Santos vende Juari para o México
Por 13 milhões de cruzeiros, ele foi para o Universidade de Guadalajara. Luís Fernando deve ocupar seu lugar
CELSO BERTOLI, de
Santos
O Santos acabou
desfazendo-se de um dos seus poucos ídolos desde a saída de Pelé: vendeu Juari,
o seu maior goleador nos últimos tempos, por Cr$ 13 milhões, ao Universidad de
Guadalajara, do México. A transação foi concretizada na tarde de ontem entre o
presidente Rubens Quintas e o empresário Nicola Gravina, sendo o pagamento
realizado a vista.
Juari, que deveria
jogar hoje no amistoso contra o XV de Jaú, como parte das negociações do
goleiro Marola, viajará na próxima quarta-feira para o México, juntamente com o
diretor de patrimônio do Santos, Ricardo Chadad, para acertas as bases de seus
dois anos de contrato. Comenta-se que o jogador deverá receber 80 mil dólares
(Cr$ 2.560.000) de luvas e 15 mil dólares (Cr$ 480.000) de salários, uma vez
que não tem direito aos 15% por não ter ainda dois anos de profissionalismo.
A venda de Juari pegou
de surpresa a grande torcida santista, que em lugar de ver a diretoria
contratar um grande craque – no caso, Luís Fernando, do América de São José do
Rio Preto -, acabou perdendo o seu goleador. mas o próprio presidente Rubens
Quintas afirmava que a diretoria só tomou essa decisão devido a um compromisso
assumido com o atacante logo após a desclassificação do Santos para as finais
do Campeonato Paulista – ou seja, a de vender seu passe para outra agremiação.
“Realmente, o Juari por
diversas vezes veio solicitar diversas vezes que eu colocasse seu passe à
venda”, explicou Quintas. “E, no meu entender, por tudo o que ele vem
enfrentando em sua vida particular, cheguei à conclusão de que o jogador não
teria mais condições de continuar na Vila Belmiro. Foi um bom negócio, tanto
para o Santos como para o próprio atleta”.
Num canto da sala do
presidente, no segundo andar da Vila Belmiro, enquanto Quintas acertava os
detalhes finais da transação, Juari comentava que, caso não fosse negociado até
o final dessa temporada, estaria disposto até a abandonar o futebol. “Não dava
mais para continuar no Santos”, disse ele. “Só quero dizer que aqui na Vila
ainda tenho muitos amigos e que não estou saindo por pressa de ninguém, muito
menos da torcida, pela qual sempre fui respeitado como jogador de futebol; saio
por outros problemas, que prefiro não revelar, problemas esses que acabaram com
minha permanência no Santos.
O centroavante tem hoje
20 anos e estava há cinco na Vila Belmiro. Começou sua carreira no Pavunense,
de São João do Meriti, e veio para Santos em 74 para atuar no juvenil. Sua
estreia como profissional aconteceu somente em 76, na Vila Belmiro, numa
partida contra o XV de Jaú, mas seu primeiro contrato só foi assinado em 77.
Publicado originalmente
no Jornal da República em 6 de dezembro de 1979, edição 87
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