segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Críticas da pesada: Mulheres do cais


Mulheres do Cais


Por Valério de Andrade

Apesar do título suspeito e da presença de um diretor - José Miziara – cujo nome está comprometido com uma série de filmes de baixo nível, “Mulheres do Cais” surpreendentemente não é aquilo que tal fusão sugere. Apesar de desigual, a narrativa soma pontos positivos, que, no conjunto, lhe dão alguma substância cinematográfica. E, quase acidentalmente, a história vulgar vai assumindo a feição e o tom sombrio do film noir sem, felizmente, pretender adicionar ao nosso submundo o intelectualismo francês. A heroína é uma prostituta de cidadezinha de interior que vem para a cidade grande, e, por ser jovem e bonita, consegue destacar-se no elenco de um cabaré situado na zona portuária de Santos. Ali, Terezinha (Wanda Stefânia), torna-se a favorita de Pepe (Mário Benvenutti), ricaço e inescrupuloso, e que, por isso mesmo, é um tipo importante no submundo onde o policial Zé Durão (Maurício do Valle) se confunde com os contrabandistas. Ao contrário de suas colegas, Terezinha alimenta ilusões de sair daquela vida, cujo passaporte dependerá do sucesso do golpe que seu amante - Pinote (Francisco Di Franco) – planejou. A busca dessa ilusão, nascida dentro do contexto social adverso, moral, cruel é que aproxima “Mulheres do Cais” em linha temática do film noir, onde, independente do esforço individual, dá vontade de sair da lama: o destino impede que se alcance o objetivo visado – seja através do amor ou de um golpe financeiro bem sucedido. Este enfoque fatalista é universal, mas como se sabe, também é ajustável ao cinema de cada país- e o maior mérito de José Miziara foi o de condicioná-lo ao submundo paulista. De modo geral, os personagens- prostitutas, contrabandistas, homossexuais, marginais, policiais, têm credibilidade cênica dentro de uma pervertida e cruel. Nem todos os intérpretes, contudo, estão à altura dos personagens- a começar por Wanda Stefânia que, nas cenas de maior intensidade dramática e, em particular, na explosão histérica da bebedeira, deixa a desejar.

Publicado originalmente em O Globo em 18 de dezembro de 1979

3 comentários:

Adilson Marcelino disse...

Meu amigo,
Gosto desse filme e de outros tantos do Miziara.
Um abraço

Anônimo disse...

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ADEMAR AMANCIO disse...

O melhor período do cinema nacional.