sexta-feira, 13 de novembro de 2020

VSP nas eleições 2020: entrevista com Danilo Catalano, candidato a vereador do PCdoB

 

O cientista social e escritor Danilo Catalano, 25 anos, é candidato do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) a vereador na cidade de São Paulo. Seguem as perguntas e respostas ao questionário.

 

VSP- Como surgiu a ideia de você ser candidato a vereador?

Danilo Catalano- Desde que me filiei ao PCdoB (Partido Comunista do Brasil) em 2016, eu tinha o interesse de militar por conta do momento estressante e conturbado que estávamos passando com o golpe da Dilma e o início do aparecimento de uma direita extremista com valores arraigados semelhantes aos que vimos na segunda metade do século XX. O que além de nos assustar, me deu ânimo para lutar.

Mas infelizmente fiquei quatro anos parado em relação ao partido, pois meu distrital, o da Zona Oeste teve alguns problemas justamente nessa época, o que impossibilitou minha luta ao lado do partido, mas não impediu a minha luta, que se iniciou com a criação do meu blog pessoal e do meu Instagram que hoje se chama Catalano65, além de também participar de diversos protestos contra o governo atual, estive ausente.

Foi no começo desse ano com o descobrimento do Movimento65, que tomei a decisão de começar a militância ao lado do partido e porque não já começar tentando e pondo a cara para bater em uma eleição? Foi o que me motivou, por possibilitar que minha luta seja muito mais concreta e efetiva.

 

VSP- Quais são seus principais projetos?

DC- Eu criei o programa “Sampa mais humana”, que interliga por enquanto três projetos com ênfase na educação e cultura. Pelo programa ser extremamente amplo, futuramente poderíamos incluir outros projetos a ele.

Em suma, esse programa visa a utilização dos espaços públicos como algo importantíssimo para as relações sociais da cidade, como lugares de comunhão, troca e conhecimento, promovendo leitura, arte, música, dança, desenhos e muito mais, nas ruas, praças, deixando de lado a lógica capitalista de ir e vir, para ser um lugar para se ficar e conhecer.

O objetivo principal do Sampa mais humana é diminuir a violência e promover a comunhão através da arte e educação. Os projetos que se entrelaçam ele, são:

- Projeto Largo da Batata Musical: que tem o objetivo de melhorar os eventos na praça do largo, incentivando a divulgação deles e realizando mais eventos, para melhorar a estrutura do lugar para receber eventos de diversos tipos.

- Projeto Mais Leitura: incentivar a leitura aproveitando dos programas que já existem na região, mas mudando eles para melhorar a relação entre os alunos das redes pública e particular, promovendo a leitura um por um, com um aluno mais velho ajudando um mais novo.

- Projeto Arte na Comunidade: uma expansão do primeiro projeto para as comunidades e periferias da cidade, aproveitando de programas que já existem em relação a promoção de cultura, para que em conjunto com a vizinhança e os movimentos sociais de cada lugar, possa se realizar eventos nas ruas e vias públicas, para que seja valorizado e exaltada a identidade de cada comunidade da cidade.

 

VSP- A falta de debates televisivos para o Executivo prejudicou os candidatos a vereador?

DC- Não vejo relação direta com os debates do meu cabeça de chapa à minha campanha. Acredito que existam relações de pensamento e de projeto, pensando e visando a educação e cultura, como pontos principais para o emprego e a renda, com principalmente a economia criativa. Mas em relação a falta de debates na televisão, acredito que os candidatos a vereador não tenham sofrido tanto.

O que não me impede de dizer que a falta de realização de debates é um ataque a democracia, impedindo os eleitores de conhecer como pensam e como são os candidatos a prefeito da nossa cidade. Talvez nesse sentido os candidatos a vereador também tenham perdido.

 

VSP- Por que o PCdoB? Qual é a sua avaliação da candidatura do Orlando Silva?

DC- Esta pergunta é bem interessante e acredito que seja importante resgatar minha história, desde o final da minha experiência no colégio. Estudei no colégio Equipe quase a vida toda e lá tive um trabalho relacionado aos partidos políticos e fiquei com a missão de conhecer de perto o PSOL, o que me fez ter na época uma grande relação com o partido.

