"Conversão de São Paulo" de Caravaggio 1600/1601 |
Ele foi o bandeirante do Novo Testamento. É o autor de treze dos 27 livros do Novo Testamento. Ficou famoso por suas viagens
e inúmeras aventuras. Trata-se do apóstolo Paulo. Ele nos alertou sobre a necessidade de não
desprezar a juventude: “Ninguém
despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-se padrão dos fiéis, na palavra,
no procedimento, no amor, na fé, na pureza” (1 Tm 4:12). Paulo não sabia. Mas o segundo turno para a
prefeitura da cidade de São Paulo reúne o embate de dois jovens candidatos. Mas
de formações, espectros e perfis completamente diferentes.
De um lado, um concorrente com certa experiência no Legislativo e Executivo: Bruno Covas do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). Candidato de centro ou centro-direita, ele reúne um sobrenome conhecido do eleitorado e uma ampla coligação que reúne onze partidos políticos (PSDB-MDB-DEM-PODE-PP-PSC-PL-Cidadania-PTC-PV-PROS). Covas é formado em direito pela USP (Universidade de São Paulo) e economia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). É filiado ao seu partido desde o berço sendo neto do ex-governador Mário Covas (1930-2001). Bruno iniciou sua vida pública como deputado estadual. Foi líder do governo Geraldo Alckmin na Assembleia Legislativa e depois Secretário Estadual do Meio-Ambiente. Teve uma rápida passagem por Brasília como deputado federal e herdou a prefeitura de Doria que foi para o governo do estado. Aos 40 anos, Bruno Covas teve uma votação expressiva, sendo o mais votado em todas as regiões da cidade: da periferia aos bairros nobres. Teve uma doença seríssima da qual parece ter se recuperado. Nos debates e entrevistas demonstrou-se recatado, evitando ataques pessoais aos adversários e focado nas questões da cidade. Suas propagandas foram levadas com o lema “Força, Foco e Fé”.
A vaga de vice de Covas desde o primeiro momento esteve destinada ao MDB (Movimento Democrático Brasileiro). É a primeira vez que PSDB e MDB se aliam desde a fundação da primeira legenda em 1988. Até porque o PMDB antes era controlado no estado pelo ex-governador Orestes Quércia (1938-2010), que sempre teve rusgas com os tucanos. Mas a ideia original da vaga de vice de Covas era para o apresentador José Luiz Datena da TV Bandeirantes. Conhecidíssimo, ele tem um inegável apelo com as classes mais baixas. Essa era a chapa dos sonhos do PSDB e do próprio Baleia Rossi, presidente nacional do MDB. Mas na última hora o controverso comunicador preferiu ficar na televisão. Parece que foi o próprio Bruno Covas quem escolheu o vereador Ricardo Nunes. Este mantém um amplo eleitorado na Capela do Socorro e Grajaú, bairros da zona sul da Capital. Eleito vereador pela primeira vez em 2012 com 30.747 votos, Ricardo Nunes ampliou seus votos na eleição seguinte: 54.692. Foi o mais votado do seu partido na Câmara Municipal nas duas ocasiões. Aos 53 anos, o empresário e candidato a vice de Covas é bastante religioso e mantém um relacionamento próximo com a Igreja Católica, principalmente com bispos e padres da Diocese de Santo Amaro, zona sul da cidade. É um empresário com sucesso no empreendedorismo e tido como conservador. Surgiram certos devaneios sobre seu nome mas nada que tenha impactado a candidatura de Covas (pelo menos até agora).
