Escreve Leonel Prata
Existem duas Zildas:
uma é a Mayo, com muita maquiagem, atriz e estrela do cinema nacional, que acha
o maior barato tirar a roupa na frente dos outros e que sonha ser uma
profissional de muito talento, reconhecida por todo mundo, essas coisas. A
outra, que não é de maio, mas de março, signo de Peixes, de cara lavada, se
chama Sedenho. Mulher encantadora, que acha o maior barato vestir-se bem e que
sonha, aos 26 anos, casar-se com um homem inteligente, ter muitos filhos e
viver para a família. Aqui você vai conhecer as duas Zildas, o que elas fazem,
pensam e falam durante o dia.
VESTIDINHO CURTO,
PERNINHA GROSSA
Desde sua infância
Zilda sonhou ser artista. Adorava ficar brincando de cirquinho com os amigos,
fazendo de conta que era a estrela principal das brincadeiras. E ai de quem a
colocasse em segundo plano! Zilda vivia em Araraquara, interior de São Paulo,
com os pais e mais cinco irmãos.
Desse tempo ela nunca
se esquece dos vestidinhos curtos que usava, deixando à mostra as perninhas
grossas, para o delírio e sonhos secretos dos amiguinhos da rua. Nem de longe
imaginava que numa de suas primeiras visitas a São Paulo, cidade grande, iria
mudar sua vida pacata de criança do interior.
Estamos em 1969. Zilda foi dar um passeio na cidade, gostou, foi ficando, ficando, até mudar-se de vez, deixando as lembranças dos cirquinhos de lado e começando sua batalha rumo ao grande estrelato.
A RACHEL WELCH DE
ARARAQUARA
Zilda trabalhou,
durante quatro anos, como demonstradora de uma perfumaria esperando a sua
grande chance. Afinal, ela era ou não era a Rachel Welch de Araraquara? Este
foi um apelido que ganhou dos amigos pelos belos seios que sempre teve e que
sempre tratou como se fossem uma peça de arte. Pensando bem, Zilda tem toda
razão de querer preservar tamanhas joias.
A grande chance pintou
e a Rachel Welch entrou com o peito e a coragem: foi selecionada para ser uma
daquelas mocinhas bonitinhas do Programa Silvio Santos, que ficam trazendo
calouro pra cantar e que servem de ponte entre a produção e o risonho
apresentador, quando o programa está no ar. As chamadas telemoças. Dos
recadinhos domingueiros para o cinema foi um pulo.
A PRIMEIRA VEZ QUE
TIROU A ROUPA NO CINEMA NÃO TEVE VERGONHA. SÓ FICOU UM POUCO NERVOSA
Trabalhando com o
Sílvio Santos, Zilda foi escalada para fazer uma pontinha no filme que ele
produziu, “Ninguém Segura Essas Mulheres”. Zilda fez com tanta garra, que
ninguém mais a segurou. O responsável pela linha de shows do programa, Luiz
Carlos Braga, a indicou imediatamente para o diretor de cinema Jean Garrett.
Mas como tudo na vida não cai assim do céu, o diretor não acreditou muito na
moça, apesar dos seus atributos físicos. E o talento? Bem, quanto ao talento o David
Cardoso assinou embaixo e deu a maior força. David falou tanto na cabeça do
diretor, que ele acabou aceitando a jovem com carinha de menina e corpo de
mulher. “Mas a gente tem que dar um nome artístico pra garota. Zilda Sedenho
não pega bem. Que tal Zilda Mayo?”, sugeriu Jean Garrett. Até que soou bem aos
ouvidos da Zilda, o Mayo. “Com Y; né?” E assim Zilda Mayo fez “Possuídas Pelo
Pecado”, seu primeiro filme. Tirou a roupa, mas não teve vergonha. “Só fiquei
um pouco nervosa”.
