Segue uma reprodução de
uma matéria publicada no anuário da Revista Cinema em Close-Up de 1977:
O dublador representa
uma das peças mais importantes na feitura de um filme brasileiro, e
principalmente na tradução de estrangeiros, que são apresentados no Brasil
através da televisão.
Pela pequena difusão do
som direto em filmes de longa-metragem brasileiros, a participação deste
profissional se faz sumamente importante, emprestando sua voz.
Apesar disso tudo,
continua o dublador como um “ilustre desconhecido”. Foi pensando nessa
circunstância que resolvemos publicar em nosso anuário (e continuar publicando
nos próximos) alguma coisa sobre este elemento, para que o público conheça sua
real importância.
Claro que estamos
mostrando apenas uma pequena parte do que existe dentro do mercado paulista de
dubladores, mas para o próximo ano estaremos apresentando, além de outros
paulistas, também os cariocas.
A título de informação:
em São Paulo existem quatro principais estúdios de dublagens: Odil Foo Brasil,
Kinosom, A.I.C. (Arte Industrial Cinematográfica) e Álamo Laboratório de
Cinematografia e Som (detentor de cerca de 90% do mercado de trabalho para
dublagens de filmes estrangeiros apresentados na televisão).
São dubladores:
ALIOMAR DE MATTOS
Começou carreira no
rádio em 1940, no Rio de Janeiro. Mais tarde, diversificou-se, tendo tido
experiências em todos os ramos da arte de interpretação: cinema, teatro, rádio
e televisão.
Foi protagonista da
“Companhia Procópio Ferreira”, durante cinco anos, ocasião em que viajou por
todo Brasil.
Na Televisão teve
importante participação em programas humorísticos e no “Grande Teatro de
Comédia”, na TV Tupi do Rio. Em São Paulo, esteve na TV Bandeirantes, canal 13,
onde, entre muitos trabalhos destaca-se o sucesso que fez durante dois anos no
programa infantil naquela emissora, chamado “Carrosel”, onde interpretava a
personagem “Dinda”.
Entrou para a dublagem
em 1958, quando esse processo estava em seu início, no Rio de Janeiro.
Transferiu-se para São Paulo em 1967, passando a dublar para A.I.C., tendo
ainda colaborado em outros estúdios. Há um ano é contratada pela Álamo.
Entre seus mais
importantes trabalhos destacam-se as séries “A Noviça Voadora”, “A Feiticeira”,
“Agente 86”, “Os Audaciosos”, “Os Flinstones”, entre outros.
Dubla também crianças
em filmes comerciais para televisão, com voz caracterizada (na série “Os
Flinstones” faz a voz da garota Pedrita, filha de Fred e Vilma Flinstone).
ARAKEN SALDANHA
Iniciou a carreira como
ator físico em televisão, tendo feito importantes trabalhos. Nessa mesma época
iniciou-se no rádio, contratado pelos Diários e Emissoras Associados. No início
da década de 50 começou a dublar, justo no momento em que a dublagem aparecia
efetivamente no Brasil.
Por sua capacidade,
constitui-se numa das mais belas vozes da televisão. Dublou “Jim das Selvas”,
“Missão Impossível”, entre outras.
Os maiores atores
internacionais (Richard Burton, por exemplo) tiveram Araken como seu dublador
para o Brasil.
Como ator físico no
cinema teve participação em filmes como Uma
Pistola Para Djeca de Ary Fernandes e O
Jeca Macumbeiro de Pio Zamuner e Amácio Mazzaropi.
Há dois anos é
proprietário-fundador da empresa Kinosom, especializada em dublagem de filmes
brasileiros.
CHICO JOSÉ
Francisco José Correa
iniciou carreira profissional em 1965, como ator em teatro, onde fez “Os
Sinceros”, de Ide Almeida (1965), “Joana D´arc entre as chamas de Paulo Claude
(1967), “O Evangelho segundo Zebedeu” de César Vieira (1973), “Os
Inconfidentes” de Orlando Senna (1972), além de uma passagem por teatro de
revista em 1976.