O prefeito evitou proximidade com o governador Doria e também com tucanos históricos como Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra. Mas Covas ressaltou o apoio da ex-prefeita Marta Suplicy, histórico nome do PT e atualmente sem partido. O prefeito sempre posicionou sua contrariedade ao presidente Jair Messias Bolsonaro. Diferentemente de Doria, Covas manteve-se longe do segundo turno presidencial de 2018. Tem outro estilo político. Covas é mais contido, longe dos arroubos do governador paulista. Nisso parece um tanto o também tucano Geraldo Alckmin que sempre foi um governante fleumático. Covas fez acenos expressivos para a centro-esquerda. A secretaria de cultura do tucano ficou com o agitador cultural Ale Youssef, nome notoriamente ligado aos Acadêmicos da Baixo Augusta e a esquerda. Youssef é apoiador do prefeito de primeira hora.
De qualquer maneira, sua coligação conseguiu 23 cadeiras na Câmara de Vereadores. Trata-se de um número bastante expressivo. O PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) conseguiu oito vagas. A psicóloga Rute Costa (41.546 votos) foi a mais votada conseguindo a reeleição. Bastante ligado a Covas, o advogado Eduardo Tuma (40.270 votos) possui amplo eleitorado no meio evangélico sendo membro da igreja Bola de Neve e sobrinho neto do ex-senador Romeu Tuma (1931-2010). O experiente vereador João Jorge (34.323 votos) foi outro reeleito. O médico e pastor Carlos Bezerra Júnior (34.144 votos) substitui a esposa Patrícia Bezerra que foi para a Assembleia Legislativa. Ligado a causa animal, o empresário Tripoli (30.495 votos) conseguiu uma cadeira. Já o advogado Aurélio Nomura (25.316 votos), nome reconhecido na comunidade japonesa teve mais uma reeleição. Conhecido na região de Pirituba, Jaraguá, e Taipas, o advogado Fábio Riva (24.739 votos) conseguiu mais um mandato. A mobilizadora social Sandra Santana (19.591 votos) é uma novidade do PSDB, conseguindo sua primeira eleição.
Os tucanos ampliaram o número de prefeituras no estado de São Paulo. No Primeiro Turno, o PSDB elegeu 176 prefeitos, um número bastante expressivo. O partido se elegeu em importantes colégios eleitorais do estado como Barueri (com o advogado Rubens Furlan), Jundiaí (com o advogado Luiz Fernando Machado), Santos (com Rogério Santos), São Bernardo do Campo (reeleição de Orlando Morando) e São José dos Campos (com a reeleição do administrador Felício Ramuth). Além da Capital, o partido irá disputar o segundo turno em Piracicaba, Ribeirão Preto e São Vicente. Este último numa surpreendente eleição da jornalista Solange Freitas venceu o primeiro turno com 41,47%. Conhecida por ser repórter da TV Tribuna, Freitas concorreu pela primeira vez a um cargo público e chegou a sofrer um atentado. Ela irá disputar o Segundo Turno contra Kayo Caiado do Podemos. Já o candidato apoiado por Márcio França, o atual mandatário, Pedro Gouvêa do MDB, ficou numa amarga terceira colocação. Gouvêa é cunhado de Márcio França.
Já o Democratas saiu das eleições com seis vereadores. O mais votado merece um parágrafo a parte. Sempre com votação expressiva, o veterano Milton Leite (132.716 votos) conseguiu seu sétimo mandato. Teve até avião para fazer suas propagandas e inúmeros colaboradores carregando bandeiras e santinhos por toda cidade. Presidente municipal da legenda, sua área de atuação é no extremo sul da cidade de São Paulo em bairros como Grajaú, Jardim Ângela, M´Boi Mirim, Parelheiros e Pedreira. Existem áreas da metrópole em que Leite é mais famoso que o próprio prefeito. O atuante parlamentar foi presidente da Câmara Municipal e um dos mais expressivos líderes da gestão Doria e Covas. Mas não achem que ele não têm tráfego com a esquerda. Muito pelo contrário. Milton Leite que possibilitou a nomeação da avenida Luiz Gushiken, em homenagem ao ex-deputado petista que morreu em 2013. Trabalhou nos bastidores pela indicação de Ricardo Nunes para vice. Trata-se um político à moda antiga e muito conhecido dos paulistanos. Um dos seus filhos é deputado estadual (Milton Leite Filho) e outro deputado federal (Alexandre Leite), todos pelo Democratas.
