O repórter Gilberto Nascimento, autor do livro O Reino: a História de Edir Macedo e uma radiografia da Igreja Universal |
Fundada em 1980,
a Igreja Universal do Reino de Deus é a maior denominação evangélica
neopentecostal do Brasil. A legenda inovou no meio religioso ao ter seu próprio
partido político: o Republicanos, que foi criado em 2003. Nas eleições
municipais de 2020, a legenda perdeu nos dois principais colégios eleitorais
brasileiros: São Paulo onde Celso Russomanno ficou em quarto lugar com 560.666
votos (10,50%) e Rio de Janeiro onde o bispo Marcelo Crivella ficou em segundo
lugar com 913.700 votos (35,93%).
Apesar de perder
nas duas maiores cidades do país, o Republicanos cresceu no interior do país e
no número de municípios. O partido elegeu 211 prefeitos e 2601 vereadores. Um
aumento significativo já que em 2016 o Republicanos tinha 106 prefeitos e 1624
vereadores. “Eles perderam a eleição nos
principais centros mas se fortaleceram ao longo do país. Como a esquerda se
envolveu em muitas denúncias a opção do eleitor foi a extrema direita”, analisa
o jornalista Gilberto Nascimento.
Em 2020, o
Republicanos venceu em uma capital do país: Vitória no Espírito Santo com o
delegado Lorenzo Pazolini. O partido da IURD também venceu em grandes colégios
eleitorais do estado de São Paulo como Campinas com o médico urologista Dario
Saadi e Sorocaba com o ex-vendedor de automóveis Rodrigo Manga. “Eles perderam
no Rio, perderam em São Paulo mas em geral tiveram avanços nas eleições de
2020. Isso falando em termos numéricos de prefeitos e vereadores por todo
Brasil”, define Nascimento.
O veterano
repórter Gilberto Nascimento conhece de perto o Republicanos e a Igreja
Universal do Reino de Deus há décadas. Ele é autor do livro-reportagem O Reino- a História de
Edir Macedo e uma radiografia da Igreja Universal pela Companhia das Letras. O livro esteve entre os
cinco indicados ao prêmio Jabuti de melhor biografia, documentário e reportagem
de 2020. Profissional experiente do meio jornalístico, Nascimento iniciou sua
carreira nos anos 1980 no jornal semanal O São Paulo, órgão oficial da Arquidiocese de São Paulo.
A cobertura da
política, religião e direitos humanos tornou-se algo presente na sua carreira. Ele
também teve passagens pela Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, revista Carta Capital, Correio Braziliense, piauí e TV Record. Mas seu nome talvez seja mais lembrado entre os
colaboradores da revista IstoÉ, da editora
Três. “Foram duas passagens. Fiquei de 1994 até 2001 e depois acabei voltando
em 2004 por mais dois anos. No total foram nove anos e meio. Muita gente lembra
da minha passagem por lá”, lembra ele rindo. Gilberto Nascimento concedeu uma entrevista exclusiva com o VSP sobre seu livro, a Igreja Universal do Reino de Deus, neopentecostalismo, política, religião
e o resultado dos Republicanos nas Eleições 2020. Conversamos durante duas
horas por telefone há duas semanas. Confira os melhores momentos.
VSP- Como surgiu a ideia da Igreja Universal do
Reino de Deus ter um partido próprio?
Gilberto
Nascimento- Nunca vi uma explicação definitiva sobre isso. Na verdade, o Edir
Macedo escreveu um livro chamado Plano de Poder no começo da
década de 2000. Então, ele já tinha um projeto, um plano de participação da
política e de ocupação de espaço dentro da política. Isso foi crescendo dentro dele
e da instituição com o tempo. Desde os primeiros tempos do Edir Macedo isso
existia. Meu livro centra que existem têm pontos fundamentais para o
crescimento da igreja: espalhar o maior número de templos possíveis, ocupar o
espaço da mídia inicialmente com emissoras de rádio e tendo poder político.
