segunda-feira, 28 de maio de 2012

Um olhar sobre Raffaele Rossi

Foto: acervo Toni Cardi

Fita sertaneja, filme de terror, comédia erótica, sexo explícito. Raffaele Rossi possui uma trajetória singular dentro do Cinema da Boca. Dirigiu diversos gêneros sempre tentando um retumbante sucesso comercial. Não era um profundo conhecedor de cinema, tampouco homem de ideologia política. Seus objetivos eram simples: ganhar dinheiro e seguir na produção cinematográfica. Diversos contemporâneos tinham o mesmo objetivo. 


Mas poucos conheceram o sucesso comercial que Raffaele teve. Homem persistente, Rossi conheceu a fórmula de atrair diversos espectadores com Coisas Eróticas. Lançado logo após a Copa de 1982, o longa-metragem levou milhões de brasileiros aos cinemas. Ninguém queria saber de Diretas Já, redemocratização, formação de partidos políticos. Todos que foram as salas queriam ver as curvas de Jussara Calmon, a beleza mignon de Marília Nauê, as loucuras de Vânia Bonier. A figura exótica de Oásis Minitti, que logo depois se tornaria o professor de sexo explícito.  A primeira geração do pornô brasileiro se formou a partir desse filme. Lar das pornochanchadas, a Boca do Lixo teve que virar um centro de produção de fitas XXX. Mas isso iria durar pouco tempo.


Dentro da Boca paulistana, Rossi era tido como um diretor menor. Sua presença no bar Soberano era sempre evitada. Nunca conseguiu ser uma figura central do local. Raffaele não era da Série B da rua do Triunfo. Era da Série E. Mas isso parece nunca ter abalado o realizador. Uma coisa que podemos admirar nele é seu sangue frio. Com dedicação e empenho, este italiano trouxe o filme de sexo explícito para o Brasil. Roteiro primitivo? Resultado bizarro? Pouco importa. Passados trinta anos, Raffaele Rossi conseguiu o que ele próprio nunca achou que poderia ser capaz: figurar como um pioneiro dentro da história do cinema brasileiro.

Publicado originalmente no blog A Primeira Vez do Cinema Brasileiro  (http://aprimeiravezdocinemabrasileiro.com/)

2 comentários:

Rodrigo 1176 disse...

Matheus,quando será postada a zingú 54 ? Um abraço.

Matheus Trunk disse...

Prezado Rodrigo, agradeço o comentário. Como vocês sabem, a Zingu vive sem patrocinío, ajuda oficial e isso acarreta uma série de problemas para nós. Sinto que infelizmente, iremos ficar um tempo sem ter as edições mensalmente. Espero que você e os demais leitores entendam. É uma honra saber que você e outras pessoas leêm a publicação e acompanham o nosso trabalho dessa maneira.