Conhecido pelo público popular, o radialista Eli Corrêa (32.482 votos) ganha seu primeiro mandato, sendo o segundo mais votado do DEM. Aos 68 anos, Corrêa inicia a vida pública mas seu filho (Eli Corrêa Filho) já é deputado estadual com vários mandatos e sua nora concorreu a prefeitura de Guarulhos (Fran Corrêa pelo PSDB). Eli Corrêa ficou conhecido pelo seu bordão "Oi, gente!". O "homem sorriso do rádio" é um verdadeiro fenômeno de comunicação com as classes mais baixas, tendo passado por inúmeras emissoras do rádio AM como América, Capital, Globo, entre outras.
Conhecido pela defesa dos taxistas, Adilson Amadeu (30.549 votos) ganha nova chance no Palácio Anchieta. Ele ficou conhecido por conta de suas polêmicas pela legislação do Uber. Outros parlamentares reeleitos pelo DEM foram a médica Sandra Tadeu (28.464 votos), o engenheiro de trânsito Ricardo Teixeira (23.280 votos) e o missionário José Olímpio (17.098 votos). Este último é ligado a Igreja Mundial do Poder de Deus pertencente ao pastor Valdemiro Santiago. O DEM foi a segunda legenda que mais elegeu prefeitos no estado no Primeiro Turno. Foram 70 prefeituras.
Partido do vice de Covas, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) conseguiu três cadeiras. Conhecido pelos programas de televisão, o Delegado Palumbo (118.395 votos) conseguiu ser o terceiro parlamentar mais votado para a legislatura que começa em 2021. O militar recebeu a ideia de se candidatar pelo apresentador José Luiz Datena, seu amigo pessoal. Delegado de comando do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), Palumbo tem notoriedade nas redes sociais. Só no Instagram tem 478 mil seguidores.
Conhecido no meio nikkey, George Hato (25.599 votos) ganha seu segundo mandato como vereador, novamente no MDB. Ele é filho do ex-deputado estadual e vereador Jooji Hato (1948-2019), político conhecido que celebrizou-se pela “Lei do Psiu”. O Hato pai foi muito próximo ao ex-governador Orestes Quércia. Já o jovem dentista Marcelo Messias (23.006 votos) complementa a chapa emedebista na Câmara Municipal. Messias é apadrinhado político de Ricardo Nunes e recebeu a maioria dos seus votos nas regiões de atuação do seu mentor: a zona sul de São Paulo.
O Podemos é um dos partidos que mais vem crescendo nos últimos anos. Na região metropolitana, a legenda conseguiu prefeituras de cidades como Itapevi (vitória de Igor Soares com 98% dos votos), Osasco (reeleição em primeiro turno de Rogério Lins) e Rio Grande da Serra (com o curioso candidato Claudinho da Geladeira). Na Capital, o Podemos conseguiu três vereadores. Esposa do radialista Fábio Teruel, Ely Teruel (23.084 votos) foi a mais votada da legenda na Capital. O médico Milton Ferreira (20.126 votos) conseguiu a reeleição e Danilo do Posto de Saúde (19.024 votos) recebeu seu primeiro mandato. Um grande derrotado é o tio do prefeito Bruno Covas. Mário Covas, o Zuza, teve pouco mais de dez mil votos e ficou de fora do Palácio Anchieta pela primeira vez após dois mandatos. Ele tinha sido candidato ao Senado em 2018.