Como ele falava pro (ex-bispo) Ronaldo
Didini: “Não basta ter dinheiro. Precisa ter poder político. Senão, não adianta
nada”. Isso acontece desde os anos 1980 quando ele chegou a ser nomeado bispo e
o Roberto Lopes que tinha sido um dos fundadores com ele se candidatou a
deputado federal. Depois da Redemocratização, o número de candidatos foi
aumentando tanto nas câmaras municipais, assembleias estaduais e câmara
federal. Tudo isso foi crescendo ao longo dos anos.
Cada vez mais
esse trabalho ia ganhando resultados se ampliando e seguindo um processo que
praticamente eles ocuparam todo espaço dentro do PL (Partido Liberal). Aliás, a candidatura do Lula como presidente em
2002 tinha o José de Alencar como vice que era ligado a Universal. Embora o
Alencar fosse católico, mas ele foi assumido como candidato a vice da
Universal. Até o momento em que criaram um projeto de ter poder político em
nível municipal, estadual e federal. Exatamente quando ele falou: “Vou montar o
meu partido político”, eu não sei mas isso sempre esteve no radar. Se um dia
eles conseguirão ter um presidente da República eu não sei. Mas talvez eles
tenham um governador. Não é só ter uma legenda política...A busca de ampliar um
projeto político sempre foi uma intenção.
VSP- Essa coisa deles estarem em vários
países...Afinal em quantos países a IURD está?
GN- São 95
países. Eles dizem que chegam em 170 países. Mas no site deles eu encontrei com
endereços próprios em 95. Se eles estivesse em 170 eles colocariam no próprio
site.
VSP- O senhor tem ideia por que eles escolheram o
nome de Republicanos? Trata-se de alguma referência explícita ao partido
norte-americano?
GN- Olha...Eu
não sei. Eu acho que eles escolheram porque é um nome bonito (risos). Midiático talvez. Agora eles são de fatos
republicanos? Eles escolheram esse nome porque é bonito. O partido que o
Bolsonaro se elegeu foi o PSL que é o Partido Social Liberal. Mas o governo
dele ou ele, são sociais-liberais? O PSB que é Partido Socialista Brasileiro
tem algum socialista lá dentro? Talvez tenha uma meia dúzia. Mas a maioria do
partido seguramente não tem nada de socialista. Então, esses nomes na realidade
não significam muita coisa.
Capa do livro "O Reino: A história de Edir Macedo e uma radiografia da Igreja Universal" de Gilberto Nascimento, publicado pela Companhia das Letras em 2019 |
VSP- A derrota do Crivella no Rio é uma grande
perda para a IURD e para o Republicanos?
GN- Olha...Eu
até já respondi isso outro dia para um outro colega jornalista que me telefonou
perguntando se é uma derrota...Não deixa de ser. Mas eu acho que a Igreja
Universal não tem muito problema perder a eleição no Rio. Amanhã eles estarão
com o Eduardo Paes (prefeito eleito) de novo. Eles
não sabem ser oposição. Eu vejo assim: onde está o poder eles estão juntos. É
uma derrota, óbvio mas não vai haver dificuldade para eles passarem a pertencer
a base. Mas a Igreja Universal é Bolsonaro hoje e se amanhã tiver outro eles
estarão com esse outro. Até hoje é a
prática deles. Pra eles não muda nada também estar com outro no poder. A
Universal demonizou o Lula e no dia seguinte que o Lula venceu ficaram do lado
dele. Eles ficaram catorze anos ao lado do PT. Quando o (Michel) Temer assumiu, eles estiveram com o Temer. Eles
estavam com o (Geraldo) Alckmin até na
véspera do primeiro turno. Assim que o Bolsonaro estiver fracos eles vão pro
candidato que aparecer. Pode ser de esquerda, direita, o que for. Eles (Igreja Universal do
Reino de Deus) estiveram com
todo mundo no poder, com todo mundo: direita, esquerda, centro...
VSP- Mesmo assim, o Republicanos cresceu em número
de prefeituras, principalmente no estado de São Paulo em colégios eleitorais
significativos como Campinas e Sorocaba. O que o senhor acha disso?