Também teve experiência
como ator em televisão, tendo participado de vários programas, todos na TV Tupi
de São Paulo, como: “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”, “Confissões de Penélope”,
“Do Camilo e Os Cabeludos”.
Criador do boneco-vivo
Vigarino da “Turma do Tongo-tong”, apresetaod em teatro e nas TVs Tupi e Record
de São Paulo.
Como dublador teve
trabalhos de maior importância. Emprestou sua voz para as séries “O Homem de
Virgínia”, “A Cidade das Ilusões”, “Protector´s”, “Jason King”, “O Imortal”, “O
Galante Mr. Deeds”. Dublou os longas-metragens estrangeiros: “Os Valentes Vão
para o Inferno”, “Somente com Homens Casados”, “Beau Geste” e muitos outros.
ELEU SALVADOR
Dono de profícua
carreira no ramo de dublagens. Colocou sua voz em cerca de 2.000
longas-metragens para a televisão.
Teve sua voz nas séries
“Jornadas nas Estrelas”, “Jeannie é um Gênio”, em desenho animado, “David e
Julieta”, entre outros.
Considera seu trabalho
mais importante em termos de criação e dublagem do filme “Cidade sem Deus”
(Peyton Place), em 1973.
É especializado em
criar tipos em cima dos personagens (sotaque inglês, francês, italiano, judeu,
velho, criança, etc).
Grande parte de sua
carreira na dublagem foi dedicada ao estúdio A.I.C.
Seu trabalho neste
setor começou em 1967 foi até 1975, quando Eleu Salvador resolveu deixar
definitivamente a dublagem para dedicar-se a carreira de ator físico no teatro,
cinema e televisão.
HELENA SAMARA
Atriz essencialmente do
rádio e dublagem, só agora teve sua primeira experiência no cinema, no filme Como Consolar Viúvas, de J. Avelar.
Começou carreira em
1954 como locutora e radioatriz na Rádio Tupi/Difusora. Ficou nesse emissora
até 1964 (durante dez anos), até transferir-se para as “Organizações Victor
Costa”, atual TV Globo. Lá se iniciou como atriz, tendo participado de vários
programas (A novela “A Herdeira de Feriach” e o melodrama “Os Três Leões”).
A sua estreia no teatro
foi marcado pela representação da peça “Lisistrata”, ao lado de Ruth Escobar,
em 1967.
Atualmente deixou o
vídeo e os palcos, e como as radionovelas já não tem popularidade de antes,
Helena Samara tem a dublagem em filmes de longa-metragem brasileiros e
estrangeiros (para a televisão) como ocupação principal.
Um dos personagens mais
conhecidos que teve a voz de Helena foi Endora da série “A Feiticeira”.
Pretende continuar em
cinema.
Helena Samara morreu aos 74 anos em 8 de novembro de 2007 em Belo Horizonte (MG)
JOÃO PAULO RAMALHO
Começou carreira no
teatro, estreando na peça “Maria Stuart”, ao lado de Cacilda Becker. Depois
transferiu-se para o rádio, tendo atuando na extinta rádio São Paulo por um
período de dez anos, como radioator.
Paralelo ao rádio,
voltou ao teatro com “Santa Maria Fabril”, depois de ter-se incluído no elenco
das mais importantes radionovelas da época.
Do rádio saltou para a
dublagem, emprestando sua voz nos estúdios da A.I.C. Atores como Rod Taylor,
Kirk Douglas, Marcello Mastroiani e Ron Ely (na série Tarzan) foram mostrados
na televisão brasileira com a voz de João Paulo Ramalho.
A partir de 1973, o
dublador foi eleito Procurador Geral da empresa A.I.C., cargo que exerce até
hoje.
Em 1976 voltou ás lides
de ator físico, tendo feito o filme Como
Consolar Viúvas, sob direção de J. Avelar.
João Paulo Ramalho morreu aos 74 anos de idade em 10 de dezembro de 2006 em Praia Grande (SP)
JORGE BARCELLOS
Seu nome verdadeiro é
Manuel Yades Rezende da Cunha, e iniciou carreira profissional em 1959, no Rio
Grande do Sul, como ator de radionovelas.
