quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Playboy entrevista Alexandre Frota (abril de 2002)

Playboy entrevista Alexandre Frota (abril de 2002)


Playboy entrevista Alexandre Frota (abril de 2002)

 


O pitbull da TV brasileira fala sobre tramas na Casa dos Artistas, transas nos cenários da Globo, traição no casamento e assédio sexual de homens e mulheres

 

O ator Alexandre Frota não gostou de ser chamado de “rinoceronte de sunga” pelo colunista José Simão do jornal Folha de S. Paulo, na época em que participava do primeiro Casa dos Artistas, no SBT. Reagiu comparando o jornalista a uma gazela. Aqui entre nós, e que ele não nos escute, há um pouco de verdade nessa pimenta de Simão. O carioca Frota costuma tratar desafetos no estilo das savanas: abaixa o focinho, mira no estômago e atropela o que estiver pela frente. Para nossa sorte, o ator – 1,90 metro, 100 quilos e faixa roxa de jiu-jitsu – não é de sair por aí dando porrada em ninguém. Mas a virulência verbal com que se refere aos colegas atores e diretores parece torná-lo um sério candidato a ser expulso da manada. Mas aqui o rinoceronte torce o verbo. De irracional Frota não tem nada. As pontadas que distribui são calculadas. O objetivo é destacar-se do bem-comportado universo dos atores nacionais e chegar lá no alto: ele quer ser produtor e diretor na TV.

 

Se a habilidade para conduzir artista fosse transmitida pelos genes, meio caminho já estaria andado. Seu pai, Antônio Carlos de Andrade – falecido há dez anos -, foi produtor na Globo e na Bandeirantes e lhe deu o primeiro empurrão na carreira. Já aos 4 anos, Frota frequentava os estúdios da Globo (ele guarda, dessa época, uma foto no colo de Tarcísio Meira, então galã da novela Irmãos Coragem). A profissionalização, no entanto, foi conquistada por seus próprios méritos. Em 1984, fez um teste na Globo e integrou o elenco de Livre Para Voar, a primeira das 12 novelas de que participou.

 

Aos 38 anos, Frota vive o mais alto ponto de sua carreira. A Casa dos Artistas lhe trouxe mais visibilidade e dinheiro do que qualquer outro momento profissional. Com salário de 30 mil reais no SBT, ele ainda tem a seu favor o fato de Sílvio Santos gostar dele. Trata-se de um amor com ressalvas, é verdade. Aos mais próximos, Sílvio diz manter um pé atrás quando faz projetos para o ator. Tem medo de que ele abandone o banco de uma hora para outra. Tal desconfiança já foi compartilhada por mais gente. E com motivos. Em meados dos anos 90, quando se mudou do Rio para São Paulo, Frota entrou em uma viagem pesada nas drogas. “Cheguei ao fundo do poço. Eu não acordava para ir aos compromissos. Minha vida profissional ficou atrapalhada”, contou ao jornalista Ricardo Valladares, que o entrevistou. Repórter calejado no trato com estrelas da TV, Valladares foi obrigado a usar de todos os truques com Frota. “Foi uma luta de jiu-jitsu, ele é difícil de pegar, encaixa os golpes”, compara. “Se a pergunta tinha um pouco de malícia, ele percebia o perigo e levantava a guarda”.

 

PLAYBOY – O que mudou na sua vida ter participado da Casa dos Artistas?

FROTA – De tudo que eu fiz na minha carreira, as 12 novelas, as minisséries, apresentações ao vivo... nada teve a repercussão que a Casa trouxe para mim. Sou da geração dos anos 80. Tem (atores da Globo) Maurício Mattar, Felipe Camargo, Roberto Bataglin. Uma geração confusa, que não tem agentes, advogados, empresários por trás. Eu não fui preparado para isso. No domingo você não é nada e na segunda não pode sair na rua.

 

PLAYBOY – O que ninguém sabe que aconteceu na Casa dos Artistas?

FROTA – Que eu tive uma discussão com a Nana (Gouvêa, modelo participante da Casa) no dia em que eu disse que discordava do posicionamento vulgar dela. E que ela se aproveitava dessa situação para ganhar a vida depois da Casa dos Artistas. Ela deitou ao meu lado da piscina e abriu as penas. Eu disse para ela que parecia uma garota de programa daqueles sites pornôs.

 

PLAYBOY – Mas você tomou banho sem sunga. Não é coisa parecida?

FROTA – Eu tomo banho nu, dentro do banheiro. Ali era o local adequado.

 

PLAYBOY – No banheiro, com câmeras e tudo bem?

FROTA – Sim.

 

PLAYBOY – O Supla mudou muito lá dentro?

FROTA – Tudo teve influência da nossa grande psicóloga Débora (terapeuta que acompanhava os participantes). Eu e o Supla nos estressamos. Ele via em mim e eu nele grandes rivais. Passamos a nos odiar. Nas duas últimas semanas nos amamos. Eu era o bad boy e ele o punk. Ele jogou também. Não é o príncipe que todos pintaram.

 

PLAYBOY – Quem é o Supla, afinal?

FROTA – Cara, o Supla quer vencer na vida. Ele está na hora dele. Ele insistiu, acreditou no que faz. Todo mundo que começou parou. Ele é um guerreiro. O cara me liga quase todo dia. É a primeira vez que ele está bombando.

 

PLAYBOY – Dava para conversar ali sem a câmera flagrar?

FROTA – O melhor lugar era na dispensa. Dava para desligar o microfone e conversar por uns 30 segundos, até a câmera chegar. Mas onde mais se planejava era do lado de fora do chuveiro. O barulho da água abafava o microfone.

