Era a véspera do grande
dia. Mestre Juca acordara mais cedo do que de costume para dar uma espiadela no
Marujo. Antes, porém, parou na cocheira do Rumbero, sentindo, moralmente, a
obrigação de preocupar-se mais com o cavalo de Cid Chaves. Fazia questão de ser
correto nos menores detalhes de sua vida profissional. Fez um rápido exame no
cavalo, pediu a um dos auxiliares que o levasse para a pista e depois foi ver o
Marujo. Foi com emoção que pôs os olhos nele. Se vencesse estaria plenamente
reabilitado como treinador. Ninguém mais lhe dirigia ironias. Não sorririam
mais quando ele passasse. Precisava daquela vitória tanto quanto Gil.
- Você está disposto,
hein?- disse ao animal.
Marujo rinchou,
reconhecendo-o.
- Não vá me decepcionar
amanhã- lembrou o velhote. – Mostre que ainda é um craque de verdade. E um
grande craque corre até entrar na compulsória. Se vencer, terá apenas umas poucas
carreiras pela frente. Aí então poderá descansar o resto da vida. Comer o que
quiser, engordar o quanto quiser. Poderá pastar com Formasterus e Albatroz.
Ouvirá as velhas histórias que eles têm para contar e contará as suas.
Retirado do livro “A Última Corrida” de Marcos Rey
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