GN- Cresceram,
dobraram no país inteiro. Eu vi alguns números contraditórios. Foram mais pra
duzentos nessa faixa. Está crescendo...Porque eles perderam a eleição nos
principais centros mas se fortaleceram ao longo do país. Como a esquerda se
envolveu em muitas denúncias a opção do eleitor foi a extrema direita. E agora
foi por partidos de centro...Qualquer desses partidos pela extrema direita não
tinha uma linha ideológica bem definida. Na verdade, nessa eleição o que ficou
claro foi o seguinte: o eleitor não quer a esquerda, nem o Bolsonaro que é de
extrema direita. Existiu uma preferência por partidos de centro-direita.
VSP- Mas o senhor acredita que o Republicanos e a
Igreja Universal do Reino de Deus possuem um projeto de poder?
GN- Está escrito
nesse livro (Plano de Poder, escrito por Edir Macedo). Na verdade, ele fala propostas mais genéricas
mas ele incentivava os fiéis a ter participação política, ocupar espaço na
política. Sempre tiveram...
VSP- O senhor acha que dá para surgirem mais partidos
políticos da mesma linha pentecostal? O senhor acha que o (missionário) R. R. Soares também tem projetos políticos?
GN- Não sei. O
R. R. Soares é um cara mais contido....Não sei dizer mas acho que...Eu diria
que a palavra exata é que ele não é tão ambicioso como o Edir Macedo. Mesmo os
dois sendo parentes porque o Soares é casado com a irmã do Edir (Macedo). Acredito que o Soares sempre teve uma conduta
mais...Sempre optou por menos atenção ao grande público. O R. R. Soares foi
fiel ao trabalho dele, fixo naquele feudo. Ele nunca teve essa pretensão de ser
o maior do mundo, ocupar todos os espaços. Não são todos os líderes (evangélicos) que tem essa pretensão. O Soares me parece que
ele contém um pouco o suficiente para se manter. Então, não vejo e não dá para
cada igreja evangélica ter um partido. Se cada igreja evangélica for ter um
partido teremos mais de 180 partidos no Brasil (risos). A Igreja Universal conseguiu controlar um
partido é um feito grande. Não é algo fácil.
VSP- E o Valdomiro (Santiago)?
GN- Ambicioso
ele é...Mas acho que ele não tem mais espaço para crescer. Uma das razões foi
que ele querer brigar com o Edir Macedo acabou prejudicando muito o trabalho
dele.
VSP- Mas pode-se dizer que eles são concorrentes?
GN- Eles atuam mais
ou menos numa mesma linha. São igrejas (Universal do Reino de
Deus e Igreja Mundial do Poder de Deus) muito parecidas. Eu acho que o Valdomiro acabou
se focando numa parcela muito pobre da população exatamente como a Universal se
focou no início. Depois, a Universal acabou indo para a classe média fez
eventos para empresários. Mas se pudesse o Valdomiro também tentaria. Não sei
dizer se ele decidiu falar para pessoas mais pobres mas foi o que se mostrou
mais viável para a denominação dele.
VSP- Os filhos do presidente Jair Bolsonaro estão
filiados ao Republicanos. O senhor acredita que ele mesmo poderá se filiar a
legenda?
GN- Eu acho que pro Edir Macedo e pra Universal é
interessante ter os filhos do presidente no partido dele. A Universal e o Republicanos
queriam demonstrar força e estão ligados umbilicalmente ao novo governo. Dentro
do projeto político conservador eles acabaram se casando. Então, foi uma união
interessante para eles. Acaba sendo uma grife ter o nome dos filhos do presidente lá dentro.
Eles perderam no Rio, perderam em São Paulo mas em geral tiveram avanços nas
eleições de 2020. Isso falando em termos numéricos por todo Brasil.
VSP- O que o
senhor achou da atuação das igrejas evangélicas na Pandemia de Coronavírus?