 

PLAYBOY – Quem estava na casa que você não quer mais ter por perto?

FROTA – Eu tenho uma personalidade forte. Convivi com 11 cabeças diferentes uma da outra. Não tenho mais tempo e paciência para os deslumbrados como o (modelo) Taiguara. Inúmeras vezes ele repetiu que o (diretor de novelas) Ricardo Waddington acha ele o homem mais bonito do Brasil. Gente deprimida como a (atriz) Mari Alexandre, que é sufocada com a vida, porque quer ser atriz e ela não é. Ela é uma Penélope Charmosa misturada com o Hardy (a hiena personagem do desenho animado Lippy and Hardy), aquele que reclama da vida. Eu encontrei gente vulgar de calcinha e camisola como a Nana Gouvêa. Não suporto aquela coisa do (ator) Mateus Carrieri reclamar que o casaco do Supla era melhor que o dele, que o Frota falou mais que ele... ciúmes. Com a idade que tem, não deveria mais sentir isso.

 

PLAYBOY – E a Bárbara Paz?

FROTA – Ela entrou com a cabeça completamente anticomercial. Só que ela não tinha 200 reais para pagar o aluguel. Cheia de recalques, se vestindo de farrapos. Na terceira semana começou a se vestir de maneira sensual, a se pentear, usar maquiagem e perfume. Ela sacou a importância de se vender. Não dá para pensar que não vai fazer TV Globo. Quem é artista tem que se vender para a mídia.

 

PLAYBOY – Tem que se vender?

FROTA – Sim, se quiser acontecer, tem que se vender. Tem que encarar o projeto mais cedo ou mais tarde, para qualquer emissora. A partir do momento que você desenvolve um projeto, envolve patrocinadores, merchandisings, tem exposição comercial. É o que paga seu salário. Claro que você está se vendendo ao sistema. Quem não se vende ao sistema são os Racionais MC´s (banda paulistana de rap). Você nunca vai ver os caras no Gugu (Liberato).

 

PLAYBOY – O que rolou entre você e a Patrícia Coelho?

FROTA – A Patrícia se apaixonou por mim bem antes que eu pudesse perceber. Ela fez duas declarações, em bilhetes, que escreveu com rímel. Dizia que eu mexi com a cabeça dela. Em outro, ela falou que ia me agarrar lá dentro se ficasse mais uma semana. Mas não aconteceu nada.

 

PLAYBOY – Como vocês combinaram a encenação embaixo do edredom?

FROTA – Eu não podia ficar parado, sem criar fatos. Tudo o que eu fazia, como falar “a chapa está esquentando”, que o Pedro Bial repetiu no Big Brother, virava notícia. A gente combinou no chuveiro.

 

PLAYBOY – Por que você resolveu desancar a Patrícia?

FROTA – Até o nome dela é Patrícia. Ela tem 28 anos e mora na casa dos pais. Depois de tudo o que falei para a Patrícia, eu ouvi do pai e da mãe dela: “Frota, você foi a pessoa que falou a verdade para nossa filha”. Ela não pode mais dormir no quarto na casa dos pais. Eu tive realmente um papo “froitiano” (risos).

 

PLAYBOY – Você tinha domínio sobre todos os participantes?

FROTA – Sim, eu era o xerife da casa. Eu sou amigo de vários polícias, conheço o sistema carcerário. Um vai ser meu cozinheiro, outro vai ser meu garoto de recados, outro eu vou atazanar a vida... eu ameaçava, se não obedecesse. Eu mexia as peças. Num quadro de metal, eu escrevia o nome das pessoas em cada peça. Colocava o nome e mostrava para as pessoas em quem votar. Quase 80% dos candidatos que foram para a berlinda, eu manipulei para mandar.

 

PLAYBOY – Quem se deu bem?

FROTA – Supla. Bárbara, com algumas restrições. Ela poderia ter feito uma PLAYBOY. Eu falei: “Não peça 500 mil reais, você não é a Vera Fischer.”

 

PLAYBOY – Você saiu da Casa e depois voltou. Como foi a conversa com o Sílvio Santos para acertar a volta?

FROTA – Eu fui para a Casa dos Artistas por causa do trabalho irreverente que fiz na revista G (G Magazine, dirigida ao público gay). Sei que foi o Sílvio quem viu minhas fotos e endossou meu nome. Eu tive o primeiro contato com ele no SBT na época do projeto da Casa. O segundo encontro, quando saí de lá. Eu entrei no camarim dele, ele estava comendo um sanduíche e perguntou se eu queria voltar. Eu disse que tinha ficado p... da vida porque ele tinha apontado as minhas armações (Sílvio Santos exibiu um vídeo com imagens de Frota conspirando contra outros participantes). Ele segurou no meu braço e falou que eu precisava voltar.

 

PLAYBOY – O que ele deu a você em troca?

FROTA – Eu falei que tinha projetos, ele falou que queria me manter no SBT. Ganhei um aumento, como outras pessoas ganharam. Mais do que isso, ganhei respeitabilidade. Ele me disse que a audiência do programa estava caindo.

 

PLAYBOY – Você foi contratado no SBT. Quis são as bases?

FROTA – Eu tenho contrato como ator e apresentador por um ano. Oito meses de novela, outros quatro meses de férias provavelmente.

 

PLAYBOY – Quanto de salário?

FROTA – Trinta mil reais por mês, com direito a merchandising.

 

PLAYBOY – Antes da Casa, quanto você tirava por mês?

FROTA – Uns 8 mil reais.

 

PLAYBOY – Você ganha uma grana para divulgar a marca Bad Boy?

