleto grupo de homens terá uma missão mais que especial. Eles vão contar à pátria-mãe como é que o Brasil foi tetra. São as vozes da Copa.
Nesse exato instante, o narrador Osmar Santos estará realizando um sonho acalentado desde 1974, na Alemanha, quando trabalhou em seu primeiro Mundial ainda pelo microfone da Rádio Jovem Pan, de São Paulo. Osmar, que transmitiu as duas Copas seguintes pela também paulista Rádio Globo, está agora em outro veículo de comunicação eletrônica. Ele é a voz da poderosa Rede Globo de Televisão.
APELIDO DE HERÓI- “No dia em que formos tetra, usarei minha veia emocional para dizer tudo o que for mais bonito”, sonha Osmar. “Será o clima do momento, mas que valerá por uma eternidade”. De uma coisa o vibrante e criativo narrador tem certeza: sentirá mais emoção do que quando subiu aos palanques das diretas ou transmitiu o sprint de Joaquim Cruz rumo à medalha de ouro olímpica dos 800 m, há dois anos, em Los Angeles. Até lá, ele espera que o telespectador já esteja familiarizado com os apelidos que deu aos futuros heróis como o “Menino-Emoção” Casagrande, “Galinho Mágico” Zico e a “Elegância Brasileira” Falvão.
Ao contrário de Osmar Santos, o veterano Fiori Gigliotti, da Rádio Bandeirantes, de São Paulo, já viveu uma grande conquista brasileira. Aos 57 anos, o titular da “Cadeia Verde e Amarela, norte e sul do Brasil” transmitiu sua primeira Copa em 1962, no Chile, quando a Seleção ganhou sua segunda Jules Rimet. Fiori tenciona enfeitar mais que nunca – mais do que quando, em dias bonitos, informa os ouvintes de que “o céu se vestiu de azul”. E pretende rechear suas transmissões de mensagens patrióticas. “Será um tetra dedicado à juventude carente, que ainda não teve a sensação de comemorar uma Copa”, prevê. “Servirá para o jovem se tornar mais patriota”, acredita ele, que, como pano de fundo de suas narrações, usará a canção Verde e Amarelo, de Roberto e Erasmo Carlos.
Fiori já tem na sua ponta de língua o discurso do grande dia: “Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo, torcida brasileira. Brasil tetracampeão. Explode, coração! Dezesseis anos depois, a juventude brasileira se alegra, abre um sorriso verde e amarelo. Os velhos se renovam e o Brasil tetracampeão se fortalece. Aguenta coração!”
“Choveu na horta do Brasil, deixa comigo”. Em princípio, é assim que outro veterano, Waldir Amaral, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, pretende contar que o Brasil chegou ao tetra. Esta será a nona Copa do autodenominado “mais categorizado locutor esportivo do país”. Waldir, que estreou vendo a máquina húngara passar por cima do Brasil, em 1954, na Suíça – mas que foi testemunha de 1958, 1962 e 1970 –, transmitirá o Mundial para 135 emissoras. Ele pretende começar com o pé direito, já no dia 1º de junho, data da estréia brasileira, berrando para o éter o mais conhecido de seus jargões: “Tem peixe na reeede” Da Espanha, naturalmente.
BORDÕES FAMOSOS- Já o locutor José Carlos Araújo, o “Garotinho” da Rádio Globo do Rio, não vê motivo para grandes invenções no dia do triunfo. Ele acredita que sua linguagem se identifica de tal modo com seu público que, a esta altura, seria até contraproducente qualquer inovação. Desta maneira, cada gol do Brasil será por ele identificado com o conhecido “Entrou...” – o mais famoso dos bordões de seu repertório.
Em Belo Horizonte, o locutor Willy Gonser, titular da Rádio Itatiaia, líder de audiência em Minas Gerais, diz-se contra as frases feitas. “Sou da escola do Pedro Luiz (atualmente diretor da Rádio Gazeta, de São Paulo) e, por isso, minha base será a improvisação”, promete. “Vou falar o que viver na cabeça”, avisa, ressalvando que “o narrador deve utilizar um vasto vocabulário para aumentar o nível do ouvinte”.
