Ele fumava um cachimbo
doce. E gostava de máquinas de jogos de azar. Para jogar nessas maquininhas muitas
vezes ele ia no fundo dos botecos escabrosos. A verdade é que José Lopes, o
Índio, tinha verdadeira adoração por seu cabelo. “Era nele que as moças
passavam as mãos”, dizia sorrindo. Sua carreira floresceu durante todo o
período da Boca do cinema paulista: início, apogeu e decadência. Foi ator de
centenas de produções Seu maior amigo dentro do campo cinematográfico parece
mesmo ter sido o ator, cineasta e produtor Tony Vieira (1938-1990). Mineiro de
nascimento, Tony trabalhou em circos e com luta livre antes de entrar na área
cinematográfica. Mas chegou ao estrelado fazendo faroestes e policiais eróticos
de baixo orçamento na rua do Triunfo. Índio esteve ao seu lado em todos os
momentos desde o começo até o final. Foi uma amizade verdadeira e profunda. Era
comovente ver o Índio lembrando-se das aventuras e desventuras que os dois
fizeram juntos. “Fazia um sucesso danado. A verdade é que no Nordeste o Tony
Vieira era o rei do cinema como o Roberto Carlos”.
Baiano de nascimento,
Lopes trabalhou na TV Excelsior, fez diversos comerciais e chegou a trabalhar
até em novelas da Globo. Sempre que precisavam de um apache, tupinambá, caingangue,
guarani, xavante, todos os tipos de etnias chamavam ele. Esteve em diferentes
películas como “O Bandido da Luz Vermelha” de Rogério Sganzerla, “Iracema- A
Virgem dos Lábios de Mel” de Carlos Coimbra, “O Inseto do Amor” de Fauzi
Mansur, “Pedro Bó, o Caçador de Cangaceiros” de Mozael Silveira, “A Opção:
Rosas da Estrada” de Ozualdo Candeias, “Horas Fatais: Trocas de Cabeças” de
Francisco Cavalcanti e Clery Cunha, “O Homem Sem Terra” do mesmo Francisco Cavalcanti, entre
muitos outros. Em algumas produções o Índio também dirigiu efeitos especiais
para explosões, lutas, coisas assim. Tudo de maneira apaixonada dentro daquele
universo da Boca paulista. Após a chegada do sexo explícito, Índio prosseguiu
trabalhando em cinema e fazendo seus comerciais. Ninguém vai conseguir ser como
ele. Aliás, só José Lopes foi o verdadeiro Índio. Na acepção da palavra.
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