Já o PL (Partido Liberal) encolheu sua presença na Câmara Municipal de São Paulo. Diferentemente da Capital, os liberais aumentaram sua presença na região metropolitana. O PL elegeu oito prefeituras na Grande São Paulo: Biritiba Mirim, Guararema, Itapecerica da Serra, Juquitiba, Ribeirão Pires, Salesópolis, Suzano e Vargem Grande Paulista. Já no Palácio Anchieta a legenda acabou não tendo um desempenho eficiente. Na Câmara paulistana, o PL caiu de quatro passou para dois representantes. Filho da cantora Gretchen, o ativista e ator Thammy Miranda (43.321) ganha sua primeira chance na Câmara de Vereadores. Trata-se de uma votação expressiva para um novato que é uma das maiores novidades para o Parlamento deste ano. Já o pastor Isac Félix (23.929 votos) ganhou novo mandato. Veteranos do PL como Noemi Nonato e Toninho Paiva perderam suas cadeiras. Ficaram com a suplência.
Conhecido por ser o partido do líder Paulo Maluf, o PP (Partido Progressista) conseguiu apenas uma vaga: trata-se do longevo Arnaldo Faria de Sá (34.213 votos). Faria de Sá foi deputado federal por inúmeras legislativas e foi ligado ao ex-prefeito Celso Pitta. O veterano político também foi presidente da Portuguesa de Desportos nos anos 1990, quando o clube do Canindé venceu a Copa São Paulo de Futebol Júnior e revelou o atacante Dener (1971-1994), morto precocemente.
Já o PV (Partido Verde) também conseguiu um representante: Roberto Tripoli (46.219 votos). Apesar de expressiva votação, a jornalista e ativista da bicicleta Renata Falzoni, a Bike Repórter (26.078 votos) não conseguiu eleger-se pelo PV, ficando numa suplência. Entre as outras legendas que apoiaram Covas, o Cidadania foi um dos maiores perdedores de 2020. A sigla tinha dois representantes na Câmara: a apresentadora Soninha Francine e o professor Cláudio Fonseca. Ambos não conseguiram a reeleição e o Cidadania terminou sem nenhuma cadeira no parlamento paulistano. A legenda tinha nomes de renovação em seus quadros como Malu Molina (apoiada pela deputada federal Tábata Amaral do PDT) e o ativista LGBT Pedro Melo. Mas o Cidadania não elegeu nenhum vereador em 2020.
O PROS (Partido Republicano de Ordem Social) e o PTC (Partido Trabalhista Cristão) também estão na coligação tucana mas não conseguiram nenhuma cadeira. Foram dois partidos com votações miúdas para o legislativo. No Segundo Turno, Covas já recebeu apoios contraditórios de Andrea Matarazzo do PSD (Partido Social Democrático), Joice Hasselman do PSL (Partido Social Liberal), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) do deputado estadual Campos Machado e de Celso Russomanno do Republicanos. Diversos quadros do NOVO também disseram que no Segundo Turno irão votar em Covas.
O oponente de jovem tucano no segundo turno será o ativista social, escritor e professor Guilherme Boulos do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) que está numa coligação de três legendas de esquerda (PSOL-PCB-UP). Apesar do PSOL que vem crescendo, as outras duas são bem pequenas. O título da aliança é “Pra Virar o Jogo”. Não é à toa. Com o uso maciço das redes sociais e mídia alternativa, o título da legenda tomou conta de expressivas faixas etárias da sociedade. É interessante notar que as maiores votações em bairros nobres como Bela Vista, Perdizes e Pinheiros. Filho de um casal de médicos renomados, Guilherme Boulos tem 38 anos. É formado em filosofia pela USP (Universidade de São Paulo) com mestrado em psiquiatria pela mesma instituição. Sua dissertação foi defendida em 2017: “Estudo sobre a variação de sintomas depressivos relacionada à participação coletiva das ocupações de sem-teto em São Paulo”. Tornou-se nacionalmente conhecido pela sua militância no MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e candidatou-se a Presidência da República em 2018. Formou com a ativista indígena Sônia Guajajara a chapa “Frente de Esquerda Socialista” (PSOL-PCB). Entre os treze candidatos, Boulos ficou na décima colocação com 617.122 votos (0,58%), ficando somente à frente de Vera Lúcia (PSTU), José Maria Eymael (DC) e João Goulart Filho (PPL).
