SANTOS 4, NOROESTE 0
O Santos ainda pode ser
bicampeão
TONICO DUARTE
O Noroeste conseguiu
transformar a comemoração dos noventa anos da República num autêntico Dia das
Mães. Ao perder de 4 a 0 para o Santos, ontem no Parque Antártica, a equipe de
Bauru foi tão maternal e compreensiva quanto aquela senhora que, dizem, padece
num paraíso. E o agradecido Santos, que só não fez mais por pura preguiça,
conservou suas chances de chegar à final. Mas é difícil, pois precisa vencer, agora,
o Palmeiras e o Guarani.
Até que o Santos
começou indeciso, com Pita, seu pior jogador, errando muitos passes. Em
compensação, lá na esquerda, João Paulo fazia gato e sapato de Borges e de
todos aqueles que se atrevessem a marca-lo. Foi assim que, logo aos 5 minutos,
ele driblou na velocidade a Tobias e Jorge Fernandes, deu a Juari, recebeu de
volta e fez 1 a 0.
Três minutos depois,
aos 8´, foi a vez de Nilton Batata passar facilmente por Santos, cruzar para
trás, e encontrar Juari colocando rente à trave direita de João Marcos: 2 a 0.
A esse gol, o centroavante santista denominou “despedida de solteiro”. Hoje, ás
18 horas, Juari casa-se com Márcia, uma professora santista.
Estava tão fácil que o
Noroeste só conseguiu chutar sua primeira bola no gol de Pais aos 26 minutos,
num arremate torto de Wallace. Mas, aos 28´, em nova falha da defesa, o Santos
chegaria ao seu terceiro gol: João Paulo lançou Juari, Ednaldo quis colocar
ordem na casa e acabou tocando por cobertura, fazendo contra. Entretanto o juiz
José Pereira da Silva deu esse gol como sendo de Juari.
O segundo tempo começou
e o Santos continuou desperdiçando a mamata que o Noroeste lhe oferecida. O
último gol do jogo aconteceu aos 21 minutos: Pita chutou, João Marcos rebateu e
Rubens Feijão pulou de “peixinho” para fazer 4 a 0. Depois disso, o jogo passou
à dar sono e, para quebrar a monotonia, a torcida pediu a entrada de Ailton
Lira, no que foi prontamente atendida por Pepe. O próprio técnico, nos
vestiários, confessaria a sua surpresa diante do futebol ridículo do Noroeste:
“Foi realmente um jogo muito fácil para o Santos. Mas, por um lado, isto é bom,
pois temos de guardar as nossas forças para estes dois jogos dificílimos que
teremos pela frente”.
Ao lado de Pepe, quase
sem ser notado, estava Dorval. O ex-ponta direita do Santos aparente bem menos
que os seus atuais 44 anos de idade. Metido num elegante safári azul, Dorval
cumprimentava Pepe e desejava-lhe boa sorte nos próximos jogos: “Eu vou
precisar mesmo” – respondeu Pepe.
Súbito, ambos começaram
a lembrar os velhos tempos e chegaram a mesma conclusão: “Hoje em dia, o
futebol perdeu sua beleza”.
O JOGO FOI ASSIM
SANTOS: Pais; Nelson,
Cassiá, Fernando e Gilberto; Gilberto Costa, Pita e Rubens Feijão (Ailton
Lira); Nilton Batata, Juari e João Paulo
NOROESTE- João Marcos;
Borges, Tobias, Jorge Fernandes e Santos; Ednaldo, Helinho e Mardoni (Salomão);
Jorge Maravilha, Leia e Wallace.
Juiz – José Pereira da
Silva
Renda – Cr$ 840.370,00
Público pagante –
14.541 pessoas
Gols- João Paulo, aos
5´, Juari aos 8´ e aos 28´do primeiro tempo. Rubens Feijão aos 2´do segundo
tempo.
Cartões amarelos-
Ednaldo e Wallace.
Publicado originalmente no Jornal da República em 16 de novembro de 1979, edição 70
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