A Ilha do Desejo
Por
Fernando Ferreira
Para
sua estreia na produção, o ator David Cardoso procurou unir dois assuntos
cinematográficos de irrecusável apelo popular – a intriga policial e a sugestão
erótica. De quebra, cenários idílicos, numa ilha do litoral paulista, um japonês
façanhudo, de físico gigantesco, décors de luxo, o ambiente lusco-fusco de boates
com shows de strip-tease, fora as lanchas da Marinha e seus oficiais (...)
tentando, com alguma falta de jeito, fazer uma figuração rápida e
impecavelmente trajada de branco.
Mas
o filme não se concretiza satisfatoriamente nem ao nível do argumento nem da
realização. O diretor Jean Garret, que também assinou o roteiro, parece sempre
atento ao ângulo mais favorável para colher as formas ou as particularidades da
anatomia das garotas do filme, e se encanta, frequentemente, com certos
artifícios de colocação da câmara ou de utilização das lentes que mais
comprometem o filme pelo intuito, do que lhe acrescentam qualquer coisa de
ornamental como parece ter sido a intenção.
O
argumento é, no seu arranjo, basicamente ingênuo, mesmo apesar do seu aparente
conteúdo erótico. As soluções são simplistas e armadas, no roteiro, de forma
bastante precária e insatisfatória. E a direção não revela criatividade seja na
armação do clima ou na condução dos personagens em cena, no seu relacionamento
ou no rendimento das suas possibilidades através dos intérpretes. Resulta,
disso tudo, que A Ilha do Desejo é um filme inconveniente, equivocado e
simplório que tem sua maior atração – como prova o sucesso de São Paulo e
outras capitais – na frequência com que, nele, as atrizes apareçam com pouca ou
nenhuma roupa.
Publicado
originalmente no jornal O Globo, Rio de Janeiro, 25 de junho de 1975.
3 comentários:
Queria muito ter visto na tela grande.
Olá. Onde posso ver esse filme?
Tá difícil,Larissa.
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