GN- Olha, eu fiz uma longa matéria para a revista piauí sobre isso. Muitas igrejas evangélicas ficaram
preocupadas porque perderam muita receita já que os fiéis não podiam ir. Esses
fiéis ficaram apavorados e não indo eles não pagam o dízimo, as ofertas e as
denominações ficam com dificuldades financeiras. Fiz algumas reportagens
mostrando a dificuldade das igrejas pagarem os espaços alugados nas emissoras
de televisão que são caríssimos...
VSP- Isso tem em
quase todas as emissoras?
GN- Tirando a Globo e o SBT todas as emissoras
comerciais abertas possuem programas religiosos ou evangélicos que são vendidos a
diversas denominações. Isso não fica restrito a IURD. Já a Record é uma emissora própria (da Igreja Universal do
Reino de Deus). Então, acaba sendo diferente.
VSP- O senhor
define bem no livro que a Igreja Universal é uma denominação pentecostal de
terceira onda. Por quê outras igrejas de primeira onda e mais tradicionais (como a Assembleia de Deus e a Congregação Cristã do Brasil) nunca tiveram
partidos políticos?
GN- Olha...Eu acho que nunca eles tiveram condição.
Até porque não é uma coisa tão fácil ou simples ter um partido político
próprio. Até o Bolsonaro tentou o Aliança pelo Brasil e não conseguiu. Na
legislação eleitoral existe uma série de requisitos que próprio Bolsonaro não
conseguiu. E ele está há dois anos tentando formar um partido político.
A maior igreja evangélica do Brasil é a Assembleia
de Deus. Não sei te dizer o número exato...Mas eles têm doze milhões de
membros. Eu precisaria te pegar o número exato mas é mais ou menos isso. Se a
Assembleia tem dez milhões, depois vem a Congregação (Cristã do Brasil) com quatro milhões e em terceiro lugar a Batista.
A Universal é a quarta e a maior entre as neopentecostais. Mas entre as igrejas
evangélicas ela é a quarta e a Assembleia está na frente com larga vantagem.
VSP- Os evangélicos são o grupo
religioso que mais cresce no Brasil. Muito se discute se eles irão passar os
católicos em 2040 ou 2050. O que o senhor acha que vai acontecer?
GN-
Então...Existem diversas matérias na imprensa falando sobre isso e eu falo
disso no meu livro também. Existe uma projeção feita pelo próprio IBGE daqui a
dois anos ou pelo menos dentro de uma projeção que isso vai se consumar. Até o
último Censo, cerca de 62% da população brasileira era católica e a previsão
que isso mudasse e os católicos de ser menos de 50%. Mas esse último Censo é de
2010. Existem diversas, várias religiões crescendo no Brasil como as religiões
afro-brasileiras, os judeus, muçulmanos, espíritas. A católica deixaria de ter
50% e em 2032 os evangélicos seriam a maioria. Então, no último Censo de 2010,
os evangélicos são 22,2% da população. Mas isso foi a dez anos atrás. Então, a
expectativa num primeiro momento é que em 2040 os evangélicos assumiriam a
dianteira e depois já fizeram outra projeção para 2032. A estimativa do IBGE e
dos próprios pesquisadores é que a população evangélica aumentará.
Dentro
dos evangélicos, existem os protestantes tradicionais e as igrejas históricas.
Isso compreende os luteranos, presbiterianos, batistas, metodistas. Depois os
pentecostais mais tradicionais de primeira onda como a Assembleia de Deus,
Congregação Cristã do Brasil, os de segunda onda como a Igreja do Evangelho
Quadrangular, O Brasil para Cristo e finalmente as de terceira onda, as
neopentecostais como a Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional
da Graça de Deus de R. R. Soares, Igreja Mundial do Poder de Deus do Valdomiro
e muitas outras. Essas de terceira onda são as mais polêmicas, as que fazem
mais barulho, as que tem mais avidez pelo dízimo, ofertas e recebem dezenas de
críticas por isso. São um grupo que não dá pra falar em todos como uma coisa
única.
