Coriolano Rodrigues
Mineiro. Esse nome não está entre os cineastas mais celebrados do Brasil. Os
mais intelectuais podem lembrar-se de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos,
Cacá Diegues. Mas Coriolano nunca foi famoso. Sua história sempre esteve nas
entrelinhas, nos bastidores. Mas sua história foi um verdadeiro filme: cheio de
altos e baixos. Mas ele não era conhecido na Boca do Cinema por seu nome. No
quadrilátero ele era conhecido como Rodrigo Montana, o Rodrigo. Nós nos conhecemos
no escritório que ele mantinha na rua dos Andradas, centro de São Paulo, na
Boca. Lá ele comandava a “Associação São Paulo, a Cidade e o Cinema”. Seu
objetivo era fazer o calçadão da fama do cinema paulistano tal qual Hollywood.
Mas Montana era maior que qualquer calçadão. Sempre nos encontrávamos nas
dependências da sua instituição que só tinha um associado: ele mesmo. É
interessante como as pessoas acreditam piamente nos seus sonhos ou fingem bem.
Rodrigo era um sonhador. “Você sabe o que é uma boiada? Você sabe o que é o
sertão de Mato Grosso?”. Sua escola foi essa. Tinha respeito pelos animais, principalmente
cavalos. Ele dizia que conseguia ficar sentado num cavalo e com as próprias mãos
pegar uma moeda no chão. Todos os filmes de temática sertaneja ou que tinham
cavalos Rodrigo era chamado. Fomos muito próximos, nos víamos a cada quinze
dias. O único longa-metragem que ele dirigiu foi “Rodeio de Bravos” de 1982 que
nunca foi lançado comercialmente. Os exibidores queriam que o filme tivesse sexo
explícito. Montana não aceitou e ficou assim. Sua filmografia foi mais extensa
como ator (“no D´Gajão eu morri cinco vezes”) e diretor de produção. Essa última
talvez sua melhor atividade dentro do cinema. Montana insistia que ela tinha trazido
a moda country pro Brasil e que tinha criado aquele coração nas campanhas do
Paulo Maluf. Já fazem sete anos que Montana morreu. E parece que não consigo
esquecer dele. Todo dia penso nele. Nunca mais liguei para a irmã dele, a dona Irma. Capaz dela ter morrido também.
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