Em 1962 transferiu-se
para a TV Gaúcha, ainda em Porto Alegre, tendo exercido funções de ator e
produtor.
A partir de 1967
iniciou-se na dublagem, função que exerce até hoje, como contratado da Álamo
Laboratórios de Cinematografia e Som.
Já colocou sua voz em
atores conhecidíssimos como Robert Redford, Rock Hudson, Dean Martin, Robert
Wagner e Montgomery Clift.
CAZARRÉ
É o filho mais velho do
casal de atores Darci Cazarré e Déa Selva. Seu nome completo é Older Cazarré
(Older, traduzido do inglês, significa “mais velho). Nasceu em 16 de janeiro de
1935. Estreou no cinema em 1939, com apenas 4 anos de idade, no filme O Bobo do
Rei, ao lado de sua mãe Dea Selva. Voltou aos 11 anos, em Anastácio. Aos 13 fez
Não me Diga Adeus ao lado do pai, Darci Cazarré. Viajou com a Companhia Dea
Cazarré de propriedade de seus pais, onde teve experiências importantes em
teatro. Desde seu início de carreira, caracterizou o tipo “velhinho”, tendo
feito isso praticamente até hoje, na maioria de seus papéis, criando imagem de
pessoa extremamente idosa. Em 1949, teve sua primeira experiência no rádio. Na
televisão, estrou em 1954, com o programa “O Contador de Histórias”. Fez
brilhante carreira. Em 1956, paralelo à televisão, iniciou-se como dublador.
Criou vozes de personagens de desenhos animados, que depois ficariam famosas:
Dom Pixote, Ploc (da dupla Plic e Ploc), Zé Colmeia, etc. Colocou sua voz em
discos de uma série de historietas infantis de Walt Disney. Esse trabalho foi
coberto de pleno êxito, e isso lhe valeu uma viagem aos Estados Unidos, em
visita aos Estúdios Walt Disney, onde Cazarré, aproveitando a ocasião, fez um
curso de direção de cinema.
Trabalhos importantes
na televisão: “Hospital”, “Dom Camilo”, “Idade do Lobo”, “Conde Zebra”, “O
Machão”, “O Sheik de Ipanema”, “Vila do Arco”, “Canção para Izabel”.
No cinema, destaca: O Sexualista de Egydio Eccio, O Supermanso, Ary Fernandes, O Quarto da Viúva de Sebastião de Souza,
Eu Faço...Elas Sentem, de Clery
Cunha, Passaporte para o Inferno, de
J. Marreco.
Prepara-se para dirigir
cinema.
Older Cazarré morreu aos 57 anos de idade em 26 de fevereiro de 1992 no Rio der Janeiro (RJ)
MARCOS MIRANDA
Seu nome verdadeiro é
Vaine Geisler Dutra. Iniciou profissionalmente na Rádio Farroupilha de Porto
Alegre, em 1956. Nesta época Marcos cantava profissionalmente, e chegou a
gravar quatro discos.
No ano de 1958,
transferiu-se para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, onde participava de
programas ao vivo como apresentador. Neste mesmo ano estreou no teatro de revistas
onde acabou fazendo cerca de trinta peças.
Vindo para São Paulo, e
abandonando definitivamente o Rádio e o teatro de revista, dedicou-se ao teatro
de comédia, onde participou entre outras, das peças: “My Fair Lady”, “Marat
Sade”, “Oh Que Delícia de Guerra”. Também esteve na televisão, pela TV
Excelsior: “A Indomável”, “Caminho das Estrelas”, “A Pequena Karen”.
Também dedicou-se a
dublagem de filmes para televisão e cinema, transformando-se num dos maiores
dubladores atualmente. Sua voz é preferida em atores como Tony Curtis, Frank
Sinatra, George Preppard, Paul Newman, Dean Martin, e outros. Também dublou
várias séries entre elas “Persuaders”.