VSP- Mas existem teólogos que acreditam que acreditam
que a Universal chegou num teto. Que ela não tem mais como crescer...
GN- Isso
também eu tenho ouvido de muita gente. Muitos defendem que a Universal chegou
num teto e isso faz muito sentido. Um fato é que a não tem mais como a
Universal se subdividir mais. A IURD já se subdividiu em muitos momentos
históricos primeiro como grupo do R. R. Soares quando se formou a Igreja
Internacional da Graça de Deus e depois com o Valdomiro com a Igreja Mundial do
Poder de Deus.
VSP- E o que aconteceu com a Universal em Angola com
essa subdivisão?
GN- O que
está acontecendo na Universal em Angola é um fenômeno que aconteceu ao redor do
mundo. Mesmo quando os missionários americanos trouxeram a batista, a
presbiteriana no Brasil...Eles enfrentaram o mesmo problema. Tem a ver com o
pensamento distinto com uma série de questões que são absorvidos pelos fiéis
locais num primeiro momento pela população do país. Na medida que esse
agrupamento vai crescendo ele vai adquirindo características próprias.
O
missionário presbiteriano vem pro Brasil com um bom salário, uma boa situação
até sair do país dele. Eles chegam numa região sem infraestrutura nenhuma e o
pastor ás vezes vindo de fora com uma certa mordomia. Um exemplo: o cara chega
com um salário generoso numa comunidade que ainda anda de cavalo, meio rural,
de agricultura básica. Isso vai criando um problema. É o que de certa maneira
aconteceu em Angola. Aqui no Brasil os batistas se dividiram em muitos grupos
assim como a presbiteriana. Por exemplo, dentro da presbiteriana brasileira tem
a Igreja Presbiteriana do Brasil, a Presbiteriana Unida, a Presbiteriana
Independente. Dentro da Assembleia, existe dois grupos grandes e diferentes:
Ministério Madureira e Ministério Belém. Também existem várias outras
assembleias como a própria do Silas Malafaia: Assembleia de Deus Vitória em
Cristo. Pelo que sei não existe impedimento nenhum se algum de nós ir no
cartório e querer registrar um nome qualquer. Então, é muito complicado. Eu fiz
uma matéria pra Piauí de uma denominação no litoral paulista que tinha criado
uma fórmula de curar o Covid através de uma bebida com limão...Era uma
subdivisão da Assembleia que eu nunca tinha ouvido falar.
VSP- O senhor falou do Silas (Malafaia). Como é o relacionamento dele com o Edir Macedo?
GN- Eles
dividem espaço numa mesma área, num mesmo segmento. São líderes evangélicos
conservadores que exercem uma liderança sobre um determinado público e disputam
espaço. Mas em muitos momentos estão juntos. E em vários outros eles procuram
se diferenciar porque está em jogo uma hegemonia pra ver quem tem mais poder,
mais influência, quem é o maior líder. Eles dividem quem tem mais cacife,
prestígio, em vários momentos juntos e separados. Existe uma disputa entre os
dois mais isso é muito normal. Dentro de um mesmo grupo ou um mesmo partido
político existe uma disputa entre dois líderes para ver quem tem uma hegemonia
maior. Essa hegemonia existe pra ver quem tem maior disputa sobre quem vai ter
mais recursos. Mas isso é bastante normal.
O Silas
manda na igreja dele e queria ter uma influência da mesma maneira que o Macedo
tem sobre os outros evangélicos neopentecostais. Mas até hoje ele não
conseguiu. No apoio ao Bolsonaro os dois estiveram juntos. Já no apoio (a reeleição) do Crivella não havia uma
coisa assumida ou explícita. Mas dava para entender...O Silas dava sinais que
estava apoiando o Eduardo Paes. Ele não assumiu publicamente mas deu claros
sinais que estava com o Paes. Ele e o Edir Macedo já brigaram muito...Mas
acabam estando juntos em causas comuns. Mas a igreja do Macedo é muito
maior...Mas existe a emergência, a necessidade de vários líderes, assumindo
cargos de liderança. A igreja do Silas (Assembleia
de Deus Vitória em Cristo) não se conhece muito sobre a denominação dele,
não se conhece o tamanho da igreja dele mas parece pequena. O Silas é uma
figura midiática mas a igreja dele não tem grande expressão. Não tem e não
precisa ser mostrada. Nunca fiz uma matéria longa e nunca vi na mídia nunca de
grande relevância sobre ela. Se tivesse algo grande e relevante já teria sido
mostrada. Veja: o Censo de 2010 diz que a Universal tem 1,8 milhões de fiéis.
