sexta-feira, 14 de março de 2014

Tony Tornado na Cinema em Close Up




Um produto de Itororó de Paranapanema para o mundo, seria o slogan certo para um empresário vender o artista Tony Tornado, nascido Antonio Vianna Gomes e cidadão de passagem por muitas terras. Homem-espetáculo, cantor campeão de festivais e bailarino de marca registrada. Lançador, em torrão tupiniquim, de cabelo à moda black-power. Lá de cima dos seus centro e noventa centímetros olha o mundo à sua volta e ri do tempo em que comeu o pão que o diabo amassou.

Na época em que crioulo brasileiro balançava o beiço, mostrava as canjicas e batia em tamborim, só para embasbacar turistas, Tornado, então Antonio, entrou para o tão badalado e inesquecível Brasiliana, conjunto que correu o mundo levando o crioléu de Castro Alves por tudo quanto era canto. Dizem as línguas ferinas que, noventa por cento dos brasileiros que estão espalhados pelo mundo, longe de casa, pertenceram ao tão famoso grupo. Foram mostrar o samba e a macumba. E iam desertando por África, Europa e América.

Dessa forma, o senhor Vianna Gomes aportou em território de Tio Sam e meteu-se Harlen a dentro. De contrabando, é claro. E por lá ficou boa temporada. Num lugar onde até os camelôs apregoam quinquilharias ao balanço do soul, Tornado foi levado a vida como podia. Menos cantando. Porque, brasileiro cantar no Harlen é mesmo que americano jogar bola entre brasileiros. Não dá.

Um belo dia estava de volta, aportando na Praça Mauá, tomando conta de boate e fazendo cara feia pra quem estivesse afim de bagunça. E, por muito que brasileiro seja bom de gingado e saiba ciscar na capoeira, não dá para encarar aquela montanha negra. Ainda mais sendo músculos sem bebida, sem cigarro, e com uma faixa preta de karatê. Dose pra dinossauro.

Nas horas de folga, dava seu showzinho. O primeiro passo para chegar ao Festival Internacional da Canção, quando abiscoitou o primeiro lugar e o terceiro internacional com a tão discutida BR 3, um negócio que deu o que falar. Daí pra frente, Tony Tornado passou a ser. Com  sucesso saindo pelo ladrão.

Cantor e compositor, sim. Mas com uma paixão toda especial. E chegou aonde queria. É ator. Porque nem só de música vive o ideal. Está atacando na área das novelas, mas também já batalhou no cinema, até como co-produtor. Não foi feliz neste capítulo, porque o filme (Sangue de Negro, depois reintitulado Ouro Sangrento) ainda não conseguiu ser exibido. Mas nem por isso desistiu. Está pronto para nova tentativa. Na primeira oportunidade estará lá.

A Virgem foi sua primeira experiência como ator de cinema. Depois tentou com o tal filme não exibido, que foi dirigido por César Ladeira Júnior. Com Roberto Mauro fez duas fitas, Pesadelo Sexual de Um Virgem e Praia do Pecado, a mais recente. Foi o Napoleão, bandido maldoso em Os Pilantras da Noite. Estava na infidelidade de O Clube das Infiéis e vive o Crispim, personagem marcante de Chão Bruto, superprodução de Ciro Carpentieri, dirigido por Dionísio de Azevedo, justamente o diretor que o lançou no cinema.

Bud Kraft, um passo à frente em sua carreira, na novela de Marcos Rey, Tcham...a Grande Sacada. Mas podem vir outros passos, porque já começa a dar seus primeiros passos a senhorita Aretha Pearl Cavalcanti Tornado Vianna Gomes, filha do nosso amigo, pingo de gente que ainda não chegou ao seu primeiro aniversário. Mas tem outro, que joga basquete e encara faculdade. Frutos do amor, ambos. Porque, esse negócio de amor, o ator-cantor (ou vice-versa) está numa de muito família. Tem pro gasto. Qualquer boato é mera maledicência. Ou, então, é coisa de cinema ou televisão.

Para quem ainda não viu (o que duvidamos) Tony Tornado representando ao invés de cantar e dançar, ele está no elenco de As Amantes de Um Canalha, fazendo o bandidão Moisés, desfilando elegância e capacidade. Tomara que todos os seus filmes sejam exibidos em Itororó de Paranapanema, para que fiquem sabendo que o moço saiu de lá e não fez feio. Honrou o lugar.

Publicado originalmente na Cinema em Close Up número 17 em 1977

Um comentário:

Unknown disse...

Orra, Tony Tornado era faixa preta de karatê?!
Cacilda, a gente poderia ter nosso Jim Kelly ou Black Dynamite antes dos gringos!