No início dos anos 70, o cineasta Raffaele Rossi tentava terminar a produção de um arrastado longa-metragem que havia começado alguns anos antes. A sua ideia original era fazer uma fita de terror que tivesse bilheteria e repercussão com o público popular. Como conseguir isso sem dinheiro nenhum?
A solução era apelar para os amigos. O diretor de produção da película era Toni Cardi, amigão de Rossi e que iniciava sua carreira de ator. Com trânsito livre na TV Tupi, Cardi conversou com o apresentador e produtor Geraldo Meirelles. Na época, o “marechal da música sertaneja” estava cuidando da carreira de uma dupla de cantores que vinham de Astorga, no interior do Paraná. Os dois irmãos já tinham adotado o nome artístico de Chitãozinho e Xororó. A dupla fez uma pequena participação em O Homem Lobo, primeiro longa-metragem assinado por Raffaele.
O filme foi lançado curiosamente em uma única sala na cidade de Capivari, interior de São Paulo, em agosto de 1971. Depois, o longa foi exibido num programa duplo no Cine Osasco entre 7 e 9 de maio de 1974. Na capital paulista, Homem Lobo só foi estrear no Cine Cairo em 19 de janeiro de 1975. Isso quase oito anos depois da produção do filme ter se iniciado. A película foi um fracasso retumbante de público e também passou despercebido pela crítica.
Na época, Chitãozinho e Xororó eram cantores desconhecidos do grande público. O primeiro disco da dupla (Galopeira, lançado pela gravadora Copacabana) vendeu apenas 10.000 cópias. Geraldo Meirelles foi o grande responsável pelos irmãos se tornarem artistas de sucesso. Rossi prosseguiu dirigindo filmes populares até lançar em Coisas Eróticas, em 1982, o primeiro longa-metragem brasileiro de sexo explícito.