Na Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, dois estilos absolutamente opostos terão a incumbência de contar os feitos da Seleção: o sóbrio, de Armindo Antônio Ranzolin, e o enfeitado, de Haroldo de Souza. Desde já, o primeiro avisa que estará preocupado com os aspectos técnicos e jornalísticos da campanha do tetra. “Alguma novidade que os ouvintes venham a perceber será fruto da inspiração do momento”, explica Ranzolin. Enquanto isso, seu companheiro Haroldo de Souza tem pronta, pelo menos, uma expressão a ser usada nas vitórias do Brasil: “É tique no taque e taque no tique”. “Dito assim não tem graça, mas vai funcionar para criar um clima de suspense”, espera Haroldo.
O pernambucano Roberto Queiroz, da Rádio Jornal do Commercio, do Recife, ainda não preparou qualquer texto especial para o grande momento. “Não costumo fazer isso”, argumenta. “O que vem é espontâneo, criado pela própria emoção.” O rádio, enfim, como se sabe, é aquele veículo mágico que faz o torcedor imaginar lances fascinantes.
A televisão, por contar com o testemunho da imagem, é bem mais cruel. Talvez por isso, quem virar o televisor em direção da Rede Bandeirantes verá o competente Luciano do Valle tratando o tetra como algo que a torcida não esperava. “Essa conquista confirmará que Deus é um brasileiro fanático. Só ele mesmo será capaz de empurrar nossa Seleção”, afirma Luciano, que narrará sua quarta Copa.
IBOPE DE ASTRONAUTA- Quatro anos atrás, quando ainda era titular da Rede Globo, Luciano sentiu-se tão importante quanto os astronautas norte-americanos que, pela primeira vez, pisaram o solo lunar, em 1969. “No jogo Brasil X Escócia, o índice de audiência chegou a 92%. Isso representa umas 80 milhões de pessoas”, orgulha-se. “Depois que o homem pisou na Lua, este tinha sido o maior índice conseguido por uma emissora brasileira.”
Nesta sua primeira Copa em casa nova, Luciano terá a coadjuvá-lo três celebridades do Mundial de 1970: Rivelino, Clodoaldo e Pelé. O locutor joga confete em seu trio de comentaristas, mas em particular, elogia o novo timbre de voz de Rivelino.
Esta será a estreia da Rede Manchete em Copas do Mundo. O narrador titular é o sóbrio Paulo Stein, que terá como coadjuvantes os comentaristas Márcio Guedes e João Saldanha. As transmissões não terão um tom ufanista. “Somos a favor de realçar a informação, o aspecto puramente jornalístico”, diz Stein, advertindo que não sabe ser engraçado – “bem que eu gostaria, mas não é do meu feitio”. Caso o Brasil chegue ao título, ele sabe que será levado pela emoção. “Mas nunca relegando a razão a um segundo plano”, afirma. “Teremos o prazer de elogiar os 11, porque com um ou dois só não alcançaremos o tetra”, completa o consagrado Saldanha.
“O SMOKING DA GLOBO”- “Se eu puder, entro em campo para comemorar o tetra ao lado dos jogadores.” Este aviso não soa estranho quando parte de Sílvio Luiz Perez Machado de Souza, a voz do pool SBT-Record. Como sempre, ele estará longe do alcance de qualquer padrão mais ortodoxo. Irreverente, malicioso e, por vezes, gaiato, Sílvio jamais entra numa transmissão sem num bom estoque de piadas.
Em frente ao microfone, este ex-juiz de futebol, de 51 anos, procura fazer as vezes do torcedor. “Uso a linguagem do povo e não vou mudar”, adverte Sílvio. “Quem pensou em mudanças foi a Globo, ordenando que seu pessoal tirasse o smoking e descontraísse no ar”, alfineta.
Sílvio Luiz, de qualquer modo, está atento a inovações. Recentemente, patenteou frases como “pelas barbas do profeta” ou “pelo amor dos meus filinhos”. Para junho, promete novidades que, por ora, andam guardadas a sete chaves. Está seguro de que conseguirá bons índices de audiência. Em 1982, na Espanha, ele só conseguiu transmitir a Copa pelas ondas médias e de FM da Rádio Record. Foi uma aventura quixotesca contra a exclusividade da Globo. “Tire o som de seu televisor e ouça a Rádio Record”, apelava, naqueles dias magros.
Agora, porém, Sílvio terá som e imagem para seu jeitão debochado. “Existe coisa mais positiva que samba, mulher e futebol?”, pergunta. E promete pular, cantar e chorar de alegria com os torcedores. “Afinal, eu sou povo”, concluí. O povo espera a mesma coisa. Não importa, como diria o peladeiro costumaz Chico Buarque de Holanda, a voz do dono ou o dono da voz.
