O cientista social e
escritor Danilo Catalano, 25 anos, é candidato do PCdoB (Partido Comunista do
Brasil) a vereador na cidade de São Paulo. Seguem as perguntas e respostas ao
questionário.
VSP-
Como surgiu a ideia de você ser candidato a vereador?
Danilo Catalano- Desde
que me filiei ao PCdoB (Partido Comunista do Brasil) em 2016, eu tinha o
interesse de militar por conta do momento estressante e conturbado que
estávamos passando com o golpe da Dilma e o início do aparecimento de uma
direita extremista com valores arraigados semelhantes aos que vimos na segunda
metade do século XX. O que além de nos assustar, me deu ânimo para lutar.
Mas infelizmente fiquei
quatro anos parado em relação ao partido, pois meu distrital, o da Zona Oeste teve
alguns problemas justamente nessa época, o que impossibilitou minha luta ao
lado do partido, mas não impediu a minha luta, que se iniciou com a criação do
meu blog pessoal e do meu Instagram que hoje se chama Catalano65, além de
também participar de diversos protestos contra o governo atual, estive ausente.
Foi no começo desse ano
com o descobrimento do Movimento65, que tomei a decisão de começar a militância
ao lado do partido e porque não já começar tentando e pondo a cara para bater
em uma eleição? Foi o que me motivou, por possibilitar que minha luta seja
muito mais concreta e efetiva.
VSP-
Quais são seus principais projetos?
DC- Eu criei o programa
“Sampa mais humana”, que interliga por enquanto três projetos com ênfase na
educação e cultura. Pelo programa ser extremamente amplo, futuramente
poderíamos incluir outros projetos a ele.
Em suma, esse programa
visa a utilização dos espaços públicos como algo importantíssimo para as
relações sociais da cidade, como lugares de comunhão, troca e conhecimento,
promovendo leitura, arte, música, dança, desenhos e muito mais, nas ruas,
praças, deixando de lado a lógica capitalista de ir e vir, para ser um lugar
para se ficar e conhecer.
O objetivo principal do
Sampa mais humana é diminuir a violência e promover a comunhão através da arte
e educação. Os projetos que se entrelaçam ele, são:
- Projeto Largo da
Batata Musical: que tem o objetivo de melhorar os eventos na praça do largo,
incentivando a divulgação deles e realizando mais eventos, para melhorar a
estrutura do lugar para receber eventos de diversos tipos.
- Projeto Mais Leitura:
incentivar a leitura aproveitando dos programas que já existem na região, mas
mudando eles para melhorar a relação entre os alunos das redes pública e
particular, promovendo a leitura um por um, com um aluno mais velho ajudando um
mais novo.
- Projeto Arte na Comunidade:
uma expansão do primeiro projeto para as comunidades e periferias da cidade,
aproveitando de programas que já existem em relação a promoção de cultura, para
que em conjunto com a vizinhança e os movimentos sociais de cada lugar, possa
se realizar eventos nas ruas e vias públicas, para que seja valorizado e
exaltada a identidade de cada comunidade da cidade.
VSP-
A falta de debates televisivos para o Executivo prejudicou os candidatos a
vereador?
DC- Não vejo relação
direta com os debates do meu cabeça de chapa à minha campanha. Acredito que
existam relações de pensamento e de projeto, pensando e visando a educação e cultura,
como pontos principais para o emprego e a renda, com principalmente a economia
criativa. Mas em relação a falta de debates na televisão, acredito que os
candidatos a vereador não tenham sofrido tanto.
O que não me impede de
dizer que a falta de realização de debates é um ataque a democracia, impedindo
os eleitores de conhecer como pensam e como são os candidatos a prefeito da
nossa cidade. Talvez nesse sentido os candidatos a vereador também tenham
perdido.
VSP-
Por que o PCdoB? Qual é a sua avaliação da candidatura do Orlando Silva?
DC- Esta pergunta é bem
interessante e acredito que seja importante resgatar minha história, desde o
final da minha experiência no colégio. Estudei no colégio Equipe quase a vida
toda e lá tive um trabalho relacionado aos partidos políticos e fiquei com a
missão de conhecer de perto o PSOL, o que me fez ter na época uma grande
relação com o partido.