FROTA – Ganho uns 3 mil reais e roupa à vontade. Com esse dinheiro eu mantenho, há mais de dez anos, a educação da minha sobrinha. Estou abrindo uma loja no Rio de Janeiro com o (lutador de jiu-jitsu) Vitor Belfort.

 

PLAYBOY – Quanto você ganhou com a Casa, entre publicidade e cachê?

FROTA – Uns 500 mil reais. Além disso, vou lançar o Frotinha, um boneco tatuado e de óculos. Tem o livro que escrevi sobre a Casa (Do Outro Lado do Muro). Fiz seis comerciais. Estamos lançando óculos, vou abrir uma loja de roupas e estrear um programa na rádio Transamérica. Sou sócio de duas oficinas mecânicas. Hoje eu fecho entre 100 mil e 150 mil reais para fazer uma propaganda. Antes, eu saía de casa por quaisquer 2 mil reais. Só não faço cigarro. Vou fazer Fiat também.

 

PLAYBOY – O que você fez com o dinheiro que ganhou com a Casa?

FROTA – Comprei um apartamento pequeno, de um quarto, em Moema para minha irmã. Entrei de sócio em duas oficinas mecânicas e numa loja de esportes de ação. Comprei um carro para a Dani (Daniela Freitas, atual mulher) e outro para a minha irmã. Ajudei na reforma da casa da minha mãe. Ajudei uma penca de amigos que estavam no sufoco. Montei um escritório, outro para cuidar do meu programa de rádio (o Treta Show, da rádio Transamérica).

 

PLAYBOY – O que você vai fazer no SBT?

FROTA – Vou desenvolver um programa que é uma proposta do Sílvio. Quero fazer alguns estágios de equipamentos de TV.

 

PLAYBOY – Você vai virar produtor?

FROTA – Quero virar produtor e diretor. Não tenho pretensão de dirigir o Casa dos Artistas, tenho intenção e ter um banco de ideias e eventos.

 

PLAYBOY – O que não entraria na programação do diretor Frota?

FROTA – Big Brother com toda a certeza. Não entraria também o Fantástico. Eu gosto muito daquela porra do Cidade Alerta, perseguição, da maneira de falar do cara (o apresentador da Record, José Luiz Datena).

 

PLAYBOY – Por que você é tão mal visto pela classe artística?

FROTA – A classe artística é muito desunida. Só se une num momento cruel, como na morte da Daniella Perez (atriz assassinada em 1992). Tem ator que quando é assediado para um trabalho e sabe que eu fui convidado pergunta quanto eu pedi. Se eu pedir 130, o cara fala que faz o mesmo papel por 70. O Eri Johnson (ator de O Clone) já fez isso comigo no teatro. E é meu amigo até hoje.

 

PLAYBOY – Quanto tempo você ficou na Globo?

FROTA – Eu entrei em 1986 e fiquei até 1994. Eu entrei e fiquei no casting do (diretor da Globo) Roberto Talma. Isso criou uma série de situações lá dentro. Porque eu só gostava de trabalhar com o Talma. O (também diretor da Globo) Daniel Filho me demitiu porque eu não queria fazer uma novela do Gilberto Braga. O Boni (José Bonifácio Sobrinho, à época vice-presidente de Operações da Globo) me recontratou no dia seguinte. O Daniel é um dos maiores traidores.

 

PLAYBOY – Por que ele é um traidor?

FROTA – O perfil dele sempre foi esse. Todo mundo sabe. Ninguém tem coragem de falar. Ele escreveu no livro dele como derrubou a (autora cubana de novelas) Gloria Magadan, que foi a primeira Janete Clair (morta em 1983). Traiu o Mário Gomes...

 

PLAYBOY – Como foi isso?

FROTA – Todo mundo sabe, aquela história da cenoura que ele inventou (divulgou-se a informação, depois desmentida, de que o ator Mário Gomes havia sido atendido num hospital com uma cenoura presa no ânus). Ele fez várias. Estabeleceu que atores com mais de 65 anos não podiam ser contratados da TV Globo. Só esqueceu que o pai dele era o primeiro da fila. Ele mandou embora o próprio pai.

 

PLAYBOY – Por que o Daniel Filho o incomoda tanto?

FROTA – Ele tentou puxar meu tapete, junto com o Jô Soares.

 

PLAYBOY – O Jô Soares?

FROTA – Quando eu conheci a Cláudia Raia, ela namorava o Jô. Eu fui buscar a Cláudia no programa do Jô, o Viva o Gordo. Depois, o Daniel e o Jô me colocaram no programa. A primeira esquete era a do “claquete”. Eu fazia um galã que não sabia beijar. A mulher que eu tinha que beijar era a Cláudia. Aí vinha o Jô de claquetista e me ensinava como fazer. Ele dava um malho na Cláudia, na minha frente. Se o primeiro capítulo era assim, imagine o que viria depois. Pulei fora. Disse que não tinha humor e caí fora. Ela tinha acabado de largar o Jô e estava comigo, imagina a encrenca.

 

PLAYBOY – O ator Raul Gazolla ainda é seu amigo?

FROTA – O Gazzola ficou meu amigo depois. Teve uma situação esquisita antes. Sei que ele e a Cláudia me traíram.

 

PLAYBOY – Quando você ficou sabendo disso?

FROTA – Quando eu era casado com a Cláudia. Mas a vida é assim, eu também traí a Cláudia. O vento que venta lá, venta cá. Entre namoro, noivado e casamento a gente teve seis anos de relacionamento. Estou no meu sexto casamento, mas nada é tão marcante como a Daniela.

 

PLAYBOY – Se alguém te chamar de cornudo você sai no braço ou você está manso?