Publicado originalmente na revista Placar número 832 em 05 de maio de 1986
Gigante do jornalismo esportivo brasileiro, Fiori Gigliotti tornou-se famoso do grande público por conta de seus bordões. Talvez por conta disso, um jogo de futebol narrado pelo locutor do escrete do rádio era um verdadeiro espetáculo. Listei aqui seis bordões clássicos utilizados pelo mestre Fiori durante toda sua carreira.
Abrem-se as cortinas, começa o espetáculo- Prefixo utilizado pelo locutor no momento que o jogo se inicia. Nenhum narrador tevecoragem de copiar este bordão, porque ele seria considerado um copiador do estilo de Fiori.
Agüeeeeenta Coração- Bordão clássico que foi copiado por diversos outros narradores. Galvão Bueno da Rede Globo sempre repete este prefixo em um momento decisivo do prélio.
Crepuuuuuúsculo de Jogo- Quando uma partida está se deslocando para seu crepúsculo, ela está se encerrando.
Fecham-se as cortinas, termina o espetáculo- “Abrem-se as cortinas, começa o espetáculo” era utilizado quando a partida se iniciava e este quando o jogo terminava. Sempre quando se fala em Fiori este bordão é lembrado.
O teeeeempo passa- Prefixo usado nos momentos em que o locutor dava o tempo e o placar da partida.
Torcida brasileira brasileira, carinhosamente, boa tarde- Além de grande narrador, Fiori era um homem patriota. Por isso, ele sempre tratava seus ouvintes como “torcida brasileira”.
Transmitiu Copas, viveu grandes decisões. Mas o maior elogio que alguém pode fazer a Fiori Gigliotti é chamá-lo de caipira.
30 ANOS DE ESPETÁCULO
Por João Areosa
O gol do negro Parafuso, num remoto e acirrado jogo do interior, foi o começo de tudo. Depois, a voz anasalada passou a varar as ondas radiofônicas, conquistando audiência e uma comovente amizade entre locutor e ouvinte. Hoje, aos 48 anos, Fiori Gigliotti mantém o mesmo entusiasmo dos 18, quando o rádio esportivo ganhava novas cores.
Placar- Pra começar, nome, local de nascimento, enfim a chamada ficha técnica.
Fiori- Por ser de origem italiana, ganhei o nome de Fiori Gigliotit, escreve-se Gigliotti, mas se pronuncia Gilliott. Nasci em Barra Bonita, interior de São Paulo, a 27 de setembro de 1928, filho de seu Ângelo e dona Rosária. Mudei-me para Lins com quatro anos mais ou menos, na época da revolução de 32, e morei naquela cidade durante 20 anos. Vivi uma infância bem vivida, uma infância de moleque, moleque de estilingue, moleque de andar descalço, de formar aqueles grupinhos que brincavam todos os tipos de brincadeiras daquela época. Infância que infelizmente está morrendo, esmagada pelo alto preço do progresso.
Placar- Você parece um sujeito muito ligado ao interior. Tem-se a impressão de que, se alguém o chamar de caipira, receberá “muito obrigado” em troca.
Fiori- Ah, sou mesmo um homem do interior. Vivo em São Paulo, mas vivo em São Paulo com o interior no meu coração, na minha própria formação. E me chamando de caboclo ou de caipira, estão é me elogiando mesmo.
Placar- E como foi o seu começo? Como você sentiu que dava para o rádio?
Fiori- Bom, eu tive que me virar muito cedo, pois tinha 12 anos quando perdi meu pai, a quem era muito ligado; eu tinha loucura por ele. Passei a engraxar sapatos, a vender jornal, a trabalhar em casa de tecidos. Fui parar no jornal Correio de Lins, limpando a sala, fazendo cobrança, ajudando o pessoal de lá na luta pela sobrevivência do jornal. De repente, me vi fazendo notinhas sociais e entrando aos poucos nos assuntos esportivos. Passei a escrever um programa para a rádio de Lins, mas outros é que o liam no microfone, uma turma que não gostava muito de futebol e que, por isso, lia mal, um programa sem vida. Aí comecei a pegar no pé do diretor, porque eu queria ler o programa, desejava apresentá-lo de outra forma. Mas eles vinham com aquela mania: “Mas você nunca trabalhou em rádio, não possui experiência”. E eu: “Ué, mas quem trabalha hoje nunca havia trabalhado antes de começar! Então, estou aqui atrás da chance de começar”. Venci pelo cansaço e daí nasceu minha carreira de homem de rádio. Mais tarde, passei a apresentar também programas caipiras, fazia programas românticos, limpava a rádio, era corretor de anúncios.