Mesmo assim, Boulos firmou-se como novo nome da “nova esquerda”. Sua proximidade com o ex-presidente Lula chamou atenção. Lançou-se como candidato à prefeitura do PSOL tendo como trunfo a vice: a ex-prefeita Luiza Erundina, de 85 anos. Destacada pelas lutas sociais, a veterana deputada federal transformou-se uma espécie de abalizador da chapa liderada pelo jovem candidato.
Nas prévias do PSOL, Boulos venceu a deputada federal Sâmia Bomfim. Apesar de não ter experiência em cargos públicos, o jovem membro do PSOL destacou-se nos debates e no final da campanha nas trocas de farpas com Celso Russomanno e Márcio França. Sua votação foi bastante expressiva com mais de um milhão de votos em todas as regiões da Capital. Ele encontrou apoio no início do segundo turno de diversos partidos de centro ou centro-esquerda como PT (Partido dos Trabalhadores), PCdoB (Partido Comunista do Brasil), Rede Sustentabilidade e PDT (Partido Democrático Trabalhista). Boulos vive citando a eleição e a prefeitura de Luiza Erundina como referência. Mas são cenários diferentes. As eleições de 1988 eram em um turno único. Mas Boulos surpreendeu e bateu com facilidade seus dois principais oponentes. O PSOL também ampliou sua presença na Câmara de Vereadores. De dois em 2016 a legenda pulou de dois para oito representantes no Palácio Anchieta. São eles: Érika Hilton (50.508 votos, votação bastante expressiva), Sílvia da Bancada Feminista (46.267 votos), Luana Alves (37.550 votos), Celso Giannazi (28.535 votos), Toninho Vespoli (26.748 votos) e Elaine do Quilombo Periférico (22.742 votos). O professor de matemática Toninho Vespoli é uma espécie de veterano do PSOL. Ele foi o primeiro vereador da legenda e ganha seu terceiro mandato. Já Giannazi ganha mais um mandato abalizado por ser irmão do combativo deputado estadual Carlos Giannazi do mesmo partido. As outras duas legendas da coligação de Boulos, o PCB (Partido Comunista Brasileiro) e a UP (União Popular) não conseguiram nenhuma cadeira no Palácio Anchieta.
Com forte presença no litoral sul de São Paulo, o advogado Márcio França do PSB (Partido Socialista Brasileiro) é um político calejado e ficou num honroso terceiro lugar. Apesar de ter formado uma legenda com alguns partidos, ele acabou ficando no Primeiro Turno. Seu maior momento político foi quando assumiu o Governo de São Paulo e conseguiu liderar a greve de caminhoneiros em 2018. Tem tráfego com a direita e esquerda sendo um político anfíbio (termo do amigo Bernardo Schmidt). A chapa “Aqui Tem Palavra” contou com cinco partidos (PSB-PDT-PMN-Avante-Solidariedade). Mas a coligação elegeu apenas dois vereadores, ambos do PSB e veteranos que ganham mais uma reeleição: Camilo Cristofaro (23.431 votos) e Eliseu Gabriel (21.122 votos). Na legenda anterior eram três vagas. França é um político experimentado e deve tentar outros voos num futuro próximo. Preferiu não apoiar ninguém no Segundo Turno. Deve estar em alguma candidatura em 2022.