Como ator de cinema
participou dos filmes: Rogo a Deus e
Mando Bala, de O. Oliver; Lista Negra
Para Black Medal, de Charles Oliver (esses dois filmes foram feitos por
brasileiros usando pseudônimo estrangeiro. O Oliver é Osvaldo de Oliveira e
Charles Oliver é Carlos Augusto de Oliveira. Marcos Miranda usou nesses dois
filmes o pseudônimo de Mark Wayne); Gente
Que Transa de Sílvio de Abreu; As
Cangaceiras Eróticas de Roberto Mauro; Desejo
Proibido de Tony Vieira; e a série Vigilante
Rodoviário, de Ary Fernandes.
Fez comerciais para
televisão há doze anos initerruptamente.
Marcos Miranda morreu aos 59 anos de idade em 7 de outubro de 1992 no Rio de Janeiro (RJ)
MARLY MENDES
Marly Mendes é o
pseudônimo de Judith Prado Lux. Começou profissionalmente no rádio em 1943,
trabalhando na Rádio Kosmos, como radioatriz. Depois, transferiu-se para a
Rádio Panamericana e Rádio São Paulo.
Em 1951, foi para o Rio
de Janeiro, onde militou na Rádio Clube do Brasil, depois passando pela Rádio
Tamoio e Tupi. Foi nesta época que teve experiência na televisão, pela TV Tupi,
Canal 6 do Rio de Janeiro.
A partir de 1967,
abandonou definitivamente o rádio e a televisão, passando a se dedicar única e exclusivamente
a dublagem.
Atrizes já dubladas por
Marly: Shirley Booth, Telma Ritter, Françoise Rosy e muitas outras.
Participou ainda das
séries: “A Noviça Voadora”, “David e Julieta”, “Lucy Show”, “Kojak” e outras.
Dublou ainda o filme “A
Pequena Orfã”.
MARTHUS MATHIAS
Marthus Mathias de
Faria iniciou-se profissionalmente em 1950 como radioator pela Rádio São Paulo.
Nesta modalidade, participou de trabalhos extremamente importantes como “A
Cabana do Pai Thomas”, “Teatro da Aventura”, “O Conde de Capricórnio”, entre
tantos outros numa carreira continua que durou um período de 23 anos.
Também foi profícuo
dublador de filmes brasileiros, tendo feito cerca de 17, entre eles: Casinha
Pequenina, Jeca Tatu, Chofer de Praça, As Aventuras de Pedro Malazartes, Cidade
Ameaçada, Conceição, Absolutamente Certo, A Marcha, Caís do Vício.
Teve ainda experiências
como ator físico, todas elas na televisão: “Vitória Boneli”, “A Muralha”, “Uma
Rosa com Amor”, etc.
Fez 12 trabalhos em
publicidade para televisão.
Como dublador: “Os
Flinstones” (é o dublador oficial para o Brasil do personagem Fred Flinstones),
Rin-Tin-Tin, o Agente da U.N.C.L.E., entre outros.
Também emprestou sua
voz para atores do nível de Jack Ellan, Antony Quinn, Lee J. Coob.
Marthus Mathias morreu aos 67 anos em 10 de janeiro de 1995 na cidade de Campo Grande (MS)
ORLANDO VIGIANI
Orlando Vigiani Filho
nasceu em 17 de março de 1949, em São Paulo.
Começou carreira em
1956, cantando no “Clube do Papai Noel”, depois foi para a Rádio São Paulo,
onde exerceu funções de radioator infantil, e neste mesmo ano, 1960, começou
carreira como dublador.
Várias séries
apresentadas na televisão que obtiveram sucesso, tiveram a voz de Orlando
Vigiani: Dennis, o Travesso, “National Kid”, “As Viagens de Jaime”, “Os
Jetsons”, “Rin-Tin-Tin”, “Johnny Quest”, “A Família Dó-Ré-Mi”, além de muitos
longas-metragens tanto para a televisão como para o cinema.
Em 1974 foi contratado
pela TV Bandeirantes para fazer o programa infantil “Carossel”, empreendimento
que teve grande repercussão, ficando no ar por um período de dois anos,
initerruptamente.
Atualmente, Orlando
Vigiani está contratado pela Álamo Laboratórios de Cinematografia e Som, onde é
responsável pela Coordenação Artística, ou seja é ele quem faz a escolha de
vozes para os atores em filmes dublados por aquela empresa.
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