FROTA – Hoje eu não faço nada, eu dou risada. Sinto que os homens têm curiosidade. Falam coisas, tiram onda. Eu faço que não escuto.

 

PLAYBOY – Hoje você está casado, você segura o seu desejo?

FROTA – Eu seguro, sim. Pode ser a mais gostosa.

 

PLAYBOY – Quais são as mais gostosas?

FROTA – A Daniela Cicarelli é um show de bola. Se for só um bumbum, o da Viviane Araújo. Tem a Scheila que é do Carvalho, a boca da Joana Prado. A boca dela é algo sensacional. Peito tem o da própria Daniela Freitas. A Cláudia Raia está ficando mais velha e gostosa.

 

PLAYBOY – Você tem vontade de voltar a ter uma história com ela?

FROTA – Tive até oportunidade.

 

PLAYBOY – Faz muito tempo?

FROTA – Foi recente, a gente tem uma coisa muito forte. Mas eu não desejo nem um pouco terminar esse casamento perfeito do senhor e senhorita Hart, o casal 20 (rindo).

 

PLAYBOY – Faz tempo isso?

FROTA – Eu tive oportunidade dar um beijo na Mulher Aranha (dá a entender que tenha sido quando ela fazia o espetáculo O Beijo da Mulher Aranha). Estou te dando a letra. O Faustão é outro que carrega umas cinco bailarinas que eu já peguei. Tiveram duas que eu peguei em 1999 que foram demitidas. Na época que eu fiz Malhação.

 

PLAYBOY – Você voltaria para a TV Globo?

FROTA – Eu não tenho problemas com a entidade Globo. Tanto que fiz Malhação, de 1999 para 2000. Tenho problemas com meus desafetos.

 

PLAYBOY – E o SBT?

FROTA – Eu sei que estou na seleção do Sílvio, sou o camisa dez dele.

 

PLAYBOY – Na época que você badalava em São Paulo, rolava muita droga. Muita gente usava?

FROTA – (travando os dentes) Eu nunca gostei das badalações com todo mundo. Era eu, a Paula (Manga), o Raul (Gazzola)... eu nunca gostei de galera, eram algumas pessoas. As drogas me fizeram perder o sorriso.

 

PLAYBOY – A Paula Manga e o Raul Gazzola é?

FROTA – É, mas eu não quero falar mais sobre isso... não quero brigar com o Manga (Carlos Manga, pai de Paula, diretor de programas na TV Globo). Eu gosto muito dele.

 

PLAYBOY – Quando você começou a usar drogas?

FROTA – Nos anos 80, fumando maconha. Eu usei por uns dez anos. Em 1994 eu estava tentando largar. Hoje, eu sou um careta. Eu sei o mal que faz, principalmente para a saúde. Perdi o trabalho, perdi os meus amigos, meu sorriso. Não estou aqui levantando bandeira ou fazendo uma declaração demagógica. Estou falando de uma experiência que eu vivi. Eu fui ao fundo do poço. O negócio não é legal, não foi bom.

 

PLAYBOY – Você chegou a cheirar cocaína?

FROTA – Não quero falar disso, quanto ou como. Nós tínhamos baladas, de tudo quanto era loucura que envolvia mulheres... A noite em São Paulo é uma loucura. Profissionalmente atrapalha muito. Eu não acordava para ir a um compromisso. Eu era um irresponsável. Afetou demais, eu fiquei uma pessoa vazia.

 

PLAYBOY – Mas você cheirou muito?

FROTA – Eu nunca cheirei muito. Eu nunca fui viciado. A droga teve uma fase muito grande em minha vida. Por volta de 1993 em São Paulo, eu usei bastante.

 

PLAYBOY – E o assédio sexual, rola muita coisa?

FROTA – As mulheres são bem ousadas. Homens também. Elas fazem cada coisa.

 

PLAYBOY – Já lhe ofereceram dinheiro em troca de sexo?

FROTA – Dinheiro, sim. Homem, mulher. Proposta do que eu quisesse: carro, moto...

 

PLAYBOY – Dá um detalhe de uma transa que tenha acontecido atrás dos cenários da Globo.

FROTA – Era ali no meio das madeiras mesmo. Encostado, se aparecesse alguém, era botar o pinto pra dentro. Mas nunca rolou...

 

PLAYBOY – Em quais novelas?

FROTA – Quase todas. Eram aquelas famosas rapidinhas.

 

PLAYBOY – Era só com você, ou todo mundo transava?

FROTA – Eu sei de mim. Dentro das casas (antes da construção do Projac, a produção das novelas era feita em casas alugadas). Em pé mesmo.

 

PLAYBOY – Com a Cláudia Raia aconteceu alguma vez?

FROTA – Não, por incrível que pareça.

 

PLAYBOY – Mulher de diretor?

FROTA – Mulher não, namorada sim. Diretor guarda a mulher dele em casa, ou escala para que ela faça a cena quando ele for dirigir, para ficar ali sob a batuta dele... Esses caras são muito engraçados (rindo). Eu fui um cara que atropelou muito essa mulherada.

 

PLAYBOY – Teve alguém que passou por algum tipo de assédio na televisão que você conhece?

FROTA – Provavelmente sim. Isso sempre foi um problema na cabeça deles. Eles (os diretores) são todos gordos e barrigudos. Quando você entra malhado, bonito e jovem, isso incomoda. Hoje a Globo não tem galã macho. É tudo bonitinho, não tem tipo casca-grossa que se deu bem. Tirando o José Mayer. Tem o Humberto Martins, que está careca e vai ter que colocar interlace (risos).

