sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

VSP Entrevista: Aline Torres, MDB: “O Bruno Covas tem muita sabedoria e um olhar humano. Isso deve refletir no governo dele”

A analista de relações públicas Aline Torres (MDB) foi candidata a vereadora de São Paulo em 2020. Foto: acervo pessoal

A relações públicas e gestora cultural Aline Torres, 35 anos, foi candidata do MDB (Movimento Democrático Brasileiro) a vereadora da cidade de São Paulo em 2020. Ela participou ativamente da coligação “Todos por São Paulo” (PSDB-MDB-Podemos-PP-PSC-PL-Cidadania-DEM-PTC-PV-PROS) com a candidatura de Bruno Covas a prefeito e Ricardo Nunes a vice. Nesta entrevista exclusiva ao VSP, a jovem candidata reflete sobre a coligação entre PSDB e MDB, sua militância política e fala sobre como ela imagina que será o governo de Bruno Covas.

 

VSP-  Como você iniciou sua militância política?

Aline Torres- Se for contar todos os detalhes fica muito longo (risos). Eu já falei sobre esse assunto muitas vezes...Eu militei durante muito tempo no PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). Fiz parte da Juventude Executiva durante muitos anos. Passei para o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) em 2020.

 

VSP- No seu início no PSDB você teve uma aproximação com o Geraldo Alckmin. Como foi isso? 

AT- Tive sim. O Alckmin foi governador por muito tempo e conseguiu viver essa gestão com altos e baixos. No geral ele sempre prezou um secretariado que fazia um mix de técnicos e políticos o que eu acho bastante importante. O Alckmin é um cara humano, simples, bem intencionado. É uma pessoa que tem a vida pública como missão de vida. Tem aspectos dele que admiro bastante.

 

VSP- Como você avalia sua militância no PSDB?

AT- Poxa, é difícil eu resumir toda uma militância em poucas palavras. Afinal, foram dezessete anos dentro do PSDB. Eu fiz parte da Executiva da Juventude do partido. Trabalhei em outros lugares dentro do partido e posso dizer que devo parte da minha formação política ao PSDB. Também tive experiências por outros movimentos antes de adentrar no partido e ver como a política de fato, a política institucional funciona. Pude vivenciar isso de fato. Então, o PSDB acabou sendo um pouco responsável pela minha formação.

 

VSP- O primeiro cargo público que você disputou foi a deputada federal em 2018. Como foi isso? Concorrer logo para um cargo federal?

AT- Olha, dentro da vida pública não existe hierarquia. Não é igual faculdade que você precisa terminar o ensino médio ou pra entrar num mestrado precisa um curso superior. Nada disso. Cada eleição tem seu perfil e seu direcionamento diferente. A eleição de 2018 foi a primeira quebra com a eleição de pessoas que não eram diretamente da vida pública. Cada eleição tem seu momento cíclico. Em 2016, a sociedade começou a olhar para esse público negro e periférico. Dois anos depois, começaram a botar várias pessoas de fora do meio político. Já esse ano de 2020 foi uma verdadeira catástrofe por conta da pandemia. Cada uma dessas eleições teve um contexto, uma particularidade diferente.

Naquela primeira eleição tive pouco tempo de organização, não tive tempo pra planejar. É como se fosse um cavalo selado que ia sair num campo...Mas foi uma oportunidade pra quem tinha dezessete anos dentro do PSDB. Tive um ganho político muito bom. Fui a primeira mulher negra a concorrer a deputada federal do partido. Tive quase 14 mil votos e isso me deu direito de conversar com outras cadeiras dentro do meio político.

Aline Torres foi a primeira mulher negra candidata a deputada federal do PSDB. Foto: acervo pessoal

VSP- Por que você trocou o PSDB pelo MDB?

AT- Por minha conta. Eu tinha que sair por um partido que tivesse alguma chance de ter uma votação mais expressiva. Então, não tinha coligação proporcional para todos os partidos. Por isso, cada partido tinha que montar uma chapa de mais de 80 candidatos a vereador. A eleição para a Câmara de Vereadores é a mais difícil porque você tinha mais de mil candidatos dentro da Capital. Todas as legendas tiveram que fazer conta. O MDB saiu com uma chapa muito estruturada e me deu mais condição para eu fazer a minha candidatura. E o PSDB e o MDB tem linhas de pensamento políticas muito próximas. Afinal, o próprio PSDB foi fundado saindo de dentro

 

VSP- Como se deu a elaboração da coligação “Foco, Força e Fé”? Desde o início a vaga de vice foi para o MDB e o Datena?

AT- A informação que eu tenho é a mesma que você têm pela mídia. O Datena ia ser candidato mas ele não quis e o Bruno (Covas) tinha outras opções. Dentro da coligação existiam outras opções mas essa foi uma decisão do Bruno. Ele acreditou que o Ricardo Nunes seria a melhor opção para resolver as questões partidárias da coligação. O Bruno tinha outros partidos dentro da coligação...Mas o MDB acabou sendo a opção dele.