Placar- E como nasceu o locutor?
Fiori- Faço questão de apontar aqui o apoio que recebi de Ramiro Vieira. Esse acreditou de imediato, me deu apoio: “Vai em frente que tudo dará certo”. E no dia 26 de maio de 1947, com 19 anos, eu estreei como locutor. O Linense ganhou do São Paulo de Araçatuba por 1 a 0, gol de um crioulão cumprido chamado Parafuso.
Placar- Você imitava algum locutor famoso, sofreu influência na sua forma de narrar?
Fiori- Ah, sofri sim. Do Rebelo Júnior e do Pedro Luís. Então, o meu gol sempre foi um gol ao estilo do Rebelo, um gol cumprido. E a forma de irradiar também. Eu apresentava aquele começo pausado e depois buscava o crescendo, características do Rebelo, ao passo que o Pedro Luís corria demais atrás da bola, sua preocupação era mais a bola do que qualquer detalhe. O Pedro era mais ou menos assim (Fiori o imita, narração rapidíssima): “Bandeirantes de São Paulo transmitindo Corinthians e Palmeiras. Domina a situação lá pela direita Toninho, dá para Rosemiro, Rosemiro faz o passe...” Já o Rebelo falava mais pausado (nova imitação): “Domina tranquilamente a defesa alviverde, prende a bola lá atrás Mário Sotto, solta o couto na linha intermediária para Rosemiro, este faz um passe bonito ao meio-campista que é Vasconcelos...” Então, ele começava tranquilo lá atrás e na medida em que a bola ia se aproximando da meta adversária, é que ele crescia. Isso ficava muito bonito em rádio, entendeu? Além do mais, o Rebelo era o locutor da época, pois a onda da Tupi penetrava muito mais do que a da Gazeta. E veja você que depois, por ironia do destino, eu vim trabalhar com o Pedro na Bandeirantes, indo para a Pan-Americana ocupar um lugar que era dele, retornando a Bandeirantes para uma vaga que também pertenceu ao Pedro Luís. Com o Rebelo aconteceu um negócio incrível. Fiz uma amizade tão grande com o Rebelo, que foi minha inspiração, e acabei sendo o encarregado de fazer a oração de beira de túmulo por ocasião de sua morte.
Placar- E a vinda para São Paulo, como aconteceu?
Fiori- Em fevereiro de 1952 fui chamado, através do Édson Leite, para um teste. Jogavam Santos e Seleção Paulista, na Vila Belmiro, um jogo-treino. Graças a Deus, tive sorte e fiz contrato, mas para começar a trabalhar só em julho, pois não podia abandonar de repente meus compromissos particulares e a rádio em Lins. Mas, antes disso, fiquei nove meses na Rádio Cultura de Araçatuba e trabalhei dois anos na fase de montagem da Rádio Clube de Birigui, sempre apresentando também programas sertanejos. Além disso, eu cantava, gostava de fazer serenata. Cantava músicas do Nelson Gonçalves, do Lúcio Alves, do Dick Farney. E apresentava dois programas românticos: O Crepúsculo Romântico e Quando Fala O Coração. Tinha também hora de calouros, essas coisas rodas.
Placar- E como surgiu o seu próprio estilo de narração, ou seja, como você foi se liberando das imitações e das influências dos locutores mais famosos?
