Foto: acervo Toni Cardi
Fita sertaneja, filme de terror, comédia
erótica, sexo explícito. Raffaele Rossi possui uma trajetória singular
dentro do Cinema da Boca. Dirigiu diversos gêneros sempre tentando um
retumbante sucesso comercial. Não era um profundo conhecedor de cinema,
tampouco homem de ideologia política. Seus objetivos eram simples:
ganhar dinheiro e seguir na produção cinematográfica. Diversos
contemporâneos tinham o mesmo objetivo.
Mas poucos conheceram o sucesso
comercial que Raffaele teve. Homem persistente, Rossi conheceu a fórmula
de atrair diversos espectadores com Coisas Eróticas. Lançado
logo após a Copa de 1982, o longa-metragem levou milhões de brasileiros
aos cinemas. Ninguém queria saber de Diretas Já, redemocratização,
formação de partidos políticos. Todos que foram as salas queriam ver as
curvas de Jussara Calmon, a beleza mignon de Marília Nauê, as loucuras
de Vânia Bonier. A figura exótica de Oásis Minitti, que logo depois se
tornaria o professor de sexo explícito. A primeira geração do pornô
brasileiro se formou a partir desse filme. Lar das pornochanchadas, a
Boca do Lixo teve que virar um centro de produção de fitas XXX. Mas isso
iria durar pouco tempo.
Dentro da Boca paulistana, Rossi era tido
como um diretor menor. Sua presença no bar Soberano era sempre evitada.
Nunca conseguiu ser uma figura central do local. Raffaele não era da
Série B da rua do Triunfo. Era da Série E. Mas isso parece nunca ter
abalado o realizador. Uma coisa que podemos admirar nele é seu sangue
frio. Com dedicação e empenho, este italiano trouxe o filme de sexo
explícito para o Brasil. Roteiro primitivo? Resultado bizarro? Pouco
importa. Passados trinta anos, Raffaele Rossi conseguiu o que ele
próprio nunca achou que poderia ser capaz: figurar como um pioneiro
dentro da história do cinema brasileiro.
Publicado originalmente no blog A Primeira Vez do Cinema Brasileiro (http://aprimeiravezdocinemabrasileiro.com/)
2 comentários:
Matheus,quando será postada a zingú 54 ? Um abraço.
Prezado Rodrigo, agradeço o comentário. Como vocês sabem, a Zingu vive sem patrocinío, ajuda oficial e isso acarreta uma série de problemas para nós. Sinto que infelizmente, iremos ficar um tempo sem ter as edições mensalmente. Espero que você e os demais leitores entendam. É uma honra saber que você e outras pessoas leêm a publicação e acompanham o nosso trabalho dessa maneira.
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