 

VSP- Na sua avaliação, o que o Ricardo agrega para o governo do Bruno?

AT- O Ricardo é um cara que dentro da política tem o diálogo como uma característica necessária. Se eu puder definir o Ricardo em um atributo é que ele é leal e cumpridor de palavra. Ele entende bastante da máquina pública e isso deve agregar nas diretrizes do governo porque ele tem experiência, foi vereador duas vezes sempre com destaque dentro da Câmara Municipal. O Bruno é mais progressista que o Ricardo. Mas acredito que os dois dão uma mistura muito positiva e devem contribuir para uma gestão equilibrada para a cidade de São Paulo.

 

VSP- Durante as eleições vieram à tona alguns aspectos da vida pessoal do Ricardo. Como você avalia isso?

AT- Eu acho que estamos lindando com uma eleição muito difícil, concorrida. Trata-se do maior orçamento do Estado e a mais complexa de ser administrada. Foi uma eleição extremamente concorrida. A cadeira de ouro que o Boulos ia fazer de tudo que estava ao alcance dele para ganhar.

Na realidade, eles distorceram uma história e a gente sabe como as coisas funcionam. A partir do boletim de ocorrência está a prova que não houve uma agressão e sim uma discussão. Isso está no boletim de ocorrência. Contra fatos não existem argumentos. Em momento nenhum existe agressão do Ricardo ou agressão da esposa dele. Fico muito triste que numa eleição tão importante tenha seguindo esse tom de aflição e de Fake News. Mas, enfim, foi isso que aconteceu.

 

VSP- Na sua avaliação, quais são as maiores virtudes do Bruno Covas?

AT- Poxa, o Bruno é um cara muito justo. Durante dois anos ele foi meu presidente na Juventude do PSDB e sempre foi muito próximo, aberto. Isso desde que ele começou na carreira parlamentar. O Bruno é um jovem que gosta do diálogo, é justo. Acredito que esse olhar dele que vai conseguir trazer melhoras pra cidade.

 

VSP- Muitos comparam o Bruno ao Doria e dizem que o Bruno é mais socialdemocrata. Vamos dizer que ele seja um tucano old school?

AT- Ah, com certeza. Apesar de jovem, podemos dizer que ele seja a essência do PSDB. Ele é um social democrata na acepção da palavra. Tem uma postura dele que volta para as raízes históricas do PSDB. Ele está no partido desde a infância dele. É uma relação muito intensa com a legenda.

 

VSP- Na sua avaliação, como vem sendo o desempenho dos governos municipal e estadual com a pandemia do Coronavírus?

AT- Não sou a pessoa certa pra te responder essa questão. Não tenho como avaliar isso porque não estrou dentro da máquina pública, não participo de comitê nenhum. Na realidade, acredito que dentro das possibilidades devemos dar parabéns pro governador que teve muito pulso em questões bastante delicadas. Por um lado, tem os lojistas desesperados pra vender e do outro muita gente morrendo, não tendo vagas nas UTIs. Então, ser líder exige tomar decisões e muitas dessas decisões não agradam 100% das pessoas. Acredito que o Doria tenha ido bem e o Bruno também dentro das possibilidades.

 

VSP- Como você reagiu ao ato do deputado estadual Fernando Cury a deputada Isa Penna?

AT- Ah, completamente lamentável. Você sabe que na Câmara Federal foi construído um banheiro feminino somente há duas gestões atrás? Quando tem um ato tão deplorável como esse contra uma deputada independente do partido. Sou um pouco próxima ao Fernando Cury, acho ele foi um cara muito bom, simples, voltado a gestão pública, tem ações positivas. Mas antes de qualquer coisa ele é um homem. E é um homem branco, heterossexual e isso representa muita coisa. Não é o Fernando em si, mas essa caixinha dos homens como ele que acham coisas assim posturas normais. Pode ser que durante muito tempo essa atitude era entendida como normal. Mas não é mais e nunca mais será normal. É como o racismo. As coisas estão mudando. Foi um episódio brutal e completamente lamentável.

 

VSP- Quais são as suas expectativas com o governo Bruno Covas?

AT- Eu acho que ele vai conseguir fazer uma gestão dele. O Bruno vai montar uma equipe 100% dele e acho que vai conseguir uma ótima gestão. O primeiro ano vai ser muito difícil...Poxa, o ano de 2021 será um ano muito difícil. Nós tivemos aumento extremamente grande em produtos alimentícios. Além disso, são mais de 14 milhões de desempregados no Brasil e não sabemos quando vai ter a vacina. Não sabemos também se vai existir vacina para a população toda. Lógico que a gente não espera que o Bruno resolva todos os problemas que existem na cidade. Ele precisa escolher quais são os mais urgentes. Mas ele tem muita sabedoria e um olhar humano. Isso deve refletir no governo dele.


Aline Torres e o prefeito Bruno Covas. Foto: acervo pessoal

Nenhum comentário: