A analista de relações públicas Aline Torres (MDB) foi candidata a vereadora de São Paulo em 2020. Foto: acervo pessoal |
A relações públicas e gestora cultural Aline Torres, 35 anos, foi candidata do MDB (Movimento Democrático Brasileiro) a vereadora da cidade de São Paulo em 2020. Ela participou ativamente da coligação “Todos por São Paulo” (PSDB-MDB-Podemos-PP-PSC-PL-Cidadania-DEM-PTC-PV-PROS) com a candidatura de Bruno Covas a prefeito e Ricardo Nunes a vice. Nesta entrevista exclusiva ao VSP, a jovem candidata reflete sobre a coligação entre PSDB e MDB, sua militância política e fala sobre como ela imagina que será o governo de Bruno Covas.
VSP- Como você iniciou sua militância política?
Aline Torres- Se for contar todos os detalhes fica muito
longo (risos). Eu já falei sobre esse assunto muitas vezes...Eu militei durante
muito tempo no PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). Fiz parte da Juventude
Executiva durante muitos anos. Passei para o MDB (Movimento Democrático
Brasileiro) em 2020.
VSP- No seu início no
PSDB você teve uma aproximação com o Geraldo Alckmin. Como foi isso?
AT- Tive sim. O Alckmin foi governador por muito tempo e
conseguiu viver essa gestão com altos e baixos. No geral ele sempre prezou um
secretariado que fazia um mix de técnicos e políticos o que eu acho bastante
importante. O Alckmin é um cara humano, simples, bem intencionado. É uma pessoa
que tem a vida pública como missão de vida. Tem aspectos dele que admiro
bastante.
VSP- Como você avalia
sua militância no PSDB?
AT- Poxa, é difícil eu resumir toda uma militância em poucas
palavras. Afinal, foram dezessete anos dentro do PSDB. Eu fiz parte da
Executiva da Juventude do partido. Trabalhei em outros lugares dentro do
partido e posso dizer que devo parte da minha formação política ao PSDB. Também
tive experiências por outros movimentos antes de adentrar no partido e ver como
a política de fato, a política institucional funciona. Pude vivenciar isso de fato.
Então, o PSDB acabou sendo um pouco responsável pela minha formação.
VSP- O primeiro cargo
público que você disputou foi a deputada federal em 2018. Como foi isso?
Concorrer logo para um cargo federal?
AT- Olha, dentro da vida pública não existe hierarquia. Não é
igual faculdade que você precisa terminar o ensino médio ou pra entrar num
mestrado precisa um curso superior. Nada disso. Cada eleição tem seu perfil e
seu direcionamento diferente. A eleição de 2018 foi a primeira quebra com a
eleição de pessoas que não eram diretamente da vida pública. Cada eleição tem
seu momento cíclico. Em 2016, a sociedade começou a olhar para esse público
negro e periférico. Dois anos depois, começaram a botar várias pessoas de fora
do meio político. Já esse ano de 2020 foi uma verdadeira catástrofe por conta
da pandemia. Cada uma dessas eleições teve um contexto, uma particularidade
diferente.
Naquela primeira eleição tive pouco tempo de organização, não
tive tempo pra planejar. É como se fosse um cavalo selado que ia sair num
campo...Mas foi uma oportunidade pra quem tinha dezessete anos dentro do PSDB.
Tive um ganho político muito bom. Fui a primeira mulher negra a concorrer a
deputada federal do partido. Tive quase 14 mil votos e isso me deu direito de
conversar com outras cadeiras dentro do meio político.
Aline Torres foi a primeira mulher negra candidata a deputada federal do PSDB. Foto: acervo pessoal |
VSP- Por que você
trocou o PSDB pelo MDB?
AT- Por minha conta. Eu tinha que sair por um partido que
tivesse alguma chance de ter uma votação mais expressiva. Então, não tinha
coligação proporcional para todos os partidos. Por isso, cada partido tinha que
montar uma chapa de mais de 80 candidatos a vereador. A eleição para a Câmara
de Vereadores é a mais difícil porque você tinha mais de mil candidatos dentro
da Capital. Todas as legendas tiveram que fazer conta. O MDB saiu com uma chapa
muito estruturada e me deu mais condição para eu fazer a minha candidatura. E o
PSDB e o MDB tem linhas de pensamento políticas muito próximas. Afinal, o
próprio PSDB foi fundado saindo de dentro
VSP- Como se deu a
elaboração da coligação “Foco, Força e Fé”? Desde o início a vaga de vice foi
para o MDB e o Datena?
AT- A informação que eu tenho é a mesma que você têm pela
mídia. O Datena ia ser candidato mas ele não quis e o Bruno (Covas) tinha
outras opções. Dentro da coligação existiam outras opções mas essa foi uma
decisão do Bruno. Ele acreditou que o Ricardo Nunes seria a melhor opção para resolver as questões partidárias da coligação. O Bruno tinha outros partidos dentro da coligação...Mas o MDB
acabou sendo a opção dele.
