HELENA
SAMARA
A
atriz e dubladora Helena Samara (1933-2007) trabalhou em alguns
longas-metragens na Boca como em Como Consolar Viúvas de José Mojica Marins. Nesse trabalho, ela fazia a tia das três belas viúvas. Sua
carreira foi mais dedicada a dublagem. Ela que dublou personagens famosas como
a Bruxa do 71 do seriado "Chaves" e Endora no seriado "Feiticeira". Segue aqui a transcrição de uma matéria que a revista Cinema Em Close-Up realizou sobre ela.
Apesar
de ter 22 anos de carreira artística, só agora Helena Samara faz sua estreia no
cinema, no papel de Tia Dadá no filme O
Consolador de Viúvas, de J. Avelar. Ela é tia das três jovens viúvas.
Esta artista tem sua vida profissional praticamente dedicada ao rádio e á dublagem de filmes estrangeiros.
Quando começava a carreira, em 1954, foi contratada pelas Emissoras Associadas, fazendo locução e radionovela na Tupi-Difusora, em programa de Lenita Campos. Atuava ao lado de sua irmã Elvira Samara.
Ficou
no rádio- só no rádio – por um período de 10 anos. Depois disso, passou a
representar na televisão, como integrante nas organizações “Victor Costa”, hoje
a TV Globo.
Na
televisão fazia telenovelas (“A Herdeira de Feriach”, direção de Líbero Miguel)
e teledrama (“Os Três Leões”).
Experiência
principal no teatro: “Lisístrata”, junto com Ruth Escobar, em 1967.
Apesar
de ter-se mostrado fisicamente poucas vezes, Helena Samara é uma atriz
satisfeita com a carreira.
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Por que não continuou com a televisão e com o teatro?
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Fui convidada várias vezes, mas me faltava tempo. E como prefiro fazer as
coisas certas, nem que tenha que me concentrar em uma só, achei que devia me
primar primeiramente como radioatriz, para depois diversificar...hoje já posso
fazer isso. Tanto que – como você vê – estou “atacando” de cinema.
Como
a radionovela é um mercado que está escasseando, Helena tem hoje como ocupação
principal a dublagem de filmes estrangeiros para a televisão. Só que para o
leitor a identifique, atualmente ela dubla Endora, mãe de Samantha, na série “A
Feiticeira”. Mas ainda faz suas incursões no rádio, com participações na Rádio
Mulher (SP).
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Agora que estreou no cinema, o que acha disso?
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Fascinante! Sabe eu nunca tinha nem visto uma equipe de cinema trabalhando. Para
mim, tudo foi novidade...uma agradável novidade! Estou satisfeitíssima!
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Não estranhou a técnica, não?
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Não. De jeito nenhum. Conheço muito bem a televisão. Apesar de serem duas
coisas completamente diferentes, o processo técnico é meio parente. Daí, usei
meu traquejo de TV, e acho que não criei nenhum problema maior para o diretor.
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O que é melhor: cinema ou televisão?
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A televisão: todo mundo sabe- promove mais, paga melhor, etc. Mas o trabalho é
intenso e complicado. Lá você não tem tempo nem para respirar. É uma máquina,
entende? O cinema já é mais tranquilo, mais calmo...então acho que prefiro o
cinema.
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Acho que agora vai se mostrar mais fisicamente e deixar um pouco a dublagem?
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Gosto do cinema, mas minha maior vivência foi diante dos microfones. Estou
disposta a me mostrar mais nas telas ou nos vídeos, mas a dublagem eu acho que
não deixo nunca viu! Está no sangue...
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O artista no Brasil vive bem, vive mais ou menos, ou vive mal?
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Razoável. A carreira artística é muito instável. Acredito mesmo é nas marés. Há
um período em que você está assoberbado de trabalho até o pescoço. Depois cai,
e você fica sem fazer nada. Mas se o artista souber balançar bem as coisas,
leva uma vida razoável. Boa mesmo, acho que não...há as exceções é claro!
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E como vai o mercado de dublagem?
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São Paulo está sofrendo mais que o Rio. Lá já “existe” a profissão. Aqui
estamos lutando por isso, e parece que as coisas irão se igualar com nossos
colegas cariocas. Aliás, já estamos conseguindo valer algumas das nossas muitas
reivindicações, e isso é muito bom...
Está é Helena Samara, atriz veterana dos microfones, atriz principalmente nas telas, mas trazendo atrás de si uma sólida e invejável bagagem.
Publicado
originalmente na revista Cinema em Close-Up, ano 2, edição número 9
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