Mas com o passar dos
anos e saindo do que chamam de a bolha equipana e estudando na Fundação Escola
de Sociologia e Política de São Paulo, fiz um árduo estudo ao PSOL e ao PCdoB,
foram pelo menos três meses ou mais para escolher o partido, lendo suas
diretrizes, seu papel, sua história e entre outras coisas. Ao final, o que me
fez escolher o PCdoB, foi sua história surpreendente de luta, principalmente
com a Guerrilha do Araguaia, em que vários militantes lutaram e morreram por
este país, mas não só, também por ter sido o partido que por mais que estivesse
ao lado do PT nos anos do governo petista, sempre foi crítico a ele. Entre
outros motivos...
Acredito que a
candidatura do Orlando Silva tenha sido uma grande decisão histórica do
partido, que infelizmente por ter passado anos na ilegalidade nunca tinha tido
um candidato a prefeito na maior cidade do país. Ele se mostrou até agora
preparado e com propostas claras para a melhora da cidade, mas que infelizmente
acaba sendo obstruído pela lógica do voto útil, que muita gente da esquerda que
votaria nele, deixou essa decisão por conta de acreditar que não seria
possível, apenas por conta de pesquisas eleitorais.
Mas também, acho que
atrapalhou muito a sua campanha a pandemia, que diminuiu o tempo de campanha e
ainda mudou em 180 graus a sua forma de realizar. Uma coisa é verta, podendo ou
não ser eleito, Orlando Silva vai sair extremamente fortalecido destas
eleições, eu mesmo já percebi ele conversando com o comércio, pois no início
das pesquisas nem sabiam quem ele era. Agora muita gente já sabe.
VSP-
O PCdoB é um partido muito antigo mas que quase sempre fez alianças com o PT.
Isso não prejudica o eleitorado conhecer a legenda?
DC- Devemos lembrar que
estas alianças eleitoreiras irão acabar em 2022, até porque este ano já não
temos coligações minoritárias, o que os anos de PCdoB nas sombras do PT acabou
fazendo com que não conhecessem as nossas propostas e as nossas políticas, que
por mais que tenhamos um carinho e proximidade com o partido, não temos as
mesmas ideias e convicções.
As pessoas ligam o
fortalecimento da esquerda a questões eleitoreiras, algo que precisamos acabar,
pois acredito em questões mais concretas, que pensem a longo prazo, com uma
candidatura como a do Orlando Silva, podemos nos tornar conhecidos para
eleições futuras, colhendo os frutos com a mesma estratégia de outros partidos
de esquerda que hoje tem um maior conhecimento e por isso estão à frente nas
pesquisas, porque, querendo ou não, terem tido uma candidatura à presidência os
fortaleceu como estou dizendo que vai
ocorrer com o PCdoB.
Algo que comentamos
bastante no partido é como nos prejudicou a coligação com o PT, pois tivemos
menos deputados na câmara e também, estamos sem nenhuma representatividade na
Câmara dos Vereadores de São Paulo. É preciso que isso mude.
VSP-
Qual é a sua avaliação das
medidas do governo estadual e municipal de São Paulo frente a pandemia do
Coronavírus?
DC- Se não tivéssemos
eles, estaríamos perdidos na mão do governo federal. Mas tirando este fato,
acredito que houveram muitos erros, principalmente na hora de tomar decisões. Mas
eu entendo: nunca estivemos preparados para um momento como este e quem está no
governo deve ter se assustado e se perdido, devemos pensar que foi um momento
inusitado, pois não somos como países da Europa, que já tem um plano claro de
contingência para estes momentos.
VSP-
Quais foram as principais dificuldades da sua candidatura?
DC- A maior de todas
para ser conciso, foi chegar ao público, pois acredito que com a pandemia, as
pessoas já estão desiludidas com a política, ficaram ainda mais relutantes a
conversar sobre ou a pegar panfletos da minha mão.
VSP-
Qual é a sua expectativa e do PCdoB para
as eleições de 2020?
DC- Acredito que é difícil
termos uma projeção, mas dependendo dos resultados destas eleições, podemos ter
a esperança de uma luz fraca no fim do túnel de ter de volta um governo
progressista e democrático.
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