quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O Brasil esqueceu Moraes Sarmento

Defender com unhas e dentes a música brasileira não é fácil. Diversos homens tem trajetórias importantes neste setor, mas poucos fizeram trabalhos dignos como Rubens de Moraes Sarmento (1922-1988).

Abnegado, o locutor e apresentador sempre se negou a divulgar gêneros estrangeiros. Seu programa Almoço a Brasileira marcou época na rádio Bandeirantes de São Paulo. Sempre no horário do almoço, Sarmento fez muito pela carreira de diversos artistas nacionais de real importância. Em 1980, este importante homem de imprensa começou a apresentar um programa do gênero mais maldito da música brasileira: a canção cabocla. Poucos sabem, mas sim, foi Moraes Sarmento o primeiro apresentador do Viola, Minha Viola, exibido na TV Cultura. Estudioso do gênero, tornou-se admirador e amigo pessoal de figuras centrais da nossa cultura caipira como Tião Carreiro, Tonico e Tinoco, Goiá, entre outros.

Depois, ele passou a dividir a apresentação da atração com a cantora Inezita Barroso. Há alguns anos, consegui adquirir um exemplar da rara biografia do cantor Noite Ilustrada (Noite Ilustrada de Pirapetinga para o Brasil) em um sebo em Santo André. Nas dedicatórias, estava uma assinatura do cantor mineiro para o apresentador: “A pessoa que mais me ajudou na minha carreira: Rubens de Moraes Sarmento, meu amigo. Noite Ilustrada”. Ou seja, por uma incrível coincidência da vida, eu tinha adquirido o raro exemplar que tinha sido do acervo pessoal deste importante divulgador da música brasileira.

Em dezembro, se vivo, Moraes Sarmento estaria completando 88 anos. Esperamos que a mídia e os órgãos competentes se lembrem deste defensor perpétuo da nossa cultura.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

30 anos de um clássico do cinema paulista

O catarinense Ody Fraga (1927-1987) foi indiscutivelmente um dos maiores nomes da história do cinema brasileiro. Todos os personagens de seus filmes são diferenciados. Como roteirista, ele escreveu os diálogos de mais de 60 longas-metragens. Como realizador, dirigiu 25 filmes. O raro e espetacular "O Sexo Nosso de Cada Dia", é talvez seu melhor trabalho como diretor. Três jovens mulheres, Bionda (Neide Ribeiro), Letícia (Sandra Graffi) e Lola (Elys Cardoso) são insatisfeitas sexualmente. Decidem então alugar o ponto de uma cafetina de rua (Arlete Montenegro) e por três noites tornam-se damas da noite. Infelizmente, Nelson Rodrigues não teve tempo para escrever essa história. Mas Ody Fraga e a Boca do Lixo sim. Sem qualquer tipo de preconceito ou moralismo, o enigmático criador realizou um filme feminino por excelência. Assistindo a essa fita, conseguimos perceber que Ody parece entrar dentro das almas de suas personagens, sem qualquer julgamento ou arbítrio.

A atuação de Neide Ribeiro como a dominadora Bionda é extraordinária. Poucas atrizes no cinema nacional tiveram a entrega como desta "pantera cinematográfica" neste filme. Sua interpretação carregada e forte desmonta de uma vez o estereótipo de que as mulheres são frágeis. Na minha opinião, é realmente um pecado Walter Hugo Khouri nunca tê-la dirigido. Uma mulher da grandeza de uma Neide Ribeiro, merecia hoje ser mais reconhecida pelos cinéfilos e pelas novas gerações. Neide era a atriz preferida de Fraga. Eles trabalharam juntos em seis longas-metragens. 

A atriz Sandra Graffi, que depois se casaria com o produtor Roberto Galante, também está perfeita como a jovem frígida por excelência. Sem falar em Elys Cardoso, que está deslumbrante como a cerebral Lola, melhor papel dela no cinema.

Com fotografia recortada do grande mestre Cláudio Portioli e montagem certeira de João de Alencar, torna-se impossível assistir somente uma vez esta película. Já que "O Sexo Nosso de Cada Dia" não é um filme. É um estudo sobre a sexualidade humana.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

EXCLUSIVO: Cláudio Cunha fala sobre filme que estreia no Canal Brasil

Um dos grandes clássicos do cinema brasileiro, Snuff, Vítimas do Prazer irá estrear na sexta-feira (dia 11) no Canal Brasil. O longa-metragem tem atuações de astros nacionais como Carlos Vereza, Hugo Bidet, Rossana Ghessa e Canarinho. O diretor do filme, Cláudio Cunha, falou com exclusividade com o VSP sobre a estreia de um dos seus trabalhos mais memoráveis. Sem papas na língua, o ator, cineasta e produtor revela que existe preconceito contra os profissionais que trabalharam com pornochanchada. “Isso acontece no próprio meio artístico", admite.

Snuff, Vítimas do Prazer irá estrear no Canal Brasil. Qual é a importância de mais um filme seu passar na emissora?
Indiscutivelmente, a programação do Canal Brasil possibilitou ao público uma nova leitura da produção cinematográfica brasileira dos anos 70.

Na sua opinião, quais são os maiores méritos deste filme?
Snuff tem um elenco bem homogêneo com desempenhos fantásticos. Acredito que esse trabalho mostra de maneira irreverente os bastidores do Cinema da Boca do Lixo. Parodiando Truffaut podemos dizer que é o Uma Noite Americana brasileiro.

Muitas pessoas da nova geração admiram os seus trabalhos. Quando poderemos ver um novo longa-metragem seu nos cinemas?
Estou com o projeto para um remake do Amada Amante aprovado. Estou procurando captar recursos para poder refilmar essa história que fiz originalmente nos anos 70 com grande êxito.

Ainda existe muito preconceito contra as pessoas que fizeram o Cinema da Boca do Lixo?
Existe. E o que é pior, isso acontece no próprio meio artístico. Embora hoje a pornochanchada seja o carro chefe da televisão brasileira.

Todos os cinéfilos querem ver O Dia Em Que o Santo Pecou e A Força dos Sentidos. Quando poderemos ver esses filmes no Canal Brasil.?
Acabei de negociar A Força dos Sentidos com o Canal Brasil juntamente com Reencarnação do Sexo (direção de Luiz Castellini, produção de Cláudio Cunha) e A Dama da Zona (direção de Ody Fraga, produção de Cláudio Cunha). Quanto ao Dia Que o Santo Pecou foi o único filme que dirigi para outros produtores. O filme pertence ao Benedito Ruy Barbosa e a pergunta caberia a ser respondida por ele.

domingo, 6 de novembro de 2011

Edição 50 da Zingu no ar

O ator Toni Cardi é o tema da edição de novembro da revista eletrônica Zingu. Protagonista de diversos westerns brasileiros, Cardi participou de inúmeras produções do Cinema da Boca e algumas novelas. Toda a trajetória artística dele está no ar nas bancas virtuais. Basta acessar o www.revistazingu.net