Uma carreira rápida e fulminante. Essa foi a trajetória da atriz Novani Novakoski
dentro do cinema brasileiro. Na segunda década de 1970, a jovem paranaense
chamou a atenção dos espectadores pela beleza e simpatia. Em
apenas três anos, ela trabalhou em 11 longas-metragens. Uma profissional versátil se considerarmos que a musa esteve sob as ordens de realizadores dos mais diversos como Walter Hugo Khouri, Juan Bajon, Ody Fraga, Raffaele Rossi e Tony Vieira. Atualmente, a vestal
está afastada da carreira artística e possui uma escola de inglês em Ponta
Grossa, interior do Paraná. VSP
conversou com ela sobre os tempos vividos dentro da sétima arte e seus projetos
futuros. “Estou torcendo para ser chamada pelo cinema ou televisão”, afirma.
Violão, Sardinha e Pão- Como você iniciou sua
carreira artística?
Novani Novakoski- Um amigo de uma prima minha trabalhava nos estúdios do
Sílvio Santos que ficavam na Vila Guilherme. Ele me achou bonita e mandou eu ir
lá fazer uns testes para ser atriz. Acabei passando e fiz uma ponta na novela Espantalho (dirigida por Ivani Ribeiro) e
depois comecei a ser telemoça do Sílvio.
VSP- Como foi essa experiência de ter sido
telemoça do Sílvio?
NN- Foi muito legal. Acabei conhecendo muitos artistas e esse emprego
acabou me abrindo várias portas no meio artístico.
VSP- Como você começou a trabalhar no cinema?
NN- Acho que por ser bonita, eu acabava chamando muito a atenção onde
passava (risos). Nisso, acabei sendo convidada a ingressar na sétima arte.
Algum tempo depois, eu posei para a revista Playboy
em janeiro de 1980. Depois, tive um convite do (produtor cinematográfico)
Galante e também porque um produtor e distribuidor da rua Vitória acabou se
apaixonando por mim. Foi onde minha vida pegou um rumo que hoje me faz pensar.
VSP- Por quê esse rumo faz você pensar?
NN- Porque se eu tivesse ouvido mais a razão do que o coração com certeza
minha carreira estaria em alta ainda hoje. Eu poderia estar colhendo os frutos
do meu trabalho e com um futuro garantido. Não estaria esquecida de todos do
meio artístico. Infelizmente, há punições para nossas péssimas escolhas.
VSP- Os filmes em que você trabalhou eram
considerados pornochanchadas. Isso te incomodou alguma vez?
NN- Nunca! Era um trabalho como outro qualquer pra mim, eu até me
orgulhava. Nunca me foi exigido fazer nenhuma cena em que eu não pudesse
desabonar meu caráter de menina do interior. Só fiz topless e isso era comum
até nas praias da época.
VSP- Você chegou a freqüentar a Boca do Lixo,
região de São Paulo conhecida por produzir os filmes?
NN- Sim. Todas as semanas eu ia lá porque era ali que tudo acontecia: os
contatos com produtores, distribuidores, agências. Ali era o centro de tudo
VSP- Muitas vezes você e
outras atrizes da época ficavam marcadas por fazerem um único tipo de papel.
Isso incomodava você?
NN- Não. Eu fazia eu mesma, ou seja, o papel de
mulher bonita, sexy e desejada por muitos. Como eu já disse: não tinha nada de
pornô nas minhas cenas.
VSP- Dentro da sua filmografia, acredito que seu
maior papel seja no longa-metragem Na
Violência do Sexo do diretor Antonio Thomé. Como foi esse filme?
NN- Me senti muito importante e foi uma experiência que guardo para a vida
toda. Gostei de trabalhar com um grande elenco como Ewerton de Castro, Edgard
Franco, Clayton Silva e outros. Aprendi muito com todos eles e me dei bem com
todos, inclusive com o diretor Antonio Thomé. Tenho o filme até hoje.
VSP- Nesse trabalho, você contracena com o ator
Clayton Silva, recentemente falecido. O que você lembra dele?
NN-
Gente fina e um grande ser humano! Saudades.
VSP- Você chegou
a trabalhar com o cineasta, ator e produtor Tony Vieira. O que você lembra
dessa experiência?
NN- Lembro
dele com muito carinho! No fim das filmagens, ás vezes ele me dava carona
até em casa e sempre foi muito legal comigo. Ele sempre foi um ótimo
profissional e amigo de todos.
VSP- Você trabalhou em 11 longas-metragens,
alguns em participações muito rápidas. Isso te incomodou alguma vez?
NN- Não. Porque na verdade eu é que não tinha muito tempo para o cinema.
Uma vez que eu fazia outros tipos de trabalho como modelo, eventos com feiras,
trabalhava como manequim e atuava em comerciais de televisão.
A foto acima foi tirada pelo próprio Khouri nos testes para O Prisioneiro do Sexo
A foto acima foi tirada pelo próprio Khouri nos testes para O Prisioneiro do Sexo
VSP- Como foi trabalhar com Walter Hugo Khouri
em O Prisioneiro do Sexo?
NN- O Khouri também era muito profissional. Pena que logo que o conheci me
mudei para os Estados Unidos. Por isso, não fiz outros trabalhos no cinema
brasileiro.
NN- Fui estudar inglês em Denver, no Colorado e depois eu havia me casado
com o tal distribuidor. Ele tinha negócios em Hollywood e Los Angeles, na
Califórnia. Aprendi inglês e acabei ficando por ali mesmo depois da separação.
Fiz algumas pontas e figurações em diversos filmes estrangeiros. Inclusive fui
extra em filmes de estrelas internacionais como Silvester Stallone.
VSP- Você pretende voltar a atuar em cinema?
Trabalharia com jovens cineastas?
NN- Sim. Meu sonho é voltar ao cinema, televisão. Trabalharia jovens diretores com todo prazer. Aliás, estou torcendo para ser chamada por todos eles.
Embora hoje eu more em Ponta Grossa (interior do Paraná), onde tenho uma
escola de inglês. Isso não me impedirá de viajar ou viver em qualquer parte do
mundo como já fiz antes pois sou uma mulher sozinha e independente.
VSP- Pela sua carreira no Brasil e nos Estados Unidos,
você parece ter muitas histórias inéditas. Você já pensou em escrever uma
biografia com suas vivências no mundo artístico?
NN- Há
várias pessoas querendo escrever sobre a minha vida. Mas como isso envolve
um certo valor monetário e eu mesma não sei nem onde começar. Até agora nada
foi feito. Não querendo ser muito pretensiosa, eu ficaria feliz da vida se
alguém publicasse um livro ou quem sabe até produzisse um filme sobre minha
vida. Acredito que essas obras podem servir de exemplo para as moças que estejam
iniciando suas carreiras.
Um comentário:
Boa a sua entrevista com a atriz...bacana ela ter boas memórias do finado Maury de Queiroz, junto do Jece valadão, uma das ´respostas brasileiras ao Bronson.´
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