Fiori- À medida que fui ganhando alguma projeção, senti que tinha que jogar uma cartada, pois, se continuasse a imitar o Pedro Luís e o Rebelo Júnior, eu seria apenas um locutor entre tantos outros que faziam o mesmo. Então, mudei completamente a terminologia do rádio esportivo. Por exemplo, todo mundo falava: “Amigos ouvintes ou senhores e senhoras”. Então, passei a falar “torcida brasileira”. Torcida brasileira, boa tarde. Você pode reparar que, quando o goleiro pegava na bola, todo mundo dizia: “Abraça, pega firme”. Mudei para: “seguura com firmeza”. Quando há um levantamento de bola, o locutor normalmente fala: “Prepara o centro, vai centrar, olha o chuveirinho, atenção...” Mudei para “balão subindo, balão descendo”. Digo “amortece no peito e põe na grama”. A maioria diz: “Mata no peito e baixa na terra”, como era o caso do falecido Geraldo José de Almeida. E tem aquele tratamento carinho que dou prestigiando as cidades do interior, prestigiando os amigos, prestigiando principalmente os estudantes, pois cheguei à conclusão de que a narração esportiva não pode ser exclusivamente a preocupação do locutor em correr atrás da bola. Honestamente, acho que isso maltrata o ouvinte. É preciso suavizar o impacto que o futebol provoca em quem estiver ouvindo uma transmissão.
Placar- Daí que antes de cada partida você faz questão de criar as mais diversas imagens, chegando inclusive a detalhes, notadamente meteorológicos.
Fiori- É verdade (e Fiori demonstra como abriria um jogo numa tarde de sol). Torcida brasileira, carinhosamente boa tarde. Esta é uma tarde azul, uma tarde de festa, sol brilhando, algumas nuvens brancas desfilando na passarela do céu, enfeitando o cenário, dando-nos exatamente a imagem mais bela para um acontecimento maravilhoso, misturando com as emoções do futebol. Agora, quando o tempo não está bom, quando o céu está meio trancado, todo mundo diz “tarde feia”. Aí eu mudei: “Céu carrancuuudo, torcida brasileira”.
Placar- Já que é hora de demonstrações, como você abriria um jogo decisivo entre Corinthians e Palmeiras?
Fiori- Torcida brasileira, carinhosamente boa tarde. Hoje é dia de festa, hoje é dia de emoção, hoje é dia do coração bater mais forte. Palmeiras e Corinthians, dois gigantes do futebol paulista, dois gigantes do futebol brasileiro, outra vez se encontrando no campo de luta. O Corinthians perto da realidade, o Palmeiras simplesmente transformando em verdade mais um dos sonhos de sua torcida que tanta alegria s tem experimentado ao longo destes últimos anos. Mas o corintiano que espera, o corintiano que sofre, o corintiano que vai somando a cada jogo que passa, o corintiano mais fiel, o corintiano que procura esquecer um passado tão triste e que tanto o tem maltratado; o corintiano vem para campo com a certeza de desabafar, com a certeza de viver hoje, finalmente, o seu dia de colher, neste palco maravilhoso, neste jardim de tantas emoções, as flores que efetivamente hão de perfumar, hão de adornar o seu largo sofrimento. Vive o Morumbi uma de suas mais belas, mais lindas, temos plena certeza, mas inesquecíveis jornadas, porque assim quis o destino.
Placar- E o radinho de pilha? A sua presença nos estádios não obrigou o locutor a ser mais preciso, mais rápido, mais atento?
Fiori- Ah, muito. Obrigou sim. O radinho de pilha corrigiu muita coisa, pois ele não apenas exige mais cuidado, maior atenção; ele é assim como um instrumento de aperfeiçoamento do próprio locutor esportivo. Para determinados narradores, foi uma invenção do demônio. É um fiscal exigente do locutor e, conseqüentemente, não perdoa. Mas não se pode negar que ele veio nos ajudar bastante também, aumentando nossa popularidade, tornando nosso trabalho mais ouvido e mais prestigiado. É, diríamos assim, um fiscal que entusiasma.
Placar- Soubemos que você possui muitas histórias pitorescas. A do Vaticano, por exemplo...
Fiori- Não, essa foi com o Jorge Curi, da Globo. Numa excursão da Seleção, um grupo de jornalistas foi visitar o Papa. Era o Pio XII na época, e o Curi ainda era da Nacional. Muito bem, ao terminar a benção, o Curi soltou um berro: “Viva el Papaaaa”! Uma das minhas aconteceu ainda na Rádio de Araçatuba. Certa ocasião, fui irradiar na cidade de Bebedouro e fiz tudo normalmente. Mais tarde, fui saber que tinham ido ao ar apenas os três minutos finais de São Paulo de Araçatuba e Internacional de Bebedouro. Não era brincadeira. Agora, com Embratel, ficou mais fácil irradiar do Japão que de Jundiaí.
Placar- E o jogo mais emocionante?
