A advogada e ativista climática Flávia Bellaguarda,
32 anos é candidata do Rede Sustentabilidade a vereadora na cidade de São
Paulo. Seguem as perguntas e respostas ao questionário.
VSP-
Como surgiu a ideia de você ser candidata a vereadora?
Flávia Bellaguarda- Essa
ideia surgiu de uma trajetória que eu venho trilhando há alguns anos. Fundei
duas organizações de impacto social, atuei no ICLEI com a agenda urbana
sustentável e tive a oportunidade de me aprofundar no estudo da crise climática
- com foco em justiça climática. Tudo isso me fez entender que, se a política
não modificar o jeito de desenhar a cidade e fazer políticas públicas, a gente
vai entrar em uma situação de caos cada vez pior.
Vendo todo esse
cenário, e vendo também que pouquíssimos candidatos - quase ninguém! - têm esse
olhar e propõe essa pauta, eu entendi que precisava me candidatar para poder
ter um impacto mais significativo.
VSP-
Quais são seus principais projetos?
FB- Minhas propostas se
dividem em três grandes pautas: Meio Ambiente, Educação e Oportunidades para
Jovens.
Para o Meio Ambiente,
meus projetos incluem garantir a inclusão dos impactos climáticos em todas as
políticas e decisões da municipalidade; expandir a arborização do município;
melhorar a mobilidade urbana; trabalhar pela inclusão socioeconômica dos
catadores de materiais recicláveis e promover a compostagem de 100% dos
resíduos orgânicos na cidade de São Paulo.
Para a área de
Educação: promover a capacitação dos professores da rede pública municipal para
as novas demandas da educação do futuro; incentivar boas práticas sustentáveis
nas escolas municipais; monitorar o nível de sustentabilidade das mesmas e
garantir a busca ativa de estudantes no pós pandemia.
Por fim, para a área de
Oportunidades para Jovens, um dos meus projetos favoritos é a criação do
Conselho de Juventude, um grupo de jovens que poderão participar do mandato e
do desenvolvimento de políticas públicas; além de qualificar equipamentos
públicos existentes com programas de capacitação para jovens com foco em
prepará-los para atuar em empregos verdes, empreendedorismo e inovação de
impacto.
VSP-
A falta de debates televisivos para o Executivo prejudicou os candidatos a
vereador?
FB-Acredito que sim! É
um canal de visibilidade importante. Mas acredito também que seja mais
significativo para a parcela mais velha da população, pois os eleitores mais
jovens não estão tão ligados na TV como antes, e a Internet acaba suprindo um
pouco esse papel.
VSP-
Por que o Rede Sustentabilidade? Qual é a sua avaliação da candidatura da
Marina Helou?
FB- A escolha do
partido foi um processo. Conheço muitas pessoas na Rede, então já existia uma
certa proximidade, mas cheguei a conversar com outros partidos para conhecer e
entender o posicionamento deles, principalmente em relação à pauta de mudança
climática. Grande parte deles simplesmente riu da minha cara quando eu falei
que queria levar a pauta climática como prioridade.
Optei pela Rede por
alinhamento de princípios. É um partido pequeno e, por isso, o desafio para
conseguir uma cadeira acaba sendo maior, mas se eu começasse a minha vida
política já com esse pragmatismo, estaria construindo algo que não é o que eu
acredito.
Fui para a Rede porque é um partido com o qual eu me identifico, é um partido novo, e isso traz uma possibilidade de uma construção democrática diferente. E quanto à candidatura da Marina Helou, é um movimento importante: para ela se fazer conhecida, para ajudar a chapa de vereadores e, principalmente, para trazer pontos muito relevantes para o debate que não são priorizados pelos outros candidatos. Ela é uma pessoa muito consistente no que fala e tem um olhar para a sustentabilidade e a cidade que é muito importante e estratégico.
VSP-
O Rede Sustentabilidade é um partido focado nas questões ambientais. Qual sua
avaliação da gestão do ministro Ricardo Salles?
FB-O governo federal
caminha para um desmonte da agenda ambiental. Temos visto isso refletido na
estrutura do Ibama, nos órgãos fiscalizadores das regiões da Amazônia e do
Pantanal, no aumento dos incêndios, enfim, o desmonte é claro e a negação do
governo federal em relação ao enfrentamento da crise climática também preocupa
muito. Mas, em compensação, essa situação trouxe um certo protagonismo para os
estados e municípios - vimos onze estados brasileiros abraçarem a agenda
climática - São Paulo é um deles. É fundamental que estados e municípios também
desenvolvam políticas públicas de enfrentamento à crise climática, porque as
mudanças acontecem no local, não apenas no global.
VSP-
Quais serão seus principais projetos para a área ambiental?
FB- Meus principais
projetos para a área ambiental incluem: a priorização da pauta climática e ambiental
como base para todas as políticas e decisões da municipalidade a partir da
formação de uma Comissão de Mudança do Clima e Inovação; a arborização do
município com foco em áreas mais vulneráveis; a melhoria da mobilidade urbana,
com foco na mobilidade ativa, na diminuição da dependência do carro e na
transição da frota de transporte público para veículos menos poluentes.
A questão dos resíduos
sólidos também é um dos meus focos, com a criação de programas de
empoderamento, considerando especialmente o protagonismo assumido pelas
mulheres catadoras, que representam 70% da categoria, bem como a compostagem de
100% dos resíduos orgânicos gerados na cidade. Todas essas propostas giram em
torno da mitigação dos efeitos da crise climática e de trabalhar com a
diminuição das emissões de carbono na atmosfera, para lidar de forma concreta
com os problemas que já existem hoje e evitar a piora dos problemas futuros,
pensando no desenvolvimento de São Paulo de uma forma sustentável.
Essa pauta é
especialmente importante nessas eleições, tanto pela urgência da crise
climática que afeta nosso dia-a-dia cada vez mais, quanto pelo fato de que, em
2021, acontecerá a revisão do Plano Diretor de São Paulo - é uma grande
oportunidade de repensarmos as medidas climáticas e ambientais que afetam a
cidade.
VSP-
Quais foram as principais dificuldades da sua candidatura?
FB- A pandemia com
certeza tem sido um grande obstáculo. A gente não pode encontrar pessoas, fazer
rodas de conversa, trocar ideias ao vivo. A interação é quase toda online, o
que não surte o mesmo efeito. Outro desafio é a captação de recursos. Eu, como
pessoa normal, de classe média, mesmo tendo atuado no terceiro setor por muitos
anos, não tenho acesso a certas redes de financiamento, que ainda são muito
exclusivas e masculinas. Infelizmente isso causa um impacto significativo na
candidatura, mas temos trabalhado muito para criar uma campanha inovadora e
produtiva mesmo com recursos limitados, e estou muito orgulhosa do que
conseguimos conquistar até agora!
VSP-
Qual é a sua expectativa e do Rede Sustentabilidade para as eleições de 2020?
FB- A minha expectativa
é ganhar as eleições! Estou entre as três candidaturas mais competitivas da
Rede, as chances de conseguir uma cadeira são reais, então acredito que estarei
no Legislativo ano que vem! E a expectativa da Rede para as eleições de 2020 é
fazer uma cadeira em São Paulo, caminhando para uma segunda, dependendo da
quantidade de votos da majoritária.
Um comentário:
Muito bom !
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