VSP- Na sua avaliação,
o que o Ricardo agrega para o governo do Bruno?
AT- O Ricardo é um cara que dentro da política tem o diálogo
como uma característica necessária. Se eu puder definir o Ricardo em um
atributo é que ele é leal e cumpridor de palavra. Ele entende bastante da
máquina pública e isso deve agregar nas diretrizes do governo porque ele tem
experiência, foi vereador duas vezes sempre com destaque dentro da Câmara
Municipal. O Bruno é mais progressista que o Ricardo. Mas acredito que os dois
dão uma mistura muito positiva e devem contribuir para uma gestão equilibrada
para a cidade de São Paulo.
VSP- Durante as
eleições vieram à tona alguns aspectos da vida pessoal do Ricardo. Como você
avalia isso?
AT- Eu acho que estamos lindando com uma eleição muito
difícil, concorrida. Trata-se do maior orçamento do Estado e a mais complexa
de ser administrada. Foi uma eleição extremamente concorrida. A cadeira de ouro que o Boulos ia fazer de tudo que estava ao alcance dele para ganhar.
Na realidade, eles distorceram uma história e a gente sabe
como as coisas funcionam. A partir do boletim de ocorrência está a prova que
não houve uma agressão e sim uma discussão. Isso está no boletim de ocorrência.
Contra fatos não existem argumentos. Em momento nenhum existe agressão do
Ricardo ou agressão da esposa dele. Fico muito triste que numa eleição tão
importante tenha seguindo esse tom de aflição e de Fake News. Mas, enfim, foi
isso que aconteceu.
VSP- Na sua avaliação,
quais são as maiores virtudes do Bruno Covas?
AT- Poxa, o Bruno é um cara muito justo. Durante dois anos
ele foi meu presidente na Juventude do PSDB e sempre foi muito próximo, aberto.
Isso desde que ele começou na carreira parlamentar. O Bruno é um jovem que
gosta do diálogo, é justo. Acredito que esse olhar dele que vai conseguir
trazer melhoras pra cidade.
VSP- Muitos comparam o
Bruno ao Doria e dizem que o Bruno é mais socialdemocrata. Vamos dizer que ele
seja um tucano old school?
AT- Ah, com certeza. Apesar de jovem, podemos dizer que ele
seja a essência do PSDB. Ele é um social democrata na acepção da palavra. Tem
uma postura dele que volta para as raízes históricas do PSDB. Ele está no
partido desde a infância dele. É uma relação muito intensa com a legenda.
VSP- Na sua avaliação,
como vem sendo o desempenho dos governos municipal e estadual com a pandemia do
Coronavírus?
AT- Não sou a pessoa certa pra te responder essa questão. Não
tenho como avaliar isso porque não estrou dentro da máquina pública, não
participo de comitê nenhum. Na realidade, acredito que dentro das
possibilidades devemos dar parabéns pro governador que teve muito pulso em
questões bastante delicadas. Por um lado, tem os lojistas desesperados pra
vender e do outro muita gente morrendo, não tendo vagas nas UTIs. Então, ser
líder exige tomar decisões e muitas dessas decisões não agradam 100% das
pessoas. Acredito que o Doria tenha ido bem e o Bruno também dentro das
possibilidades.
VSP- Como você reagiu
ao ato do deputado estadual Fernando Cury a deputada Isa Penna?
AT- Ah, completamente lamentável. Você sabe que na Câmara
Federal foi construído um banheiro feminino somente há duas gestões atrás?
Quando tem um ato tão deplorável como esse contra uma deputada independente do
partido. Sou um pouco próxima ao Fernando Cury, acho ele foi um cara muito bom,
simples, voltado a gestão pública, tem ações positivas. Mas antes de qualquer
coisa ele é um homem. E é um homem branco, heterossexual e isso representa
muita coisa. Não é o Fernando em si, mas essa caixinha dos homens como ele que
acham coisas assim posturas normais. Pode ser que durante muito tempo essa
atitude era entendida como normal. Mas não é mais e nunca mais será normal. É
como o racismo. As coisas estão mudando. Foi um episódio brutal e completamente
lamentável.
VSP- Quais são as suas
expectativas com o governo Bruno Covas?
AT- Eu acho que ele vai conseguir fazer uma gestão dele. O
Bruno vai montar uma equipe 100% dele e acho que vai conseguir uma ótima
gestão. O primeiro ano vai ser muito difícil...Poxa, o ano de 2021 será um ano
muito difícil. Nós tivemos aumento extremamente grande em produtos
alimentícios. Além disso, são mais de 14 milhões de desempregados no Brasil e
não sabemos quando vai ter a vacina. Não sabemos também se vai existir vacina
para a população toda. Lógico que a gente não espera que o Bruno resolva todos
os problemas que existem na cidade. Ele precisa escolher quais são os mais
urgentes. Mas ele tem muita sabedoria e um olhar humano. Isso deve refletir no
governo dele.
Aline Torres e o prefeito Bruno Covas. Foto: acervo pessoal |
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