 

PLAYBOY – Qual é o erro dessa moçada que entra hoje na TV?

FROTA – Todo mundo no Brasil acha que pode ser ator. Falta preparo, estudar. Você entra e fica vulnerável. Agora na Globo existe até ator estratégico. Quem é ator estratégico? É muito gratuito, modelos entrando na televisão. É um absurdo.

 

PLAYBOY – Mas você mesmo era um protótipo de modelo.

FROTA – Mas era outra época. Eu não ganhava grandes papéis.

 

PLAYBOY– É a teoria da conspiração: você acha que a Globo está sempre querendo prejudicá-lo, não é?

FROTA – A Rede Globo sabe do meu envolvimento com o Roberto Talma.

 

PLAYBOY – Qual é o problema? Ele está na Globo. É diretor de núcleo.

FROTA – O que acontece é que fiquei com o estigma de garoto do Roberto Talma. Eu sou sempre uma ameaça. Porque às vezes eu falo não, que não faço isso ou aquilo. Uma vez, ao gravar uma cena no set de filmagens, um cinegrafista errou quatro vezes a tomada de cena. Eu parei, deitei no chão e disse que não ia gravar mais nada (rindo).

 

PLAYBOY – Você foi namorador. Não tem medo de encontrar uma mulher louca pela frente?

FROTA – Fico com medo da mulher bater com a cabeça dela na parede, se cortar. Até nas épocas loucas, eu sempre gostei muito de ler aquelas merdas que saíam nos jornais, Cláudia Lessin Rodrigues, a garota que teve overdose. E olha que eu tive um casamento muito louco com a Simone (Lanceti), que está morando fora. Ela é uma pessoa muito nervosa. A Simone era uma mulher possessa.

 

PLAYBOY – Quais os problemas você teve com ela?

FROTA – Problemas sérios. Ela era ciumenta, já quis sair de boate, dizendo que ia se jogar embaixo do ônibus. Tive que chamar amigos, tive que segurar. Essas coisas me perturbam um pouco. Ou eu saio quebrando tudo, ou caio fora. É por isso que hoje, às vezes fico com vontade de virar uma mesa. Mas não posso. Quer ver uma coisa, outro dia, a Suzana Alves, a Tiazinha, só respondia: “Sim, Sílvio”. “Não, Sílvio” (fazendo voz fina). Na terceira eu já teria mandado ela tomar cu, calar a boca, não é possível que alguém seja assim passiva. Muito louca ou passiva. Eu não poderia namorar a Paula Manga, a Cláudia Sabá, não voltaria a namorar a Simone.

 

PLAYBOY – Essas mulheres são nervosas. A Paula Manga, você teve uma história forte com ela...

FROTA – Sim, mas a Paula eu não gostaria de falar, isso me fez distanciar do pai dela, um cara que eu gosto muito. Não quero mais dar pano pra manga (rindo). É mulher pressão. Joana Prado é mulher pressão, bate, vem pra cima.

 

PLAYBOY – Você sabe histórias dela?

FROTA – Ela é uma mulher que se você fala “senta aí”, ela vai responder: “Senta o caralho!”. É uma pessoa de quem eu gosto muito.

 

PLAYBOY – Você já teve alguma história com alguém que está dentro da Casa dos Artistas 2?

FROTA – Já tive, mas eu não vou falar (depois de muita insistência, com o gravador desligado, Frota diz quem foi). A Mariana Kupfer. Faz tempo, fiquei muito louco.

 

PLAYBOY – Foi paixão ou foi tesão?

FROTA – Um pouco de tudo.

 

PLAYBOY – E se ela falar dessa história?

FROTA – (apavorado)... meu Deus... acho que ela não vai falar. Mas tudo bem, se falar, falou...

 

PLAYBOY – Você já transou na frente de outras pessoas?

FROTA – Já, transei assim, da mulher estar olhando... de um amigo meu estar olhando.

 

PLAYBOY – Você já transou com dois homens?

FROTA – Como assim? (rindo) Não! Eu fazia umas baladas em que participavam eu, (os jogadores) Renato Gaúcho, Paulo Nunes, isso é das antigas. Ninguém era casado. Mas eu ficava preocupado, eu não sabia o que podia acontecer no outro quarto. Mas sei que o primeiro nome da encrenca ia ser o meu (levanta as mãos como se lesse uma manchete de jornal): “Confusão com ator da Globo termina em pá! pá! pá!”, entendeu? Renato Gaúcho, um jogador consagrado... e se o Renato dá uns tapas? O delegado ia perguntar quem estava lá, sei lá.

 

PLAYBOY – Você tem medo que acabe sua audiência?

FROTA – Já tinha acabado, é assim mesmo, uma hora acaba. Tudo depende da maneira como se conduz a carreira. Eu errei muito. Estou sendo humilde em estar falando isso para a PLAYBOY. Eu conheci o traço de audiência, o ostracismo. Isso recheado da má vontade das pessoas em olhar para o Alexandre Frota. Era muita gente se vigiando. Todo mundo depois que eu posei nu na revista. Eu fiz com outros homens, dei a entender uma série de coisas. Fiz como a Madonna fez. Querem falar de mim, vou jogar forte.

 

PLAYBOY – Quem você acha que poderia estar na Casa dos Artistas 2?

FROTA – Eu levaria o João Gordo, o Marcelo D2 (vocalista do Planet Hemp), o Falcão do Rappa, (a apresentadora) Sabrina Parlatore. Com toda certeza, a Sabrina ia penar, ela é muito fragilzinha.

 

PLAYBOY – E a sua fase no funk? Você estava ferrado de grana e por isso topando qualquer coisa?

