domingo, 26 de junho de 2011

Chitãozinho e Xororó num filme de Raffaele Rossi

No início dos anos 70, o cineasta Raffaele Rossi tentava terminar a produção de um arrastado longa-metragem que havia começado alguns anos antes. A sua ideia original era fazer uma fita de terror que tivesse bilheteria e repercussão com o público popular. Como conseguir isso sem dinheiro nenhum?

A solução era apelar para os amigos. O diretor de produção da película era Toni Cardi, amigão de Rossi e que iniciava sua carreira de ator. Com trânsito livre na TV Tupi, Cardi conversou com o apresentador e produtor Geraldo Meirelles. Na época, o “marechal da música sertaneja” estava cuidando da carreira de uma dupla de cantores que vinham de Astorga, no interior do Paraná. Os dois irmãos já tinham adotado o nome artístico de Chitãozinho e Xororó. A dupla fez uma pequena participação em O Homem Lobo, primeiro longa-metragem assinado por Raffaele.

O filme foi lançado curiosamente em uma única sala na cidade de Capivari, interior de São Paulo, em agosto de 1971. Depois, o longa foi exibido num programa duplo no Cine Osasco entre 7 e 9 de maio de 1974. Na capital paulista, Homem Lobo só foi estrear no Cine Cairo em 19 de janeiro de 1975. Isso quase oito anos depois da produção do filme ter se iniciado. A película foi um fracasso retumbante de público e também passou despercebido pela crítica.

Na época, Chitãozinho e Xororó eram cantores desconhecidos do grande público. O primeiro disco da dupla (Galopeira, lançado pela gravadora Copacabana) vendeu apenas 10.000 cópias. Geraldo Meirelles foi o grande responsável pelos irmãos se tornarem artistas de sucesso. Rossi prosseguiu dirigindo filmes populares até lançar em Coisas Eróticas, em 1982, o primeiro longa-metragem brasileiro de sexo explícito.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Mostra Fauzi Mansur no Cine Olido


Depois da genial mostra Francisco Cavalcanti, realizada no mês passado, o Cine Olido irá realizar no mês de junho uma grande retrospectiva com diversos filmes do diretor e produtor Fauzi Mansur, um dos nomes mais conceituados do Cinema da Boca do Lixo. Os ingressos custam somente R$ 1,00 (estudantes pagam apenas R$ 0,50!). Muitos filmes raros, inclusive alguns dirigidos por Waldir Kopesky que não são exibidos comercialmente há uns 30 anos.


Programa imperdível pra quem curte cinema brasileiro e o centro de São Paulo. Vejam a programação completa:

Terça-feira, dia 21 de junho
15h- Sedução (1974, 105 min, dir: Fauzi Mansur)
17h- A Noite do Desejo (1973, 98 min, dir: Fauzi Mansur)
19h30- O Inseto do Amor (1980, 106 min, dir: Fauzi Mansur)

Quarta-feira, dia 22 de junho
15h- O Mulherengo (1976, 100 min, dir: Fauzi Mansur)
17h- A Ilha dos Paqueras (1970, 95 min, dir: Fauzi Mansur)
19h30- Cio...Uma Verdadeira História de Amor (1971, 90 min, dir: Fauzi Mansur)

Quinta-feira, dia 23 de junho
17h- Mulheres Eróticas (1984, 80 min, dir: Fauzi Mansur)
19h30- Atração Satânica (1989, 90 min, dir: Fauzi Mansur)

Sexta-feira, dia 24 de junho
17h- Ritual da Morte (1990, 90 min, dir: Fauzi Mansur)
19h30- Orgia das Taras (1980, 82 min, dir: Fauzi Mansur)

Sábado, dia 25 de junho
17h- Sexo Às Avessas (1982, 92 min, dir: Fauzi Mansur)
19h30- O Guarani (1979, 135 min, dir: Fauzi Mansur)

Domingo, dia 26 de junho
17h- A Gaiola da Morte (1992, 93 min, dir: Waldir Kopezky)

Terça-feira, dia 28 de junho
15- A Insaciável (Tormento da Carne) (1980, 90 min, dir: Waldir Kopezky)
19h30- Cio...Uma Verdadeira História de Amor (1971, 90 min, dir: Fauzi Mansur)

Quarta-feira, dia 29 de junho
15h- O Inseto do Amor (1980, 106 min, dir: Fauzi Mansur)
17h- Cio...Uma Verdadeira História de Amor (1971, 90 min, dir: Fauzi Mansur)
19h30- A Noite do Desejo (1973, 98 min, dir: Fauzi Mansur)

Quinta-feira, dia 30 de junho
15h- A Ilha dos Paqueras (1970, 95 min, dir: Fauzi Mansur)
17h- Atração Satânica (1989, 90 min, dir: Fauzi Mansur)
19h30- Ritual da Morte (1990, 90 min, dir: Fauzi Mansur)
 
 
O Cine Olido está localizado na avenida São João, 473, centro de São Paulo

terça-feira, 14 de junho de 2011

“Mazzaropi pensava no cinema como indústria”


O diretor de fotografia Virgílio Roveda, o Gaúcho, é um veterano do cinema brasileiro. Aos 65 anos, o técnico trabalhou em mais de 50 longas-metragens. Durante os anos 70, ele estabeleceu uma parceria de trabalho com o ator e produtor Amácio Mazzaropi. Como assistente de câmera, operador, foquista e fotógrafo de cena, Gaúcho esteve presente em diversos filmes do comediante.