Mas com o passar dos anos e saindo do que chamam de a bolha equipana e estudando na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, fiz um árduo estudo ao PSOL e ao PCdoB, foram pelo menos três meses ou mais para escolher o partido, lendo suas diretrizes, seu papel, sua história e entre outras coisas. Ao final, o que me fez escolher o PCdoB, foi sua história surpreendente de luta, principalmente com a Guerrilha do Araguaia, em que vários militantes lutaram e morreram por este país, mas não só, também por ter sido o partido que por mais que estivesse ao lado do PT nos anos do governo petista, sempre foi crítico a ele. Entre outros motivos...

Acredito que a candidatura do Orlando Silva tenha sido uma grande decisão histórica do partido, que infelizmente por ter passado anos na ilegalidade nunca tinha tido um candidato a prefeito na maior cidade do país. Ele se mostrou até agora preparado e com propostas claras para a melhora da cidade, mas que infelizmente acaba sendo obstruído pela lógica do voto útil, que muita gente da esquerda que votaria nele, deixou essa decisão por conta de acreditar que não seria possível, apenas por conta de pesquisas eleitorais.

Mas também, acho que atrapalhou muito a sua campanha a pandemia, que diminuiu o tempo de campanha e ainda mudou em 180 graus a sua forma de realizar. Uma coisa é verta, podendo ou não ser eleito, Orlando Silva vai sair extremamente fortalecido destas eleições, eu mesmo já percebi ele conversando com o comércio, pois no início das pesquisas nem sabiam quem ele era. Agora muita gente já sabe.

 

VSP- O PCdoB é um partido muito antigo mas que quase sempre fez alianças com o PT. Isso não prejudica o eleitorado conhecer a legenda?

DC- Devemos lembrar que estas alianças eleitoreiras irão acabar em 2022, até porque este ano já não temos coligações minoritárias, o que os anos de PCdoB nas sombras do PT acabou fazendo com que não conhecessem as nossas propostas e as nossas políticas, que por mais que tenhamos um carinho e proximidade com o partido, não temos as mesmas ideias e convicções.

As pessoas ligam o fortalecimento da esquerda a questões eleitoreiras, algo que precisamos acabar, pois acredito em questões mais concretas, que pensem a longo prazo, com uma candidatura como a do Orlando Silva, podemos nos tornar conhecidos para eleições futuras, colhendo os frutos com a mesma estratégia de outros partidos de esquerda que hoje tem um maior conhecimento e por isso estão à frente nas pesquisas, porque, querendo ou não, terem tido uma candidatura à presidência os fortaleceu  como estou dizendo que vai ocorrer com o PCdoB.

Algo que comentamos bastante no partido é como nos prejudicou a coligação com o PT, pois tivemos menos deputados na câmara e também, estamos sem nenhuma representatividade na Câmara dos Vereadores de São Paulo. É preciso que isso mude.

 

VSP- Qual é a sua avaliação das medidas do governo estadual e municipal de São Paulo frente a pandemia do Coronavírus?

DC- Se não tivéssemos eles, estaríamos perdidos na mão do governo federal. Mas tirando este fato, acredito que houveram muitos erros, principalmente na hora de tomar decisões. Mas eu entendo: nunca estivemos preparados para um momento como este e quem está no governo deve ter se assustado e se perdido, devemos pensar que foi um momento inusitado, pois não somos como países da Europa, que já tem um plano claro de contingência para estes momentos.

 

VSP- Quais foram as principais dificuldades da sua candidatura?

DC- A maior de todas para ser conciso, foi chegar ao público, pois acredito que com a pandemia, as pessoas já estão desiludidas com a política, ficaram ainda mais relutantes a conversar sobre ou a pegar panfletos da minha mão.

 

VSP-  Qual é a sua expectativa e do PCdoB para as eleições de 2020?

DC- Acredito que é difícil termos uma projeção, mas dependendo dos resultados destas eleições, podemos ter a esperança de uma luz fraca no fim do túnel de ter de volta um governo progressista e democrático.

Nenhum comentário: