quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Gigantes do Jornalismo Esportivo: Márcio Canuto


Márcio Canuto, o Jacozão

Por Nelson Urt

Agora, ele é conhecido em Maceió como Jacozão. Com seus 125 kg distribuídos em 1,94 m de altura, um sorriso peculiar e um vozeirão sem sutilezas, o gigante Márcio Canuto, alagoano de 39 anos, casado, dois filhos, confunde-se como o irmão mais velho de Jacozinho. Em Maceió, ninguém mais consegue imaginar esta dupla desfeita. Canuto, porém, explica que seu trabalho como jornalista não foi a fórmula mágica para colocar o jogador em evidência: “Jacozinho não é um personagem. É apenas a mistura de um bom ponteiro-esquerdo com o pitoresco. Ele não seria um sucesso se não pudesse juntar essas duas virtudes. Portanto, ele tem seus próprios méritos”.

Editor de esportes da TV Gazeta de Maceió, ligada à Rede Globo, Márcio Canuto conta que tudo começou quando a Globo lhe pediu uma reportagem “diferente”. Sobre alguém que se sentisse no direito de jogar naquela horrível Seleção de Evaristo: “Descobri que Jacó era o homem”, diz Canuto. “Um jogador que simbolizava o sempre preterido futebol nordestino. Coloque a camisa da Seleção nele e mandei para o ar. O resto ficou por conta da criatividade dele. Ele se saiu com aquela de chamar o Evaristo de ‘seu’ Avaristo e agradou.”

Canuto não nega que hoje se transformou no principal conselheiro e protetor de Jacozinho. Sua fama também subiu proporcionalmente ao sucesso do jogador. “Já fui sondado para trabalhar no Rio de Janeiro, mas nada me tira de Maceió, que é um paraíso”, confessa o jornalista. “E o Jacó tem condições de bater asas sozinho. A única coisa que eu lhe digo sempre é para guardar todo o dinheiro na poupança. E só”.

Sobre o novo fenômeno Jacó, Márcio Canuto encontrou no Rio de Janeiro uma boa definição, dada pela mulher do radialista José Carlos Araújo: “Chorar é fácil: bastar abrir os jornais e ler as notícias de crime, fome, miséria. Difícil é aparecer hoje em dia com graça, para alegrar a gente. E Jacozinho é capaz de fazer a alegria do povo”.

Publicado originalmente na revista Placar 792, em 26 de julho de 1985

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