Para saber mais sobre a carreira e o cinema do nosso maior caipira, VSP esteve uma tarde inteira na casa de Roveda no bairro de Santana, zona norte de São Paulo. Sempre gentil e amistoso, Gaúcho recordou muitas histórias do humorista. Confira os melhores trechos da entrevista.

Violão, Sardinha e Pão- Como era a parceria do Mazza com o diretor Pio Zamuner?

Virgílio Roveda- Na realidade, o Mazza era o dono do filme. O Pio era responsável pela fotografia e também pela direção de tudo. Uma figura muito importante nas fitas da PAM (Produções Amácio Mazzaropi) era o Carlão (Carlos Garcia, diretor de produção, já falecido), que junto com o Pio faziam tudo. Depois aparecia o nome do Mazza como diretor, mas quem fazia tudo era o Pio. Ele trabalhava como um camelo. Os dois nunca foram amigos pessoais, mas se davam muito bem e as produções eram terminadas no dia estabelecido.

VSP- O senhor trabalhou muito na parte técnica dos filmes. Como eram os equipamentos de câmera das produções do Mazza?

VR- Ele tinha os melhores equipamentos da época. A gente usava aquelas câmeras Mitchell e no Brasil só ele tinha isso. Isso ajudava muito. O filme ficava com um resultado satisfatório e o público aprovava.

VSP- Como era o relacionamento dele com os técnicos?

VR- Muito profissional. O Mazza sempre se prezou de pagar todos, inclusive os figurantes. Ele não tinha discriminação quando uma pessoa tinha uma função mais humilde. Todos os filmes eram feitos na mesma época do ano. Então, a gente sabia mais ou menos quando uma produção iria começar. Me lembro bem que ele era meio duro pra acertar o preço.Também era meio desconfiado quando conhecia as pessoas pela primeira vez. Depois que ganhava a confiança tudo ficava mais fácil. Comigo e com todo mundo foi assim.

VSP- Na sua opinião, qual o principal legado do Mazzaropi para a cinematografia brasileira?

VR- Ele pensava a sétima arte como uma indústria. Infelizmente, são poucas pessoas no Brasil que pensam nessa parte. O Mazza merece todo reconhecimento que sempre recebeu.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

30 anos sem Mazzaropi


“Mas eu era jovem e cheio de brio. Decidi: vou ser palhaço mesmo. Vou fazer o tipo caipira e vou manter o meu nome. Esse tipo me foi oferecido pela vida. Se você for a Santo Amaro, aqui na periferia de São Paulo, você vai encontrá-lo. Nem precisa viajar para o interior”

“Os críticos dizem que o meu caipira é estilizado, mas não é. Eles escrevem isso porque não conhecem a realidade brasileira. Eles lêem Monteiro Lobato, mas nunca viram um caipira. Caipira estilizado é o da festa de São João. E os intelectuais pensam que esse é o autêntico caipira brasileiro”

quarta-feira, 1 de junho de 2011

10 anos sem Pardinho

Amanhã, dia 2 de maio é uma data importante no universo da canção cabocla. Se completam dez anos do falecimento de Antônio Henrique de Lima, o Pardinho (1932-2001). Junto com Tião Carreiro, ele formou uma das duplas mais extraordinárias que o Brasil conheceu.


Os dois nunca se entendiam. Carreiro era um homem muito fechado e se dava bem com poucas pessoas, como o compositor Lourival dos Santos. Os dois cantores eram amigos somente dentro do palco. Há diversas versões também de como os dois se conheceram. Teria sido num circo em Araçatuba? Ou numa boate em Pirajuí? Seja como for, Tião Carreiro e Pardinho são uma dupla eterna para os amantes da música sertaneja autêntica.

Trabalhador braçal, Pardinho e seu companheiro de dupla ficaram conhecidos como os "reis do pagode". Um gênero caipira por excelência, derivado do cururu. São pessoas que merecem ser lembradas sempre. Um livro legal pra entender esse gênero é Música Caipira- As 270 Maiores Modas de Todos os Tempos escrito pelo craque José Hamilton Ribeiro