quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Entrevista com Ricardo Corsetti, diretor de "De Olho na Boca com Virgílio Roveda", de "Amigos Filmam Amigos"


O cineasta Ricardo Corsetti ficou responsável pelo episódio De Olho na Boca com Virgílio Roveda, sobre o diretor de fotografia. Ele conversou com exclusividade com o VSP.

Como surgiu a possibilidade de você dirigir um curta sobre o Virgílio Roveda?

A ideia de fazer o Amigos Filmam Amigos, na verdade, partiu do Diomédio Piskator. Ele decidiu agrupar diversos cineastas em torno deste projeto em comum, no qual cada um dos diretores envolvidos ficaria responsável por um personagem de grande importância na história do cinema paulista. Por razões óbvias, visto que eu já conhecia o grande Gaúcho (Virgílio Roveda) há um bom tempo, escolhi ficar responsável pelo episódio De Olho na Boca com Virgílio Roveda, a ele dedicado.


Quais foram as maiores dificuldades?

Sem dúvida a principal dificuldade que encontrei no sentido de realizar meu pequeno filme dedicado ao Gaúcho foi formar uma equipe de filmagem. Isso porque que eu assim como todos os demais diretores do projeto trabalhamos com recursos próprios, ou seja, não havia verba, patrocínio ou algo do gênero. Até por isso, trabalhei com uma equipe reduzidíssima que, na prática, resumia-se a mim e ao Pedro Ribaneto que, ao mesmo tempo, ficou responsável tanto pela fotografia, quanto pela captação de áudio. Mas, apesar de tais limitações técnicas, a verdade é que me orgulho por ter realizado o filme dessa maneira, pois, convenhamos o autêntico “cinema de guerrilha” é isso mesmo: produzir e filmar na raça, sem dinheiro, sem pirotecnia e com equipe reduzida. Eis a essência do que, na minha modesta opinião, deveria ser o cinema verdadeiramente independente.

Na sua opinião, qual é a importância de Virgílio Roveda para o cinema da Boca e o brasileiro?

O Gaúcho é indiscutivelmente uma figura ímpar na história do cinema brasileiro. Exerceu praticamente todas as funções características do universo da produção cinematográfica. De carpinteiro/cenógrafo nos primeiros trabalhos de José Mojica Marins, a assistente de direção, diretor de produção e, posteriormente, diretor de fotografia nos últimos trabalhos de Ozualdo Candeias. Virgílio esteve presente na história do cinema brasileiro e, sobretudo paulista, ao longo de mais de quatro décadas. Profissional e ser humano de caráter irretocável. Sempre com seu jeito aparentemente invocado (risos), basta conviver por algumas horas com ele, pra percebemos que ali está um coração de outo. O engajamento político e também em relação as questões associadas à produção cinematográfica, sempre o caracterizou.


Quais são seus próximos projetos no audiovisual?

Muita água rolou desde que gravei o episódio de Amigos Filmam Amigos com o Virgílio. Me envolvi, mesmo sem o apoio de produtores ou leis de incentivo, em diversos curta-metragens. Para você ter uma ideia no própria dia 1º de dezembro no período da manhã estive começando a gravar um novo curta. Trata-se da minha primeira incursão no gênero terror! Além disso, desde agosto deste ano, tenho produzido e dirigido, um projeto de curtas experimentais, num formato próximo ao da videoarte, no qual, basicamente, recrio, de forma experimental, cenas de filmes clássicos. Nos dois primeiros, digamos assim, “episódios” deste projeto, tive a honra de gravar com as experientes atrizes de cinema e televisão Natallia Rodrigues e Marisol Ribeiro. E no dia 13 de dezembro na continuidade deste projeto realizei o sonho de gravar com a querida Rosanne Mulholland. Detalhe: tudo isso na mais absoluta independência, sem patrocínio, sem grana de editais. Ufa, acho que estou encerrei até bem 2018, né? (risos).

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