FROTA – Eu percebi que tinha uma galera indo pro Rio de Janeiro atrás dos bailes funks. Então resolvi trazer os bailes para São Paulo. Era um negócio para ganhar dinheiro. Estava com tudo quase fechado com a galera do Furacão 2000. O Gugu foi mais esperto e chegou antes, levou para a casa noturna dele (Fabbrica 5, na zona leste de São Paulo). Então coloquei as mulheres (o grupo Orbital beat, formando por oito dançarinas de palco), só, que porra, arrumei com um médico cirurgia plástica, lipo, silicone nos peitos. Dei uma arrumada nelas, uma geral. Queria que elas estivessem mais bem tratadas.

 

PLAYBOY – Que história é essa de que quando houve briga com elas você pediu o peito de silicone de volta?

FROTA – (rindo) Foi a forma que eu encontrei de gritar ao mundo: “Porra!”. Porra, que eu estou puto, galera. Na hora que eu montei uma empresa, elas ficaram num escritório. No começo, eu não tinha contrato com elas. Então eu falei: “Quero os peitos de volta!” (rindo) Foi aí que elas passaram a ir na televisão para dizer que eu era apenas um apresentador. Eu me senti sacaneado. Pra elas deve ser mesmo difícil, elas olham no espelho e falam (olhando para o tórax): “Pô, eu estou com o peito do Alexandre Frota”, deve ser foda para elas. Teve um custo, eu gastei 15 mil reais em peito. O peito foi pro saco (gargalhadas).

 

PLAYBOY – Aquelas garotas que faziam strip no extinto programa SuperPositivo, na Band, eram suas “bailarinas”?

FROTA – Sim, algumas eram. Hoje eu tenho umas 12 que dançam pra mim. Eu ainda toco de DJ. Eu cobro de 3 mil a 5 mil reais, depende. Eu tenho iluminação, som... os homens querem ver as mulheres dançando. Eu tenho DJs que tocam, eu faço show de uma hora e meia. Sobra uma graninha, pago 150 reais por show para cada bailarina. Elas não dançam nem 15 minutos.

 

PLAYBOY – Você não ficava constrangido com isso?

FROTA – Nunca tive vergonha de nada. Em nove anos de revista Caras, eu nunca entrei na revista, acabei que fui capa deles.

 

PLAYBOY – Antes disso você vivia do quê?

FROTA – Eu fiquei de 1999 a 2000 fazendo Malhação, depois veio a história do funk. É meu passado, eu costume dizer funk you. Isso me perturbou (abaixa o tom de voz). Tem muita gente que apareceu ali para se dar bem. Eu peguei uma dançarina, a Ariane, que foi capa da PLAYBOY (Ariane Latuf, a Proibida do Funk, capa da edição de Abril de 2001) e da VIP. Só que ela não soube aproveitar, hoje está aí, fazendo qualquer merda.

 

PLAYBOY – Por que muitas dessas garotas acabam indo fazer programa?

FROTA – Por causa da condição de vida que elas alcançam. Elas não querem trabalhar em loja. É até engraçado, existe mais de um tipo de modelo. Tem (escreve a palavra) modelo e tem modelu. Modelo mesmo são as magras, as esguias. E as outras são mudelus. Aí eu te pergunto, qual é o desfile que a modelu fez, que capa de revista? A prostituição não é a única saída, mas é a mais rápida e rentável. Ela está na noite, ela está no brilho, está viajando, conhecendo lugares. É uma rede cara! Caiu lá, não sai.

 

PLAYBOY – Suas dançarinas são o quê?

FROTA – Essas atuais eu posso te dizer que estudam, trabalham, não estão envolvidas em prostituição. No dia seguinte acordam cedo. A prostituição está aumentando muito, o que eu vejo de modelus... Modelo é a Gisele Bündchen, mas ela não é meu tipo de mulher, não funciona.

 

PLAYBOY – E se ela te desse mole?

FROTA – Sem desmerecer, não me deixaria excitado. Ela ganha 25 milhões assim, ok. Mas eu gosto de mulher gostosa. Eu tenho que estar com uma mulher na cama com carne. Não com uma mulher que, de tão magra, pareceria que eu estou me abraçando (risadas).

 

PLAYBOY – Quando você conheceu a Daniela você estava casado?

FROTA – Estava namorando a Juliana Gavarati (que apresentava o programa Galera junto com Frota, na Record). Eu a conheci no programa. Depois de muito tempo que rolou. Saí algumas vezes e não aconteceu nada. Se dependesse de mim eu a teria pego dentro do palco da Record. Eu não sou um cara pegajoso, não pego ninguém a força. Se der pra pegar no primeiro dia, eu pego.

 

PLAYBOY – O que aconteceu com o Luciano Huck na Globo?

FROTA – O Luciano é um cara político, bem relacionado, família influente. Tem bons contatos na noite, que dão a ele bons contratos publicitários. Luciano sempre teve perto de uma galera para apoiá-lo. Com toda certeza ele não é um apresentador. Acho que ele cresceu, ele teve o olho grande. Na época que ele era o rei na Band (até 1999, ele apresentou o programa H+, na emissora). Ele deixou de ser o rei na Band para ser mais um na TV Globo. Ele aparecia mais na Band. Ele era mais divertido, ele não estava plastificado. A TV Globo plastificou ainda mais esse boneco chamado Luciano Huck. É óbvio que ali não tem uma levada, o que tem é uma estrutura TV Globo. As pessoas são engolidas. É só ver os caras que foram pra Globo e se deram mal. Vamos lá: Cazé, Thunderbird, Maria Paula. A Chris Couto saiu de uma coisa fantástica que fazia para fazer novela. Serginho Groisman...

