Por Jece Valadão
MAGNUS FILMES
Quando fui fazer Os Cafajestes montei uma produtora, que
existe até hoje, a Magnus Filmes.
Essa produtora é dona
de um estúdio no Rio, onde eu produzi os meus filmes. Hoje, esse estúdio é
alugado para outras finalidades.
COMÉDIAS ERÓTICAS
Fui o primeiro a
produzir comédia erótica no Brasil. A minha ideia era fazer filmes baseados em
textos da literatura brasileira.
Fiz O Enterro da
Cafetina e Memórias de um Gigolô, do Marcos Rey; Procura-se uma Rosa, do Pedro
Bloch; vários filmes com histórias do Nelson Rodrigues, entre outros.
Memórias de um Gigolô,
por exemplo, foi malhado na época, como um filme pornográfico. Algum tempo
depois, a Globo apresentou esse mesmo texto, integral, no horário nobre; e até
o título permaneceu.
Com esses filmes, fui
taxado como produtor pornográfico. O curioso é que todos eles foram baseados na
literatura nacional. E fui fiel à eles. De onde eu concluo que se sou um
produtor pornográfico, a literatura nacional também o é.
SEXO NO CINEMA
Quando um cara faz uma
cena de sexo numa filmagem e fica de pau duro, ele não é ator. É amador. Porque
não há condição de você se excitar. É mum negócio muito profissional.
Agora, em filme pornô é
condição sine qua non ficar excitado. Mas não são atores que fazem esses
filmes. Ator não pode ficar excitado.
Pode até pintar uma
cena de romance depois da filmagem. Aí, sai, vai para o motel, para o
apartamento...Agora, ali, na filmagem, é impossível.
Ficam mais de cinquenta
pessoas em volta: maquiador retocando a sua maquiagem, cabelereiro arrumando
cabelo, a figurinista consertando a roupa, o fotógrafo com fotômetro em cima de
você, o eletricista, o cameraman, o outro medindo...É impossível qualquer
excitação sexual.
AMOR AO CINEMA
Toda a preparação de um
filme é altamento excitante, porque você está compondo as pedras de um
quebra-cabeça. Depois, vem a filmagem, que é a realização daquele
quebra-cabeça.
O acabamento é melhor
ainda, porque é uma criação em cima da criação. É a montagem do filme, a
mexiagem, a colocação da música; corta aqui, corta ali, burila...
Agora, o mais excitante
de tudo é a estreia. É como se nascesse um filho.
E, estreou, você já passa outro filme. Seu filho para o mundo.
Emoções variadas
Essa é a sensação que o
cinema dá para quem trabalha com ele. Uma sensação maravilhosa, cheia de
emoções variadas.
Originalmente
publicado em: VALADÃO, Jece. Memórias de Um Cafajeste. São Paulo:
Geração Editorial, 1996.
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