terça-feira, 5 de junho de 2012

Minami Keizi e Cinema Em Close Up


A trajetória profissional de Minami Keizi (1945-2009) precisa ser mais estudada. O jornalista e editor brasileiro de descendência japonesa foi responsável pela editoração da revista Cinema em Close Up. Essa publicação durou três anos e foi o veículo de imprensa oficial do Cinema da Boca. Além de fotos das atrizes, a revista trazia informações e discussões sobre a sétima arte nacional. Um dos exemplares trouxe uma longa entrevista com Celso Amorim, então presidente da Embrafilme. Os dois anuários da Close Up, escritos em 1976 e 77 são itens de coleção para todo fanático por cinema brasileiro.

Entre os colaboradores da revista estão nomes que depois contribuíram ativamente para o cinema paulistano como José Adalto Cardoso, Luiz Castellini, Luiz Gonzaga dos Santos. Todos que trabalharam diretamente com Minami o reconhecem como uma pessoa amável e humilde. Essa humildade em demasia talvez tenha sido determinante para os projetos de Keizi muitas vezes não serem sucessos comerciais. O jornalista era um Ademir da Guia da caneta. Além de sua importância dentro do meio cinematográfico, Minami foi um dos introdutores do mangá no Brasil. Foi editor de revistas sensacionais e raras como Pausa Garotas & Piadas. Escreveu dezenas de livros com os mais variados temas (horóscopo, artes marciais, faroestes). Muitos saiam assinados por diversos pseudônimos e editoras variadas. Lamento profundamente não ter conhecido pessoalmente ele, embora tenhamos trocados alguns e-mails. Para homenagear Minami e outros profissionais do passado, VSP resgata aqui a sensacional seção de cartas da Cinema em Close Up. O espaço era chamado de “Cartas na mesa”. Muitos leitores mandavam suas dúvidas e eram respondidos pelos colaboradores da publicação. Claro que muitas cartas eram inventadas, o que torna tudo ainda mais engraçado. Abaixo trazemos o texto na íntegra da segunda edição da Close Up, em 1975. O interessante é ver os elogios dos realizadores da época para Minami e a equipe da publicação.

Cartas na mesa

Realmente foi uma surpresa muito grande o número 1 da revista CINEMA EM CLOSE UP, um incentivo para nós, produtores de cinema, a continuar e aperfeiçoar cada vez mais. E mais um veículo para a divulgação do cinema nacional. TONY VIEIRA, - produtor, diretor e ator de cinema.

Gostei imensamente do número 1 da Cinema em close-up e orgulhosa em ter sido a capa desta maravilhosa publicação. CLAUDETE JAUBERT- atriz de cinema.

Para mim que estou estreando com a fita TERRA QUENTE, embora já tenha feito outra, é um estímulo e alegria em saber que há gente interessada em divulgar o cinema nacional. CUSTÓDIO GOMES – ator, diretor e produtor de cinema.

O número 1 está uma jóia! Sucesso na certa. Pau na máquina, amigo. RAJÁ DE ARAGÃO – roteirista de cinema.

Era o que faltava no nosso meio, uma revista que se preocupasse com os filmes brasileiros, informando ao público o que se passa nos bastidores do cinema. ALEXANDRA MONTESSORI – atriz de cinema.

Nada tenho a criticar e a sugerir. A linha adotada no número 1 está ótima. FRANCISCO DI FRANCO – ator.

Está ótimo o número 1. Gostei pacas. Saiu agora, realmente, uma revista de cinema. JEAN GARRETT – diretor de cinema.

Olha, o meu fanatismo por cinema não chega não chega a tanto, mas não posso deixar de expressar aqui os meus parabéns. NELSON C. y CUNHA – escritor.

Acho que o povo em geral está de parabéns, pois ganharam uma revista apta a divulgar o cinema nacional. GERALDO DO NASCIMENTO – São Paulo-SP.

Explique-me, se for possível, naturalmente, essa transa do CINEMA: Produção, Direção, Roteiro. Qual é a do Diretor e a do Produtor? É o Diretor quem faz o roteiro? – E. DA SILVA GOMES – Rio de Janeiro – RJ

O produtor é quem bota a grana, o diretor dirige a fita e geralmente um roteirista faz o roteiro. Algumas vezes o próprio diretor faz o roteiro.

Por que esta chamada porno-chanchada prolifera no cinema brasileiro? Por que não fazem nenhum filme de arte com exceção de alguns? CLÁUDIO CARLOSMAGNO- Curitiba- PR

Porque é preciso ganhar “o pão de cada dia” e se o povo quer comédia erótica, “vox populi...” Todavia, convém reconhecer que o cinema nacional progrediu muito; antigamente saíamos do cinema e se o produtor ou diretor da fita estivesse nas adjacências, seria linchado pelos espectadores.

O terror novamente se faz presente, desta vez não em forma de um exorcista ou bebê-diabo, e sim metamorfoseado em CINEMA EM CLOSE UP. JOSÉ MOJICA MARINS – ator, diretor e produtor de cinema.

A revista está bem elaborada: para o público e para os que estão ligados diretamente ao cinema. ARLETE MOREIRA- atriz.

Além de Sinfonia Amazônica e Piconzé não sei de nenhum desenho animado brasileiro. Por que não fazem mais desenhos animados aqui? PAULO SILVA E SOUZA- P. Alegre – RS.

Ipê Nakashima que fez PICONZÉ faleceu antes de desfrutar o sucesso da fita. Para um segundo da fita são necessários de 16 a 24 desenhos e uma produção leva pelo menos uns dois anos. Daí podemos concluir que a produção é caríssima. Mas não se incomode não, Maurício de Souza; vem aí com seu HORÁCIO, uma super-produção a cores.

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