O português Agostinho
Martins Pereira (1924-) é um dos últimos remanescentes vivos da produtora Vera
Cruz. O realizador ficou conhecido no meio cinematográfico por dirigir dois longas-metragens
do comediante Amácio Mazzaropi: A
Carrocinha e Gato de Madame. Mas
no início da década de 1980, Agostinho dirigiu seu derradeiro trabalho na sétima
arte. Trata-se da comédia maliciosa Campineiro,
o garotão para madames, película produzida pelo galã e ex-cantor da noite
Deni Cavalcanti. Deni queria incomodar certas pessoas. Por isso, colocou o nome
de um notável político do interior de São Paulo em um dos principais
personagens da fita.
Campineiro foi rodado quase inteiramente numa mansão no bairro da Granja Viana, na Grande São Paulo. Foram 60 dias de trabalho para
equipe técnica e atores. No elenco feminino, os destaques foram as presenças de
Zélia Martins (“maior mulher do Brasil”, que interpretou a milionária rica), Iara
Stein e Célia Artacho. Nos coadjuvantes, é interessante notar a presença de
Kléber Afonso como o mordomo afeminado. O filme estreou comercialmente em 16 de
março de 1981 em uma sala no Cine Art Palácio, conceituada casa cinematográfica de São Paulo. Os jornais mal deram atenção ao longa-metragem dirigido
por Agostinho. Na Folha de São Paulo,
o crítico Orlando Fassoni apenas escreveu que acreditava que Campineiro era uma produção “altamente
duvidosa”. O jornal chegou a publicar uma sinopse da película: “pornodrama
sobre dois amigos – um campineiro, outro pelotense – que deixam o interior e
vem à capital, encontrando a sorte em casa de rica mulher”.
O longa-metragem não
teve o resultado esperado nas bilheterias. Parece que foi um verdadeiro
fracasso. Em agosto de 1981, Campineiro
estava sendo exibido em cinemas de segunda linha no interior de São Paulo. Um
exemplo é que o filme ficou em cartaz no Cine Yara em Águas de Lindóia (cidade
da região de Campinas localizada a 163 quilômetros da capital). O maior
destaque da sala não era o filme e sim um show de strip tease ao vivo antes das exibições.
4 comentários:
Caro Matheus,acompanho seu excelente blog há tempos, nunca postei comentário antes. Finalmente, deixo um.
Qual o legado que esse filme deixou? Bem, temos de deixar de lado a idéia de que todo filme feio na Boca ou " à la Boca" tem valor, por ser popular, cru , feito na raça etc. Se permite a leviandadede de rotular um filme sem tê-lo assistido, me parece uma obra rasa e esquecível, feita apenas para chocar umas madames e hipócritas de classe média da época.
Repito: nem todo filme feito em SP nos anos 70 e 80 merece o mesmo tratamento que a Superfêmea tem, apenas ficando num exemplo notório e extremo (de qualidade).
Abraço,
Alex B
Caro Alex, como vai? Apareça sempre por aqui. Concordo com você que não é todo filme feito em SP nos anos 1970 e 1980 que são acima da média. Porém, acho que o Brasil precisa tratar a memória cultural de maneira séria. Por isso, deveríamos ter acesso a esses filmes. Justamente para vermos e dizermos: "É ruim. É bom". Somente ter acesso. E isso infelizmente não acontece.
Perfeita, Matheus, sua resposta a meu comentário, eu ignorei completamente esse lado do drama que é a memória do cinema nacional, que a postagem expõe.
E que nosso Palmeiras saia das trevas e expulse a corja do mumu para sempre!!!
Abraço.
Prezado Matheus, olhando jornais antigos por questões nada relacionadas ao cinema brasileiro, encontrei uma nota em uma edição do jornal "A Tribuna do Ribeira" de dezembro de 1981 sobre as filmagens nos municípios de Registro e Cajati do filme "A Quadrilha da Vingança", dirigido por José Geraldo Damaceno, estrelando o ator Djalma Dias.
Tentei encontrar alguma outra referência sobre a fita e nada. Alguma informação?
Bruno.
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