Já Celso Russomanno (Republicanos) precisa se conformar em ser deputado federal. Ou mudar radicalmente seu discurso. Afinal, já é a terceira eleição para a prefeitura que ele inicia liderando mas não saí do primeiro turno. Sua luta pelas direitos do consumidor são louváveis e antigas. Mas o apoio do presidente Jair Messias Bolsonaro acabou não ajudando sua candidatura. Mesmo assim, o Republicanos elegeu uma bancada significativa na Câmara com quatro nomes: André Santos (41.584 votos), Sansão Pereira (39.709 votos), Atílio Francisco (35.345 votos) e Sonaira Fernandes (17.881 votos). Não é mistério para ninguém que o Republicanos é o partido ligado a uma importante denominação religiosa evangélica de terceira onda: a Igreja Universal do Reino de Deus. Em 2016, a legenda tinha treze prefeituras no estado. Agora já são 21 e disputa o Segundo Turno em Sorocaba com Rodrigo Manga e em Campinas com o médico e ex-vereador Dário Saadi. Já o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) que compunha chapa com o Republicanos elegeu apenas um nome para o Câmara paulistana: o experiente médico Paulo Frange (17.796 votos), conhecido por sua atuação no bairro da Freguesia do Ó.
Entre os outros candidatos a prefeito, destaca-se a figura de Arthur do Val, o Mamãe Falei, do Patriota. Com um discurso pregando o empreendedorismo e a livre iniciativa, o deputado estadual ligado ao movimento MBL recebeu quase a mesma quantidade de votos de Russomanno. Sua legenda, o Patriota conseguiu chegar em três vereadores para a Câmara Municipal. O polêmico Fernando Holiday (67.715 votos) foi o quinto mais votado da cidade conseguindo seu segundo mandato. O Patriota também elegeu Rubinho Nunes (33.038 votos) e Marlon do Uber (25.643 votos). Arthur do Val tem apenas 34 anos e ainda disputará novas eleições. Seu desempenho no debate da TV Cultura chamou atenção.
O ex-secretário Jilmar Tatto foi correto e cresceu nas pesquisas das últimas semanas demonstrando a força do PT (Partido dos Trabalhadores) da extrema zona sul onde foi segundo colocado em distritos como Grajaú e Parelheiros. As obras sociais dos governos passados da legenda ainda têm um amplo reconhecimento pelo eleitorado dessa região. O PT conseguiu uma bancada expressiva na Câmara de Vereadores com oito nomes: o campeão de votos e ex-senador Eduardo Suplicy (167.552 votos), Donato (31.920 votos), Alessandro Guedes (31.124 votos), Jair Tatto (29.918 votos), Juliana Cardoso (28.402 votos), Senival Moura (25.311 votos), Alfredinho (25.159 votos) e Arselino Tatto (25.021 votos). Dois irmãos do candidato Jilmar Tatto. É de se lamentar que candidaturas renovadoras do Partido dos Trabalhadores não tenham ganhado vez na Câmara Municipal. Candidaturas como da cientista política Luna, da advogada Vivi Mendes, o pastor Messias Pereira, a socióloga Pagu Rodrigues e do professor Nabil Bonduki não conseguiram se eleger. Uma pena.
No Primeiro Turno, o Partido dos Trabalhadores elegeu apenas dois prefeitos em todo estado de São Paulo: o sociólogo e ex-prefeito Edinho Silva em Araraquara e Adauto Scardoelli em Matão. A legenda também irá disputar o Segundo Turno em três municípios da região metropolitana: Diadema, Guarulhos e Mauá. As maiores chances estão em Diadema com o engenheiro José de Filippi Júnior que já foi prefeito do município três vezes. Nos outros dois municípios os cenários são bastante desfavoráveis aos petistas. Em Guarulhos, o jovem Guti do PSD lidera e em Mauá o líder nas pesquisas é Átila do PSB, ligado ao ex-governador Márcio França.