Mas a própria IURD diz que tem sete milhões. O que a gente tem que diferenciar
são os fiéis que vão sempre e as pessoas que vão na igreja mas não pertencem a
nenhuma. Eu conheço muita gente que vai em várias denominações mas não são
fixos em nenhum. É um público meio flutuante.
VSP- Pra gente tentar
encerrar: na avaliação do senhor, qual será o futuro da IURD e do Republicanos?
GN- Olha, a gente tem que acompanhar e avaliar as consequências. No
caso da derrota do (Marcelo) Crivella eu sinceramente não
pensei muito...Eles são muito pragmáticos. Para os membros da Universal eles
sempre fazem o que eles acham que deveriam fazer. Eles sempre vão fazer o que é
mais vantajoso ou interessante. Mas o Republicanos vai continuar levando seu
projeto de ocupar todos os lugares possíveis. Se perdeu a prefeitura vão tentar
disputar o governo nas próximas eleições. Eu acho que eles vão tentar se compor
com o novo governo. Eles sempre se aliam pra qualquer governo seja direita,
centro, esquerda. Não vejo uma grande coisa...Não é uma derrota radical.
Não tem problema nenhum amanhã eles estarem com o Eduardo Paes
publicamente. Mas com certeza eles irão apoiar os projetos do Paes em troca de
possíveis benefícios. Pra mim posso me enganar mas não tenho nenhuma dúvida.
Eles viviam criticando o PT e o Haddad mas eram base na Câmara Federal. Até
véspera da eleição de São Paulo eles eram aliados do Bruno Covas: tinham
secretaria e subprefeituras até um mês antes da eleição. Aí um mês antes eles
saem começam a atacar prefeito de uma gestão que estavam fazendo parte até
trinta dias atrás atacando o PSDB e o Bruno Covas. No dia seguinte da derrota
eles anunciam apoio e viram governo de novo. Ninguém presta atenção nesse vai e
vem. Pode ser que houve um debate direto entre o Eduardo Paes e o Crivella que
foi um negócio meio pesado. Mas a derrota pro Republicanos não muda nada na
minha avaliação.
A Igreja Universal vive um processo de transição de disputa interna de
poder. Isso está acontecendo porque o Edir Macedo quer impor o genro (Renato Cardoso) como sucessor, herdeiro. Então, isso é muito questionado dentro da
instituição e as pessoas inevitavelmente não param de pensar nisso. Uma série
de decisões que eles vem tomando e somente mais adiante vamos saber como vai
ser. Ele se preocupou bastante em garantir ao menos o poder acumulado da
família ficar pro genro. Mas sobre o Republicanos: não será nenhuma surpresa
que eles vão apoiar o Eduardo Paes amanhã. E mesmo senão anunciarem também vão
apoiar. Se há algum poder eles estão junto. Foi o título de uma matéria que
eles fizeram comigo. A lógica é essa.
VSP- Você falou que a Igreja
Universal está em 95 países. Como foi a atuação, a recepção deles na Venezuela?
GN- Eles tiveram dificuldades. A IURD está na Venezuela mas sem
expressão. Não tenho dados objetivos agora...Mas foi um dos países que eles
mais tiveram problema lá. O Chávez chegou a confiscar um terreno onde eles
pretendiam construir uma catedral lá onde o (ex-bispo) Alfredo Paulo na época atuou.
Um comentário:
muito bom
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