quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Filmes perdidos da Boca: As Viúvas Eróticas (1982)


Hoje fazem exatos trinta anos que este filme estreou comercialmente. Foi no dia 28 de fevereiro de 1983. Trata-se de outra película produzida pela mitológica Embrapi: As Viúvas Eróticas. Este foi um dos títulos comerciais lançados pela empresa visando ter uma renda favorável. Por isso mesmo, o argumento da fita não se diferenciava da maioria dos longas realizados na rua do Triunfo. Muitas produções exploravam o lado erótico de todos os tipos de mulheres de diferentes idades e ocupações: virgens, prostitutas, enfermeiras, secretárias. Nesse aqui, o lado sensual fica por conta de quatro jovens viúvas: Patrícia Scalvi, Lígia de Paula, Silvia Gless e Rosa Maria Pestana.

Para baratear ainda mais a produção, os sócios da Embrapi dividiram As Viúvas em episódios de curta-metragem. Foram poucos dias para três equipes reduzidas terminassem seus filmes e conseguissem entregar o trabalho na data combinada. Mesmo assim, o longa ficou pronto e conseguiu ser lançado no Cine Marabá. A fita não obteve críticas favoráveis ou público favorável. Coisas Eróticas já estava em cartaz. Os cinemas só estavam interessados em sexo explícito. A pornochanchada tinha ficado velha para o seus fãs cativos. Dessa maneira, não é estranho perceber que os  episódios dirigidos por Mário Vaz Filho, Antônio Meliande e Ody Fraga sumiram no tempo e espaço.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Sinopse do filme Instinto Devasso



Dramas existenciais de um homem decadente, que larga a esposa e conduz à sua casa de praia uma mulher, na verdade uma prostituta, que ele julga semelhante a ele e superior ás demais pessoas que ele conhece. O subsequente choque de personalidades nas diferentes expectativas quanto à sua auto-destruição. Um homem entre a razão e a demência.

Retirado do “Catálogos oficiais do Rio-Cine Festival”, RJ.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Filmes perdidos da Boca: Instinto Devasso (1987)



 Musa de Castellini, Patrícia Scalvi também está em Instinto Devasso



A Embrapi (Empresa Brasileira de Produtores Independentes) merece um capítulo dentro da história do cinema paulista. A produtora foi uma tentativa de realizar filmes de maneira independente dentro da Boca do Lixo. A empresa tentava mesclar películas populares com trabalhos mais pessoais. Dessa maneira, a Embrapi aglutinou alguns dos maiores talentos daquela geração: Jean Garrett, Cláudio Portioli, Mário Vaz Filho, Antônio Meliande, Antonio Moreras, Eder Mazzini, Carlos Reichenbach, Concórdio Matarazzo, Ody Fraga e Luiz Castellini. Este último dirigiu um único longa-metragem produzido pela empresa: Instinto Devasso. O próprio Castellini acredita que este seja seu trabalho mais pessoal. Infelizmente, trata-se de seu filme menos lembrado.



Filme autoral e hermético, Instinto Devasso chegou aos cinemas quando as fitas de sexo explícito estavam reinando as nossas salas. Por isso, o longa-metragem demorou cinco anos para entrar no circuito comercial. O roteiro parece ser tirado de algum filme europeu: trata-se de um drama existencial sobre um homem decadente (Ênio Gonçalves) que leva uma prostituta para sua casa de praia. Ele parece achar que a moça é superior ás demais pessoas. O filme conseguiu ser exibido no Rio Cine-Festival. Instinto acabou não recebendo nenhum prêmio no evento. Segundo Castellini, o júri avaliou o longa-metragem de maneira preconceituosa. O pior de tudo é que desde então, o realizador nunca mais conseguiu dirigir um filme. Realizado há mais de 25 anos, Instinto Devasso permanece como o último longa-metragem dirigido por Castellini. Um diretor talentoso que permanece praticamente ignorado pela nova geração de realizadores nacionais. Um profissional dedicado e obstinado que está fora do cinema brasileiro.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sessão dupla na próxima segunda