Já o ex-ministro Andrea Matarazzo do PSD (Partido Social Democrático) fez uma campanha séria destacando suas realizações quando secretário de Gilberto Kassab da mesma legenda. Tinha um plano de governo expressivo, mas que acabou não indo para um segundo turno. Talvez falte mais carisma para Matarazzo. Ele acaba sendo um homem mais de gabinete, secretariado, mas sem vibração de um líder do Executivo. Mesmo assim, os sociais democráticos de Kassab conseguiram três cadeiras na Câmara de Vereadores. A principal novidade é o policial militar e defensor da causa animal Felipe Becari (98.717 votos), uma votação bastante expressiva. Outros eleitos pelo PSD foram Rodrigo Goulart (31.472 votos) e a veterana Edir Sales (23.106 votos), ligada ao meio evangélico. O PSD elegeu prefeitos na região metropolitana em municípios como Cajamar e Cotia. A legenda também disputa o segundo turno em Guarulhos com Guti, esse buscando um segundo mandato.
A deputada estadual Marina Helou (Rede Sustentabilidade) tinha um interessante programa de governo focado na valorização de grupos específicos da sociedade como os LGBTI+, mulheres e negros. Mesmo assim, seu partido não conseguiu uma única cadeira no Palácio Anchieta. O Rede tinha diversos candidatos interessantes e com propostas inovadoras para a vereança mas não conseguiram se eleger. Mas Helou é jovem e deve ter mais chances no futuro. É uma parlamentar atuante e com um discurso mais moderado que seu colega de Assembleia, Arthur do Val, o Mamãe Falei. Nos debates a jovem evitou polêmicas pessoais com os demais candidatos e defendeu seu plano de governo. O Rede Sustentabilidade não conseguiu nenhuma prefeitura no estado de São Paulo.
O ex-ministro e deputado federal Orlando Silva contou com presença no horário eleitoral mas não conseguiu estar entre os mais votados. Homem de articulação da sua legenda, tem forte presença em Brasília, mas não conseguiu repetir esse desempenho na sua candidatura ao Executivo. Seu partido, o PCdoB (Partido Comunista do Brasil) não conseguiu nenhuma vaga para a vereança. No entanto, o PCdoB conta com dois líderes nacionais expressivos: o governador Flávio Dino do Maranhão e a ex-deputada Manuela D'ávila que concorre ao segundo turno em Porto Alegre. O NOVO parecia prometer algo com a candidatura do ex-secretário Filipe Sabará. No entanto ele acabou se desentendendo com as lideranças nacionais da legenda. Mesmo assim, o NOVO elegeu dois nomes femininos para a Câmara de Vereadores de São Paulo: a reeleita Janaína Lima (30.931 votos) e Cris Monteiro (18.085 votos). O partido laranja tinha outros candidatos jovens com propostas liberais bastante interessantes como Matheus Hector, Rafael Romero, Rodrigo Lopes e Wafá Kadri, mas nenhum conseguiu eleger-se para o Palácio Anchieta. São todos jovens. Quem sabe numa próxima oportunidade.
Já Joice Hasselmann e o PSL (Partido Social Liberal) parecem estar um tanto confusos desde que perderam sua estrela nacional. Ela tinha projetos controversos ou exóticos em seu plano de governo como extinguir a SP Trans e transformar a Cracolândia numa Cristolândia (!). Parecem propostas muito ingênuas para problemas realmente sérios da cidade. Os membros da legenda “direita raiz” conseguiram uma cadeira no Palácio Anchieta. Trata-se da reeleição do pastor Rinaldo Digilio (13.673 votos), ligado à Igreja do Evangelho Quadrangular. O PSL elegeu dez prefeitos no estado de São Paulo e está no Segundo Turno em dois (Praia Grande e Sorocaba). Veremos o que irá acontecer no segundo turno.
