Fotonovela erótica?
Seriado dos anos 40? Livro de subliteratura? Adivinhem o que é isso?
(Mesmo que adivinhem não tem prêmio)
Por Ignácio de Loyola
Brandão
Uma matriarca de rosto
pétreo, fumando uma piteira década de 20. Um mordomo, capataz japonês, faixa
preta de kung-fu ou judô impotente. Um que se satisfaz com a sua moto. Um
garoto débil mental que adora arrancar penas de frangos vivos ou observar a
cozinheira cortando a carne sangrenta. Um empregado silencioso que guia a
lancha e contempla com olhos gulosos as mulheres.
Um mocinho que faz
tráfico de brancas e de repente se torna bonzinho. Meia dúzia de garotas débeis
mentais que vão sendo assassinadas uma a uma. O que vocês pensam que é isto?
Algumas chances de adivinhação:
1- Um seriado da década
de 40?
2- Uma radionovela?
3- Uma fotonovela
erótica?
4- Enredo de um livro
de banca de estação rodoviária?
5- Crianças de ginásio
inventando um romance policial?
Claro que vocês não
acertaram nenhuma. Por que não é nada disso. Estes são os elementos que compõe
uma fita chamada “A ilha do desejo”, mais um nacional pornochanchada. Que,
vamos reconhecer, tem uma direção mais cuidada que a média.
Mesmo assim, vou te contar.
Não cheguei ao fim do filme. E sou daqueles que não saem, sempre na esperança
de que melhore. Mas quem quiser ir, vá. Mas aviso: de erotismo não tem nada,
até as meninas são sobre o ruim.
Publicado originalmente
no “Última Hora”, São Paulo, 28 de junho de 1975.
Um comentário:
Só pela presença de David Cardoso eu ficaria até o final do filme.A qualidade artística não me interessa.
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