Estreia

Dia 4 de março, segunda, 20h30
Cineclube Biroska
Rua Canuto do Val, 115 – Santa Cecília

Zé da Ilha
Brasil/SP, 2013, p&b, 12 minutos, documentário
Roteiro e Direção: DIIOMÉDIO ÁRTEMIS PISKATOR
Câmera: CAIO POLESI, JOÃO LUIS DE BRITO
Montagem: RENAN SILBAR
Produtora: CUMAMUÊ CINEMA
Sinopse: Ensaio fílmico-homenagem ao ator, compositor e cantor Zé da Ilha. No cinema atuou em mais de 60 filmes, entre curtas, médias e longas metragens. Como musico, compôs aproximadamente a mesma quantidade de canções.


Chico Cuberos, Ator e Anarquista
Brasil/SP, 2013, cor, 15 minutos, documentário
Roteiro e Direção: MÁRIO VAZ FILHO, ALBERTO CENTURIÃO
Imagem e Finalização: TONY D’CIAMBRA
Produtora: CINEMÁRIO PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS
Depoimentos: LÍGIA DE PAULA, NILTON MELO, MÁRIO VAZ FILHO
Participaçoes: VERA NUNES, CHRISTOPHER MENDES
Sinopse: Documentário sobre o ator Cuberos Neto e sua atuação dentro do movimento Anarquista, contada por ele mesmo, intercalado com cenas de sua participação em filmes e vídeos e depoimentos de pessoas que com ele trabalharam ou conviveram.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

“Tenho orgulho de ter trabalhado em pornochanchadas”



Uma carreira rápida e fulminante. Essa foi a trajetória da atriz Novani Novakoski dentro do cinema brasileiro. Na segunda década de 1970, a jovem paranaense chamou a atenção dos espectadores pela beleza e simpatia. Em apenas três anos, ela trabalhou em 11 longas-metragens. Uma profissional versátil se considerarmos que a musa esteve sob as ordens de realizadores dos mais diversos como Walter Hugo Khouri, Juan Bajon, Ody Fraga, Raffaele Rossi e Tony Vieira. Atualmente, a vestal está afastada da carreira artística e possui uma escola de inglês em Ponta Grossa, interior do Paraná. VSP conversou com ela sobre os tempos vividos dentro da sétima arte e seus projetos futuros. “Estou torcendo para ser chamada pelo cinema ou televisão”, afirma.



Violão, Sardinha e Pão- Como você iniciou sua carreira artística?



Novani Novakoski- Um amigo de uma prima minha trabalhava nos estúdios do Sílvio Santos que ficavam na Vila Guilherme. Ele me achou bonita e mandou eu ir lá fazer uns testes para ser atriz. Acabei passando e fiz uma ponta na novela Espantalho (dirigida por Ivani Ribeiro) e depois comecei a ser telemoça do Sílvio.



VSP- Como foi essa experiência de ter sido telemoça do Sílvio?



NN- Foi muito legal. Acabei conhecendo muitos artistas e esse emprego acabou me abrindo várias portas no meio artístico.



VSP- Como você começou a trabalhar no cinema?



NN- Acho que por ser bonita, eu acabava chamando muito a atenção onde passava (risos). Nisso, acabei sendo convidada a ingressar na sétima arte. Algum tempo depois, eu posei para a revista Playboy em janeiro de 1980. Depois, tive um convite do (produtor cinematográfico) Galante e também porque um produtor e distribuidor da rua Vitória acabou se apaixonando por mim. Foi onde minha vida pegou um rumo que hoje me faz pensar.



VSP- Por quê esse rumo faz você  pensar?



NN- Porque se eu tivesse ouvido mais a razão do que o coração com certeza minha carreira estaria em alta ainda hoje. Eu poderia estar colhendo os frutos do meu trabalho e com um futuro garantido. Não estaria esquecida de todos do meio artístico. Infelizmente, há punições para nossas péssimas escolhas.




VSP- Os filmes em que você trabalhou eram considerados pornochanchadas. Isso te incomodou alguma vez?