TODOS OS HOMENS QUE
CONTRACENARAM COM ELA FICARAM EXCITADOS
Depois disso ninguém
mais duvidou do talento dela. E começou a fazer um trabalho atrás do outro. “Excitação”,
“Noite em Chamas”, “A Ilha dos Prazeres”, “Caso Cláudia” são alguns dos 13 filmes
que já atuou. No último deles, “A Dama do Sexo”, Zilda Mayo é a atriz
principal. Em quase todos tirou a roupa.
Você não fica de bode de ter que ficar pelada para aparecer, Zilda Mayo? “Não. Depende da cabeça das pessoas. Acho meu corpo bonito, curto ele e o que é belo tem que ser mostrado. Sem malícias. O nu artístico é maravilhoso”.
E os carinhas que
contracenaram com você nua, ficaram excitados?
“Todos os homens que
contracenaram comigo ficaram”, responde de imediato, com um sorrizinho maroto
de quem não tem culpa de nada. E quem não ficaria?
Zilda Mayo é consciente
das dificuldades de sua carreira e também que o sucesso, muito próximo, não lhe
subirá a cabeça. “Estou preparada pra tudo”, diz ela, muito séria, com um ar
bem profissional.
AGORA ZILDA FALA UM
POUCO DELA E DOS HOMENS
Não é só tirar a roupa
para as câmeras que vive Zilda Mayo. Longe das luzes e dos scripts, a mulher
maravilhosa que enlouquece qualquer homem é uma menina. Tem até um cheirinho
gostoso de criança, já que “adora sabonetes e esses produtos de bebês”. Pedi a
ela pra falar um pouco da Zilda sem maquiagem, da mulher do dia-a-dia e com seu
jeitinho de debutante do interior, voz macia, foi falando:
“Não faço gênero, sou
muito autêntica e curto o momento. Gosto de acordar bem cedo, respirar o ar da
manhã. Dizem que eu durmo e acordo muito bonita. Pra mim, estou sempre com a
mesma cara. Faço ballet, curto música (adoro Roberto Carlos), gosto de bater papo
com as pessoas, tomar sol. Amo a vida. Não me amarro em política. O Figueiredo?
Não posso achar nada dele, ele bem me conhece! Abertura? Aquele programa da
Tupi?”.
“No cinema sou fã do
Roman Polanski, da Marilyn Monroe, da Barbra Streisand, da Sônia Braga, da Dina
Sfat e do Marco Nanini. Ah, da Rachel Welch também, é lógico!”.
“Não sou do tipo
namoradeira. Me paqueram muito, mas não gosto de homem com muito papo e pouca
ação. Sou o tipo de mulher que o homem tem medo. Não gosto de pegar no pé de
ninguém, nem de ser cri-cri. Nunca sofri por amor, porque é muito difícil eu me
apaixonar por alguém. Sou apaixonada por mim mesma. Meu grande sonho é ser uma
atriz de talento, pois já nasci estrela”.
Publicado originalmente
na revista Homem em dezembro de 1979
3 comentários:
Humildade passa longe dessa senhora.
Vi a peça Nua na Platéia nos anos 80 e posso afirmar que ela não chega aos pés de outras atrizes que vi nuas, como Matilde Mastrangi, Helena Ramos, Zélia Martins, Nicole Puzzi.........
Por falar em Zilda Mayo, os seis maiores e mais extremamente sensuais e estonteantes sonhos sexuais mundiais de todos os tempos são os irmãos André Di Mauro e Cláudia Mauro, os cantores Lulo Scroback e Samantha Fox e as atrizes e modelos de origem italiana Selma Egrei e Stefania Rocca.
Além de Zilda Mayo, outra celebridade e sex symbol brasileira da década de setenta do século vinte que também admirava e imitava completamente a própria Raquel Welch em termos de estilo e aparência física em relação aos seus longos e ondulados cabelos castanhos claros soltos e esvoaçantes repartidos do lado esquerdo da cabeça, olhos escuros e brilhantes enormes e expressivos, pele de pêssego bronzeada lisa e saudável ao extremo além de um rosto perfeito e um corpo escultural por inteiro foi o antigo e falecido travesti nacional Jaqueline Welch que era muito famoso no Brasil inteiro naquela mesma época.
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