 

PLAYBOY – A Globo pode então ser uma grande ilusão para quem vai?

FROTA – A emissora plastifica a pessoa de uma tal maneira. O Sérgio Mallandro é um exemplo. Ele tinha tudo com o Sílvio Santos, saiu porque queria ir para a Globo. Foi pra Globo, substituiu a Xuxa num momento em que ela estava sei lá, gripada, e se deu mal.

 

PLAYBOY – A Record vai ser sempre uma igreja?

FROTA – O Luciano Callegari (atual superintendente artístico e de programação da Rede Record) está lá. Ele sempre vai ter problemas com a igreja. A igreja tirou o Galera de lá. Eu sou todo tatuado, era uma profanação do corpo. Não tinha papas na língua, não seguia uma conduta preestabelecida pela igreja.

 

PLAYBOY – Alguém chegou a falar isso lá dentro para você?

FROTA – Chegou. A própria direção, o José Paulo Vallone, que também não gostava de mim. Ele me herdou do Lafond (Eduardo Lafond), mas... Todo mundo que entrar na Record vai esbarrar na igreja. Tem equipamento e será uma casa legal, mas no dia em que a Record separar a igreja da emissora. Eles deveriam ter a Universal TV, deixar a Record quieta. A Universal não deixa você usar preto, outro não quer que você use vermelho porque lembra o diabo. Eu não podia usar uma camiseta, porque o meu braço era tatuado. Não pode falar um “porra”. Porra, é foda. Não pode mostrar mulher de biquini, não pode mostrar uma bunda.

 

PLAYBOY – Você acha que isso prejudica a Adriane Galisteu, no confronto com a Luciana Gimenez?

FROTA – Acho sim... a Adriane, ela... (para e pensa) tem um negócio que acontece na Record que é a instabilidade. Não me pergunte o porquê. De dia você é tudo na Record e no dia seguinte você pode não ser mais nada. A Adriane foi comunicada de um dia pro outro que o horário dela ia mudar. Não existe isso em televisão. Ela foi com uma proposta para a Record, público jovem, depois desvirtuou tudo. A Adriane quer ser a Hebe Camargo, como o coitado do Marco Mastronelli (modelo/cantor que participou da primeira edição da Casa dos Artistas) quer ser Sílvio Santos. Todo mundo pode sonhar um dia.

 

PLAYBOY – E você quer ser quem?

FROTA – O Alexandre Frota.

 

PLAYBOY – Você viaja para fora do país para assistir a outros espetáculos?

FROTA – Sim, vou a Nova York, apesar de não saber falar inglês (risos). Eu entendo tudo, vou para lá e fico dois meses sozinho. Assisto a todos os shows. Eu moraria lá.

 

PLAYBOY – Você estudou até que ano?

FROTA – Segundo grau completo, em Vila Isabel, no Rio. Estudei em colégio estadual. Fiz um ano de curso preparatório para a Escola Naval, porque meu avô queria que eu fosse militar. Eu abandonei, tinha tudo para ser um puta oficial da Marinha.

 

PLAYBOY – Você é um bom ator?

FROTA – Não. Eu não estudo. Eu só sou um bom ator quando estudo. Sou limitado numa série de coisas. Na carpintaria de ator. Eu não quis tirar meu sotaque carioca. Eu me considero um bom apresentador e acho que eu sou um ótimo produtor e vou ser um grande diretor. Fui um bom ator na série da Globo Boca do Lixo, direção do Talma com Sílvia Pfeiffer e Reginaldo Faria. Em Sassaricando, eu fui um bom ator, Chapadão do Bugre, eu também fui um bom ator. Por razões inclusive pessoais eu tenho que ser um bom ator em Marisol (próxima novela do SBT produzida com textos da televisão mexicana Televisa). Para fazer o meu personagem, o Mário Soares, eu não posso fazer menos que nos trabalhos anteriores. Não quero decepcionar o Sílvio.

 

PLAYBOY – Se você não tivesse sido artista, você seria o quê?

FROTA – Se eu soubesse, teria sido diretor. E talvez mais assediado pelas mulheres.

 

PLAYBOY – Diretor se dá melhor com as mulheres que os atores?

FROTA – Não, porque eles não podem ficar com o rabo preso. Eu sei produzir, já produzi Splish Splash, Blue Jeans, várias edições do Som Brasil e do Hollywood Rock, com o Talma. Na produtora do Talma eu produzi diversos shows para ele. Quero chegar aos 40 fazendo outra coisa. Tudo hoje é um trabalho para mim, até essa entrevista é trabalho. Estou me divulgando, é um trabalho. Tenho que equilibrar o que falo para você, não posso falar besteira.

 

PLAYBOY – Qual a pior experiência que você já teve na sua vida?

FROTA – A separação de meus pais me grilou muito. Mas, graças a Deus, teve esse lado bom, de ter vivido em dois mundos – Copacabana, zona sul do Rio, na casa do meu pai, e Vila Isabel, no subúrbio, com a minha mãe. Não soltei pipa no ventilador, não joguei bolinha de gude no carpete, fui criado na rua mesmo. Até hoje, mesmo tendo dinheiro, eu como fubá e água, se necessário for. Durmo em qualquer lugar.

 

PLAYBOY – O que aconteceu com você e o Paulo Ubiratan (diretor de núcleo, morto em 98)?

FROTA – Ele não gostava de mim, achava que eu o ameaçava pela minha virilidade. Não sei se tive alguma coisa com alguma mulher dele. Ele e o Daniel Filho achavam que eu iria ser um segundo Mário Gomes, irreverente, ousado e atrevido.