Fiori- Você veja, eu fiz as copas de 62, 66, 70 e 74. Mas entre tudo o que vi, destaco os 5 a 2 do Santos em cima do Benfica pelo Mundial de Clubes, na decisão, em 62. O Santos acabou com Benfica, mas triturou o Benfica, um show de bola e na casa do adversário.
Placar- Os locutores de rádio parecem ter um prazer especial em colocar apelidos em jogadores de futebol.
Fiori- Eu, por exemplo, não gosto muito disso, não. Acho que adjetivos e apelidos só caem bem no craque, no fora de série. Claro, já coloquei alguns como o Rei da Bola para o Pelé, o Reizinho do Parque para o Rivelino, o Fino da Bola para o Ademir da Guia. Aliás, o Ademir foi o jogador que mais me impressionou nestes 30 anos de carreira. Me impressionou mais que o próprio Pelé. O que mais me toca é a classe e a regularidade, com sua passada longa, com seu estilo intocável. Ele até facilita a narração.
Placar- Dizem que você tem mais títulos de cidadania que o Getúlio.
Fiori- Isso é um acervo particular, um patrimônio que só Deus sabe o valor que tem, porque, mesmo não sendo político, já tenho 69 títulos, graças a uma amizade que nasceu entre mim e o interior, um respeito muito grande, uma identificação fora de série. E estou sempre paraninfando estudantes, comparecendo a festas de todo tipo. E os presentes? Olha, se eu fosse guardas todas as garrafas de cachaça que recebo a cada jogo no interior, teria condições de concorrer no mercado com qualquer fabricante famoso. Mas não bebo e não fumo. Ainda tem as galinhas, os leitões e outras coisas que me mandam para a cabine. O último presente que recebi foi um pônei, que o fazendeiro Válter di Biasi mandou para meu filho Marcelo, de 9 anos, e que foi lá para a nossa chácara em Águas de São Pedro.
Placar- E a rotina de um narrador de futebol?
Fiori- Olha, me cuido bastante e talvez seja esse o meu grande segredo. Se o jogo for à noite, eu procuro almoçar o mais cedo possível, obedecendo a um regime parecido com o de um atleta. Comida leve, porém bem revestida de proteínas. Durmo à tarde umas duas horas e parto para o estádio. Se o jogo é de dia, acordo cedo, como pouco e também não deixo de repousar de forma nenhuma. O problema é a minha rotina diária, pois também sou assessor de imprensa do Rui Silva, secretário de esportes do Estado, escrevo para dois jornais e ainda tenho uma programação intensa no rádio. Sem contra o expediente que sou obrigado a obedecer diariamente dentro da minha sala, recebendo todo tipo de gente e telefonemas ininterruptos de todos os cantos. Os chatos? São raros, mas aparecem. Me lembro de um padre, em Campos do Jordão, que só faltou querer ir ao banheiro comigo. Incrível!
Placar- Você tem falam de vaidoso, de proteger velhinhos e crianças desamparadas através de todo interior, chegando até o Paraná.
Fiori- Devemos isso a um grupo de rapazes aqui da Bandeirantes, o nosso Escrete do Rádio. Formamos um time de futebol e jogamos em tudo o que é lugar. A renda reverte para fundos de instituições de caridade. Acho que já arrecadamos mais de 3 milhões de cruzeiros em 458 partidas. Se eu jogo? Claro. Sou o dono das camisas.
Placar- E o que vem a ser o Cantinho da Saudade?
Fiori- Um programa de lembranças e recordações. Vai ao ar às quintas-feiras, em ondas curtas, e aos domingos, em todas as ondas. É o toque lírico que damos ao lembrar um jogador que já morreu ou que encerrou a carreira. Às vezes, saímos do esporte e falamos de personagens de outras áreas, como da Cacilda Becker, da Isaura Bruno, a que foi a mamãe Dolores na novela O Direito de Nascer. Recebemos cartas de todos os cantos com pedidos e sugestões, algumas querendo saber até da música de fundo que usamos (Bailarina Solitária).
Placar- E como você encerraria esta entrevista?
Fiori- Já está escurecendo? (Fiori olha pela janela e pega um microfone que andava jogado na mesa do estúdio). Então vamos lá: “Boa noite torcida brasileira. A tarde vai morrendo e a noite vem chegando para abraçar carinhosamente a cidade grande”.
Publicado originalmente na “Placar” número 384 em 2 de setembro de 1977