quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

“Tenho orgulho de ter trabalhado em pornochanchadas”



Uma carreira rápida e fulminante. Essa foi a trajetória da atriz Novani Novakoski dentro do cinema brasileiro. Na segunda década de 1970, a jovem paranaense chamou a atenção dos espectadores pela beleza e simpatia. Em apenas três anos, ela trabalhou em 11 longas-metragens. Uma profissional versátil se considerarmos que a musa esteve sob as ordens de realizadores dos mais diversos como Walter Hugo Khouri, Juan Bajon, Ody Fraga, Raffaele Rossi e Tony Vieira. Atualmente, a vestal está afastada da carreira artística e possui uma escola de inglês em Ponta Grossa, interior do Paraná. VSP conversou com ela sobre os tempos vividos dentro da sétima arte e seus projetos futuros. “Estou torcendo para ser chamada pelo cinema ou televisão”, afirma.



Violão, Sardinha e Pão- Como você iniciou sua carreira artística?



Novani Novakoski- Um amigo de uma prima minha trabalhava nos estúdios do Sílvio Santos que ficavam na Vila Guilherme. Ele me achou bonita e mandou eu ir lá fazer uns testes para ser atriz. Acabei passando e fiz uma ponta na novela Espantalho (dirigida por Ivani Ribeiro) e depois comecei a ser telemoça do Sílvio.



VSP- Como foi essa experiência de ter sido telemoça do Sílvio?



NN- Foi muito legal. Acabei conhecendo muitos artistas e esse emprego acabou me abrindo várias portas no meio artístico.



VSP- Como você começou a trabalhar no cinema?



NN- Acho que por ser bonita, eu acabava chamando muito a atenção onde passava (risos). Nisso, acabei sendo convidada a ingressar na sétima arte. Algum tempo depois, eu posei para a revista Playboy em janeiro de 1980. Depois, tive um convite do (produtor cinematográfico) Galante e também porque um produtor e distribuidor da rua Vitória acabou se apaixonando por mim. Foi onde minha vida pegou um rumo que hoje me faz pensar.



VSP- Por quê esse rumo faz você  pensar?



NN- Porque se eu tivesse ouvido mais a razão do que o coração com certeza minha carreira estaria em alta ainda hoje. Eu poderia estar colhendo os frutos do meu trabalho e com um futuro garantido. Não estaria esquecida de todos do meio artístico. Infelizmente, há punições para nossas péssimas escolhas.




VSP- Os filmes em que você trabalhou eram considerados pornochanchadas. Isso te incomodou alguma vez?



NN- Nunca! Era um trabalho como outro qualquer pra mim, eu até me orgulhava. Nunca me foi exigido fazer nenhuma cena em que eu não pudesse desabonar meu caráter de menina do interior. Só fiz topless e isso era comum até nas praias da época.



VSP- Você chegou a freqüentar a Boca do Lixo, região de São Paulo conhecida por produzir os filmes?



NN- Sim. Todas as semanas eu ia lá porque era ali que tudo acontecia: os contatos com produtores, distribuidores, agências. Ali era o centro de tudo




VSP- Muitas vezes você e outras atrizes da época ficavam marcadas por fazerem um único tipo de papel. Isso incomodava você?



NN-  Não. Eu fazia eu mesma, ou seja, o papel de mulher bonita, sexy e desejada por muitos. Como eu já disse: não tinha nada de pornô nas minhas cenas.



VSP- Dentro da sua filmografia, acredito que seu maior papel seja no longa-metragem Na Violência do Sexo do diretor Antonio Thomé. Como foi esse filme?



NN- Me senti muito importante e foi uma experiência que guardo para a vida toda. Gostei de trabalhar com um grande elenco como Ewerton de Castro, Edgard Franco, Clayton Silva e outros. Aprendi muito com todos eles e me dei bem com todos, inclusive com o diretor Antonio Thomé. Tenho o filme até hoje.



VSP- Nesse trabalho, você contracena com o ator Clayton Silva, recentemente falecido. O que você lembra dele?



NN- Gente fina e um grande ser humano! Saudades.



VSP- Você chegou a trabalhar com o cineasta, ator e produtor Tony Vieira. O que você lembra dessa experiência?

                 

NN- Lembro dele com muito carinho! No fim das filmagens, ás vezes ele me dava carona até em casa e sempre foi muito legal comigo. Ele sempre foi um ótimo profissional e amigo de todos.  



VSP- Você trabalhou em 11 longas-metragens, alguns em participações muito rápidas. Isso te incomodou alguma vez?



NN- Não. Porque na verdade eu é que não tinha muito tempo para o cinema. Uma vez que eu fazia outros tipos de trabalho como modelo, eventos com feiras, trabalhava como manequim e atuava em comerciais de televisão.


    A foto acima foi tirada pelo próprio Khouri nos testes para O Prisioneiro do Sexo



VSP- Como foi trabalhar com Walter Hugo Khouri em O Prisioneiro do Sexo?



NN- O Khouri também era muito profissional. Pena que logo que o conheci me mudei para os Estados Unidos. Por isso, não fiz outros trabalhos no cinema brasileiro.

VSP- Por quê você se afastou da vida artística?



NN- Fui estudar inglês em Denver, no Colorado e depois eu havia me casado com o tal distribuidor. Ele tinha negócios em Hollywood e Los Angeles, na Califórnia. Aprendi inglês e acabei ficando por ali mesmo depois da separação. Fiz algumas pontas e figurações em diversos filmes estrangeiros. Inclusive fui extra em filmes de estrelas internacionais como Silvester Stallone.



VSP- Você pretende voltar a atuar em cinema? Trabalharia com jovens cineastas?



NN- Sim. Meu sonho é voltar ao cinema, televisão. Trabalharia jovens diretores com todo prazer. Aliás, estou torcendo para ser chamada por todos eles. Embora hoje eu more em Ponta Grossa (interior do Paraná), onde tenho uma escola de inglês. Isso não me impedirá de viajar ou viver em qualquer parte do mundo como já fiz antes pois sou uma mulher sozinha e independente.



VSP- Pela sua carreira no Brasil e nos Estados Unidos, você parece ter muitas histórias inéditas. Você já pensou em escrever uma biografia com suas vivências no mundo artístico?


NN- Há várias pessoas querendo escrever sobre a minha vida. Mas como  isso envolve um certo valor monetário e eu mesma não sei nem onde começar. Até agora nada foi feito. Não querendo ser muito pretensiosa, eu ficaria feliz da vida se alguém publicasse um livro ou quem sabe até produzisse um filme sobre minha vida. Acredito que essas obras podem servir de exemplo para as moças que estejam iniciando suas carreiras.



                                                                                                                                                  

Um comentário:

Marco A. S. Freitas disse...

Boa a sua entrevista com a atriz...bacana ela ter boas memórias do finado Maury de Queiroz, junto do Jece valadão, uma das ´respostas brasileiras ao Bronson.´