“Legalidade” ** (Brasil, 2019, ficção, direção: Zeca Brito)
Fazer filmes que falem
sobre momentos da história brasileira é bastante importante. Este é um dos
méritos deste Legalidade que parece
ter sido rodado inteiramente no Rio Grande do Sul. A única realização que eu
tinha visto do diretor Zeca Brito antes deste foi o documentário “A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro”
na Mostra Internacional de São Paulo em 2017. Um longa-metragem excepcional
sobre um dos maiores jornalistas brasileiros de todos os tempos: Tarso de
Castro (1941-1991), fundador do jornal O
Pasquim. Vi na Cinesala em Pinheiros numa sessão num domingo à tarde e a
sala praticamente vazia. Lembro que eu caí ás gargalhadas com o ator Paulo
César Pereio dizendo que “não se lembrava
muita coisa da vida porque tinha usado muitas drogas”. O mesmo Paulo César
Pereio reaparece aqui numa ponta.
O longa-metragem Legalidade aborda o ano de 1961 quando o então governador gaúcho Leonel de Moura Brizola fez um movimento para assegurar seu o então vice-presidente João Goulart assumir a presidência. Dentro de fatos reais, o diretor tentou engatar um triângulo amoroso envolvendo uma agente americana que se passa por jornalista chamada Cecília (Cléo Pires) que tem envolvimento com dois irmãos. Um é o antropólogo Luiz Carlos (Fernando Alves Pinto) e outro o fotógrafo e jornalista Tonho (José Henrique Ligabue). Talvez o maior erro seja o filme não se afirmar nem no folhetim amoroso das partes e nem na importância histórica. Ficou perdido nas duas tramas. Um dos destaques é o ator Leonardo Machado que faz muito bem Brizola (até no jeito de falar a semelhança é impressionante) e infelizmente faleceu muito novo. Cléo Pires como agente da CIA ou algo do gênero acaba não convencendo. Legalidade ficou muito panfletário em certos momentos. Isso desequilibra o longa-metragem. Talvez se fosse um tempo menor a trama ficasse mais ágil. O cinema brasileiro deve retratar mais a nossa história e personagens. Essa coragem Legalidade possuí mas peca em alguns momentos chave. E isso compromete um pouco a trama embora tenha momentos parecidos com o clássico Casablanca de Michel Curtiz. Isso fica patente na cena final da despedida no aeroporto.
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