O mineiro Altemar Dutra (1940-1983) foi um dos maiores vendedores de discos da história do Brasil. No início dos anos 60, boleros como Que Queres Tu de Mim, Sentimental Demais e Brigas eram tocados nas rádios a exaustão. Na verdade, este artista é um dos reis do Brasil que nunca foi estudado e de pessoas que sempre foram excluídas do nosso jornalismo cultural. Roberto Carlos é indiscutivelmente o maior vendedor de discos do Brasil com mais de 120 milhões de discos vendidos. O segundo colocado é Nelson Gonçalves, com aproximadamente 75 milhões. Os números oficiais dão Rita Lee como a terceira colocada. Não é desmerecer ninguém, mas falem a verdade: Altemar sempre foi mais popular que ela.
Conhecido como “o trovador das Américas”, ele fez muito sucesso em toda a América Latina e mesmo na comunidade hispânica nos Estados Unidos. A musa e atriz espanhola Maribel Verdú (que estrelou o filme E Sua Mãe Também) é fã do cara. Ela chegou a gravar a canção Que Quieres Tu de Mi, versão em espanhol de Que Queres Tu de Mim de Jair Amorim e Evaldo Gouveia, gravada originalmente pelo cantor brasileiro.
No livro Eu Não Sou Cachorro Não: Música Popular Cafona e Ditadura Militar, o historiador Paulo César de Araújo comenta o fato do esquecimento da obra do cantor mineiro: “Entretanto, durante sua carreira artística, Altemar Dutra, jamais conseguiu opinião favorável da crítica, e hoje, passados quase 20 anos de sua morte, ainda não obteve na produção historiográfica um reconhecimento à altura do talento que milhões de brasileiros lhe atribuem. E isto acontece porque Altemar Dutra se destacou basicamente como intérprete de bolero, gênero que no Brasil não é identificado nem com a tradição, nem com a modernidade”.
Digo com orgulho que muitas das edições da Zingu! foram feitas ao som de Altemar Dutra, Roberto Luna, Orlando Dias, Anísio Silva e tantos outros grandes poetas cafonas que a nossa música popular teve. Será que nos centros acadêmicos e os partidos de esquerda falam nestes intérpretes? Eles são lembrados por alguém?
Amigos e inimigos: em breve a Zingol! (futebol, tubaína e nostalgia), aguardem.
Amigos e inimigos: em breve a Zingol! (futebol, tubaína e nostalgia), aguardem.
5 comentários:
Vou mandar minha tia passar aqui! Ela tinha até fã-clube do Altemar Dutra quando mais nova. Esse livro do Paulo César de Araújo (que também escreveu aquela biografia do Roberto Carlos que está proibida) é ótimo. Eu tenho ele aqui em casa. Fala de toda essa geração que ficou esquecida por causa das grandes gravadoras inescrupulosas que só querem saber de dinheiro.
Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com
https://bit.ly/3eMoNnK
Pseudo-autor,os artistas populares não ficaram esquecidos não,o povão continua adorando,a elite cultura é que os ignoram.
Caro Matheus
Navegando no Google achar essa matéria sua ...lavei a alma! Meu pai realmente foi gigante nos tempos de não internet! O cara cantou no carneggie Hall! É muito triste ver hj como não reconhecem os verdadeiros artistas da música brasileira! A falta de memória musical desse país! Enfim...muito obrigada pela lembrança. Pelo carinho a obra e vida do meu pai ALTEMAR DUTRA!
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