 

PLAYBOY – Você não acha meio boiola essa coisa de ficar agarrado com homem no jiu-jitsu?

FROTA – Toda a briga acaba no chão. O jiu-jitsu é chão. Um lutador de jiu-jitsu não pode lutar com um boxeador, senão ele toma uma no queixo e já era. Por isso agarra. É ruim pra quem assiste, é um joguinho de xadrez, muitas vezes se usa a própria força do outro. Esse papo de boiola é fictício. Trabalha as articulações.

 

PLAYBOY – Você já usou o jiu-jitsu em briga?

 

FROTA – Já usei. Coloquei um fulano pra dormir, dei um mata-leão. Era briga de muita gente na porta de uma boate. Era eu e dez amigos contra outros dez. Uma pancadaria. Botei o sujeito pra dormir e depois ressuscitei o cara. Vai na barriga e pum, pum (faz sinais com a mão na barriga)... o cara volta sem saber onde está, o que ele fez. Isso é coisa do passado.

 

PLAYBOY – Quantas faixas você pode conquistar?

FROTA – A marrom e a preta. Depois levei o Gazolla, ele até me passou. Ele topa todas. O Guilherme de Pádua (assassino da atriz Daniella Perez) tem que ter sorte de nunca trombar com o Gazolla. Ele tem que se confinar em Belo Horizonte. Em São Paulo, esbarra em mim. No Rio, no Gazolla.

 

PLAYBOY – Quantos casamentos?

FROTA – Foram seis. Cláudia (Raia), entre namoro e casamento foram seis anos. Dois anos com a (estudante) Simone (Lanceti). Tive relacionamento com a Soraia Bastos (dois anos), Juliana Garavati (um ano) e com a ex-Romário, a Andréa Oliveira, foram 65 dias. E dois anos com a Daniela Freitas.

 

PLAYBOY – A ex do Romário?

FROTA – Foi muito louco, cara. Ela teve uma história com o Romário. O Romário se separou dela, eu a conheci numa boate. Eu me tranquei durante cinco dias num hotel e (batendo na palma da mão) foi pra dentro. Confundi, achei que estava apaixonado. Literalmente eu mantive relações com ela cinco seis vezes sem sair. Ela era boa de cama. Foi uma merda, o Romário parou de falar comigo.

 

PLAYBOY – O lado negativo foi que o Romário parou de falar com você?

FROTA – Não foi só ele. O Edmundo também parou. Porra, a Cristina Mortágua saía comigo e ficou grávida dele e botou o nome do filho dela de Alexandre. Ele não aceita isso até hoje. São dois caras que eu gosto.

 

PLAYBOY – Em algum momento você pensou que o filho poderia ser seu?

FROTA – Não, eu tinha certeza que o filho era do Edmundo. Filho eu tenho o com a (estudante) Samanta em Brasília: Mayã Lima Frota. Ele tem 2 anos, vejo pouco, pago pensão. Foi uma aventura de um mês. A criança não tem culpa, não fiz teste de DNA. Acreditei nela. Não tenho convicção de que o filho seja meu. Mas agora já assumi.

 

PLAYBOY – Ele se parece com você?

FROTA – É muito louco, às vezes acho que sim, às vezes acho que não. Quando ele ficar mais velho um pouquinho eu acho que me entenderei com ele.

 

PLAYBOY – Você não usava camisinha?

FROTA – Com a Samanta eu não usei. Algumas vezes sim, outras não.

 

PLAYBOY – Você já fez testes de HIV?

FROTA – Fui obrigado a fazer, quando entrei na Record.

 

PLAYBOY – Você ficou encanado?

FROTA – Não, sei que pode me pegar, mas eu não sou um cara promíscuo...

 

PLAYBOY – Como assim, Frota? Você transou com metade do Rio de Janeiro!

FROTA – Eu não pego qualquer uma de qualquer maneira. Nunca usei as drogas injetáveis, nunca me relacionei com homem ou com uma mulher que pudesse ser promíscua. Estou ligado nas fitas todas, mas quando a mulher era estranha. Hoje estou casado com a Dani, não preciso usar.

 

PLAYBOY – Você já saiu com prostituta?

FROTA – Teve uma história muito engraçada. Eu saí com uma menina e ela me disse que cobrava 200 reais. Eu falei que cobrava 500 e disse que ela estava me devendo 300 (gargalhada). Ela não me pagou, nem eu a ela.

 

PLAYBOY – Quem é o Frota? É difícil saber quem é o Alexandre ator e quem é o “bad-boy-pitbull”. Você sabe jogar com os dois lados?

FROTA – Eu sou um cara que xingo e que posso ajudar. Ou as pessoas me amam ou odeiam. Há três anos eu dei um “que se foda” para a vida. Eu passei anos preocupado em tirar o sotaque carioca. Poxa, os caras na Globo queriam que eu fosse um Selton Mello. Eu não vou ser nunca, eu não tenho nem o corpo nem o talento que ele tem.

 

PLAYBOY – Você diz que mudou. Quando isso aconteceu?

FROTA – Quando eu percebi que me preocupava com que roupa eu tinha que ir a uma festa ... A Madonna vai a uma festa e come em cima da mesa, de perna aberta, e todo mundo acha o máximo. (envaidecido) Agora eu vou andar como eu quero. Não sei se isso é loucura da minha cabeça, mas hoje eu como com a mão, mesmo. Perdi a vergonha de falar o que quero. Foi um “que se foda”... Na Casa as coisas já começaram a mudar: não escovava os dentes, nada de banho, não estava nem aí. Fazia o que eu queria.

 

Publicado originalmente na revista “Playboy” em abril de 2002

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