NN- Nunca! Era um trabalho como outro qualquer pra mim, eu até me orgulhava. Nunca me foi exigido fazer nenhuma cena em que eu não pudesse desabonar meu caráter de menina do interior. Só fiz topless e isso era comum até nas praias da época.



VSP- Você chegou a freqüentar a Boca do Lixo, região de São Paulo conhecida por produzir os filmes?



NN- Sim. Todas as semanas eu ia lá porque era ali que tudo acontecia: os contatos com produtores, distribuidores, agências. Ali era o centro de tudo




VSP- Muitas vezes você e outras atrizes da época ficavam marcadas por fazerem um único tipo de papel. Isso incomodava você?



NN-  Não. Eu fazia eu mesma, ou seja, o papel de mulher bonita, sexy e desejada por muitos. Como eu já disse: não tinha nada de pornô nas minhas cenas.



VSP- Dentro da sua filmografia, acredito que seu maior papel seja no longa-metragem Na Violência do Sexo do diretor Antonio Thomé. Como foi esse filme?



NN- Me senti muito importante e foi uma experiência que guardo para a vida toda. Gostei de trabalhar com um grande elenco como Ewerton de Castro, Edgard Franco, Clayton Silva e outros. Aprendi muito com todos eles e me dei bem com todos, inclusive com o diretor Antonio Thomé. Tenho o filme até hoje.



VSP- Nesse trabalho, você contracena com o ator Clayton Silva, recentemente falecido. O que você lembra dele?



NN- Gente fina e um grande ser humano! Saudades.



VSP- Você chegou a trabalhar com o cineasta, ator e produtor Tony Vieira. O que você lembra dessa experiência?

                 

NN- Lembro dele com muito carinho! No fim das filmagens, ás vezes ele me dava carona até em casa e sempre foi muito legal comigo. Ele sempre foi um ótimo profissional e amigo de todos.  



VSP- Você trabalhou em 11 longas-metragens, alguns em participações muito rápidas. Isso te incomodou alguma vez?



NN- Não. Porque na verdade eu é que não tinha muito tempo para o cinema. Uma vez que eu fazia outros tipos de trabalho como modelo, eventos com feiras, trabalhava como manequim e atuava em comerciais de televisão.


    A foto acima foi tirada pelo próprio Khouri nos testes para O Prisioneiro do Sexo



VSP- Como foi trabalhar com Walter Hugo Khouri em O Prisioneiro do Sexo?



NN- O Khouri também era muito profissional. Pena que logo que o conheci me mudei para os Estados Unidos. Por isso, não fiz outros trabalhos no cinema brasileiro.

VSP- Por quê você se afastou da vida artística?



NN- Fui estudar inglês em Denver, no Colorado e depois eu havia me casado com o tal distribuidor. Ele tinha negócios em Hollywood e Los Angeles, na Califórnia. Aprendi inglês e acabei ficando por ali mesmo depois da separação. Fiz algumas pontas e figurações em diversos filmes estrangeiros. Inclusive fui extra em filmes de estrelas internacionais como Silvester Stallone.



VSP- Você pretende voltar a atuar em cinema? Trabalharia com jovens cineastas?



NN- Sim. Meu sonho é voltar ao cinema, televisão. Trabalharia jovens diretores com todo prazer. Aliás, estou torcendo para ser chamada por todos eles. Embora hoje eu more em Ponta Grossa (interior do Paraná), onde tenho uma escola de inglês. Isso não me impedirá de viajar ou viver em qualquer parte do mundo como já fiz antes pois sou uma mulher sozinha e independente.



VSP- Pela sua carreira no Brasil e nos Estados Unidos, você parece ter muitas histórias inéditas. Você já pensou em escrever uma biografia com suas vivências no mundo artístico?


NN- Há várias pessoas querendo escrever sobre a minha vida. Mas como  isso envolve um certo valor monetário e eu mesma não sei nem onde começar. Até agora nada foi feito. Não querendo ser muito pretensiosa, eu ficaria feliz da vida se alguém publicasse um livro ou quem sabe até produzisse um filme sobre minha vida. Acredito que essas obras podem servir de exemplo para as moças que estejam iniciando suas carreiras.