Seguem os resultados de votos do primeiro turno a prefeitura de São Paulo:
1º Bruno
Covas PSDB
1.752.949 votos (32,85%)
2º Guilherme
Boulos PSOL
1.079.924 votos (20,24%)
3º Márcio
França PSB
727.960 votos (13,64%)
4º Celso Russomanno
Republicanos
560.239 votos (10,5%)
5º Arthur do
Val
Patriota
521.871 votos (9,78%)
6º Jilmar
Tatto
PT
461.218 votos (8,65%)
7º Joice
Hasselmann
PSL
98.239 votos (1,84%)
8º Andrea
Matarazzo
PSD
82.701 votos (1,55%)
9º Marina
Helou
Rede Sustentabilidade 22.063 votos (0,41%)
10º Orlando
Silva PCdoB
12.241 votos (0,23%)
11º Levy
Fidelix
PRTB
11.952 votos (0,22%)
12º Vera
PSTU
3.051 votos (0,06%)
13º Antônio
Carlos
PCO
630 votos (0,01%)
Os 55 vereadores eleitos na cidade de São Paulo:
1º Eduardo Suplicy PT 167.552
votos
2º Milton Leite DEM 132.167
votos
3º
Delegado Palumbo MDB 118.395
votos
4º
Felipe Becari PSD 98.717
votos
5º
Fernando Holiday Patriota 67.7715 votos
6º Érika
Hilton PSOL 50.508 votos
7º
Sílvia da Bancada Feminina PSOL 46.267
votos
8º Roberto
Tripoli PV 46.219 votos
9º
Thammy Miranda PL 43.321 votos
10º André Santos Republicanos 41.584 votos
11º
Rute Costa PSDB 41.546 votos
12º
Eduardo Tuma PSDB 40.270 votos
13º
Sansão Pereira Republicanos 39.709 votos
14º
Luana Alves PSOL 37.550 votos
15º
Atílio Francisco Republicanos 35.345 votos
16º João
Jorge PSDB 34.323 votos
17º
Faria de Sá PP 34.213 votos
18º
Carlos Bezerra Júnior PSDB 34.144 votos
19º
Rubinho Nunes Patriota 33.038 votos
20º
Eli Corrêa DEM 32.482 votos
21º
Donato PT 31.920 votos
22º
Rodrigo Goulart PSD 31.472 votos
23º
Alessandro Guedes PT 31.124 votos
24º
Janaína Lima NOVO 30.930 votos
25º
Adilson Amadeu DEM 30.549 votos
26º
Tripoli PSDB 30.495 votos
27º
Jair Tatto PT 29.918 votos
28º Celso
Giannazi PSOL 28.535 votos
29º
Dra. Sandra Tadeu DEM 28.464 votos
30º
Juliana Cardoso PT 28.402 votos
31º
Toninho Vespoli PSOL 26.748 votos
32º
Marlon do Uber Patriota 25.643 votos
33º George
Hato MDB 25.599 votos
34º
Aurélio Nomura PSDB 25.316 votos
35º
Senival Moura PT 25.313 votos
36º
Alfredinho PT 25.159 votos
37º
Arselino Tatto PT 25.019 votos
38º
Fábio Riva PSDB 24.719 votos
39º
Isac Félix PL 23.929 votos
40º
Camilo Cristofaro PSB
23.431 votos
41º
Ricardo Teixeira DEM 23.280 votos
42º
Edir Sales PSD 23.106 votos
43º
Ely Teruel Podemos 23.084 votos
44º
Marcelo Messias MDB 23.006 votos
45º
Elaine do Quilombo Periférico PSOL 22.742 votos
46º
Gilberto Nascimento Júnior PSC 22.649 votos
47º
Eliseu Gabriel PSB 21.122
votos
48º Dr.
Milton Ferreira Podemos 20.126 votos
49º
Sandra Santana PSDB
19.591 votos
50º
Danilo do Posto de Saúde Podemos 19.024 votos
51º
Cris Monteiro NOVO 18.085 votos
52º
Sonaira Fernandes Republicanos 17.881 votos
53º
Paulo Frange PTB 17.796 votos
54º
Missionário José Olímpio DEM 17.098 votos
55º Rinaldo Digilio PSL 13.673 votos
Um comentário:
Muito bom
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