quinta-feira, 3 de julho de 2014

Perfil de um diretor: Ody Fraga



Ody Fraga e Silva é diretor de Cinema. Nasceu em Florianópolis, Santa Catarina, há quarenta e sete anos. Casado, recasado e deslumbrado matrimonial, tem sete filhos. Não consegue precisar exatamente quando adoeceu do “Mal de Cinema” e efeitos correlatos. Começou escrevendo, o que faz até hoje. Conseguiu ser conhecido no meio, o que o levou a dirigir. Fez teatro e televisão. Começou por onde normalmente se começa, aprendendo. Não sabe se o que está realizando é bom, mas insiste em que continua aprendendo. Em teatro, viveu o épico momento do “desemburrecimento”. Levou o teatro até a televisão, com Cacilda Becker, Glauce Rocha, Walmor Chagas. Quando se infiltrou definitivamente em Cinema, aí por 1960, dirigindo Vidas Nuas, constatou uma precariedade técnica que não difere muito de hoje. As mesmas ilusões e desilusões, o mesmo heroísmo do material humano. Acredita que não se começa a carreira pelo primeiro filme. O primeiro é sempre o contacto com a verdade. Como dinheiro para produção só se consegue depois de ser conhecido como diretor, Ody enfrentou grandes problemas para o seu primeiro, mas lembra que a sorte e sua vivacidade em muito contribuíram para superar tudo. Vidas Nuas saiu, ninguém sabe como, porém saiu. O resultado artístico satisfez e o financeiro foi mais ou menos. O produtor (quem?) que o diga. Acha que todo diretor sofre influências. Particularmente não foi e nem é influenciado por um realizador em específico, mas por um certo estilo de cultura dominante em sua formação. É catarinense e isso já implica num arraigado comprometimento cultural, o alemão. Fez vários cursos, de Cinema e paralelos. Prefere não enumerá-los. Acha desnecessário, por vivermos numa época de informações e formações empíricas. Acredita em absorver em sua própria vivência o lastro suficiente, o que é mais importante. Diplomas são papéis. Não define seu estilo porque definição só se consegue pela filmografia em conjunto, quando esta já for amadurecida. Seus últimos filmes são Macho e Fêmea, com Vera Fischer e Mário Benvenutti, e “As Regras do Jogo”, com Nadir Fernandes, Marisa Woodward e o mesmo Mário Benvenutti do anterior. Em qualquer momento discorre segura e honestamente sobre Cinema Nacional. “Antes de mais nada, o que é Cinema Nacional? Há filmes brasileiros que são mais estrangeiros que os importados. Por nacional, deve-se entender a manifestação artística que represente o comportamento cultural de um povo, de uma nacionalidade. Não temos, em termos sócio-culturais, um verdadeiro Cinema Nacional, devido ás implicações financeiras que um filme comporta. No geral, o filme é um produto que deve dar lucros, é igual em qualquer parte do mundo. A diferença entre um produto e outro encontra-se no apuro tecnológico e nos recursos financeiros aplicados em sua feitura. Marginalmente, em todos os países do mundo, há gente tentando fazer o seu Cinema Nacional. E como sofrem...” Ody vai continuar fazendo Cinema. Vive disso. Quanto ao futuro da nossa Sétima Arte, simplesmente diz “será”.

Publicado originalmente no anuário de 1976 da revista Cinema em Close-Up. 

Um comentário:

Imperador LVC disse...

Uau! Muito legal! Viva Ody e viva Minami Keizi.

Abraços.