quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O jornalismo e eu (repórter de terrão)

                                              Marcos Faerman- grande repórter de terrão

O jornalista Marcos Faerman (1943-1999) definiu certa vez que ser repórter é no fundo ser um grande aventureiro. Afinal, é um privilégio poder ser uma testemunha ocular da história. Registrar acontecimentos que merecem ser divulgados para a sociedade. Essa é a função do jornalista e essa foi a minha escolha profissional.

Nunca pensei em fazer direito, engenharia ou economia. Sempre gostei do jornalismo e de reportar. Desde a muito cedo sempre tive um forte contato com os livros. Eles foram grandes amigos. Passar tardes caçando volumes em sebos sempre foi um dos meus programas favoritos. “De novo ir naquele lugar empoeirado menino? Você ainda vai pegar algum resfriado!”, dizia a minha mãe. Com tudo isso, não tive dificuldades em optar pela carreira.

Uma das paixões que fizeram eu ter abraçado o jornalismo foi o cinema. Sempre tive uma obsessão pelo cinema brasileira e por seus personagens esquecidos. Virava dias e madrugadas assistindo ao Canal Brasil. Por isso, entre outubro de 2006 e março de 2009 editei com alguns amigos uma revista eletrônica dedicado inteiramente ao tema. A publicação que ainda existe se chama Zingu! (www.revistazingu.blogspot.com).  Fui editor durante trinta edições, trabalhando com um assunto praticamente sem referências bibliográficas.

Pude compreender claramente que trabalhar com jornalismo cultural no Brasil e em São Paulo não é fácil. Minha revista eletrônica era basicamente sobre o cinema da Boca do Lixo. Entrevistei diversos cineastas, atores, atrizes e técnicos. Resgatamos pessoas e histórias esquecidas pelo tempo e espaço.

Foi por esse trabalho que compreendi o que é ser repórter de terrão. Revirei diversas vezes a periferia da Grande São Paulo atrás de pessoas que tiveram uma participação no cinema brasileiro e paulista. Muitos não quiseram me receber. Outros se tornaram amigos, alguns mestres. Não tenho dúvida que as melhores matérias são as realizadas longe da redação, do computador e do telefone. São feitas próximas da fonte, respeitando e procurando conseguir focalizar o lado humano do entrevistado.

Quando fui fazer meu trabalho de conclusão de curso na universidade não procurei falar sobre cinema e jornalismo cultural mais vez. Precisava escrever sobre outros assuntos, precisava procurar novos horizontes. Por isso, realizei um livro reportagem sobre ex-jogadores. Foi outro universo que se abriu pra mim e pelo qual também me sinto atraído de alguma maneira.

Nem cinema, nem esporte: meu grande interesse no jornalismo é falar de personagens, realizando entrevistas e perfis. Sempre quando escrevo procuro de alguma maneira ter acesso ao sistema nervoso central do entrevistado, procurando saber quais são seus conflitos internos. Dessa maneira, posso alguma transformar uma simples reportagem em uma forma de conhecimento e um método de investigação da realidade.

Ler Henrique Matteucci, Marcos Rey, Nelson Rodrigues e Ruy Castro foi muito importante na minha formação. Colaborar em jornais, revistas, sites e trabalhar com assessoria de imprensa também. Mas o que mantém minha fé na profissão é conhecer e poder falar sobre pequenas pessoas que possuem grandes histórias. É por isso que continuo e irei continuar perseguindo o jornalismo de maneira apaixonada. 

*Texto de minha autoria aprovado no Curso Abril de Jornalismo 2010

6 comentários:

Adilson Marcelino disse...

Meu amigo, gostei muito de ler esse texto.
Tenho a maior admiração por você.
Abração

Matheus Trunk disse...

Prezado Antonico: agradeço os elogios. Continue por aqui.

Matheus Trunk
www.violaosardinhaepao.blogspot.com

Adilson Marcelino disse...

Uai Matheus, ganhei um novo apelido rsrs
Abração

David da Silva disse...

Podes crer, meu chapa.
É uma das melhores profissões de fé e amor ao ofício que já li.
Te dar parabens já virou palhaçada. Fica meio parecendo coisa de frescos.
Segue nesta linha, meu! Tem gente feito Joel Silveira, João Antonio e David Nasser te esperando lá na frente.

Matheus Trunk disse...

Poxa David, fico lisonjeado com os elogios. "Tem gente feito Joel Silveira, João Antonio e David Nasser te esperando lá na frente", poxa fico muito feliz por ser comparado com cobras criadas como essas.

Matheus Trunk
www.violaosardinhaepao.blogspot.com

ADEMAR AMANCIO disse...

Adoro os filmes da Boca,o melhor período do cinema nacional.