domingo, 19 de outubro de 2014

“Ganhei dez mil reais de direitos autorais durante toda a minha carreira”’



São mais de 40 longas-metragens como autor de trilhas sonoras. Mesmo desconhecido do grande público, Beto Strada é um dos profissionais que mais colaborou nos bastidores do cinema brasileiro. Ele afirma que trabalhou em 42 longas-metragens. “Não sei porque no IMDB diz que fiz apenas 34 filmes”, reclama. Strada tem uma história de vida um tanto curiosa: ele nasceu em São Luís do Maranhão e iniciou sua carreira na sétima arte no Rio com Jece Valadão. Depois, o músico mudou-se para São Paulo. Na Boca paulistana, Strada trabalhou com diversos realizadores como Jean Garrett, Clery Cunha, José Mojica Marins e sobretudo Adriano Stuart. “Ele admirava muito o meu trabalho. Tanto que chegou uma época em que eu fazia a trilha de todos os filmes dele. Inclusive os longas dos Trapalhões”. Aos 64 anos, Strada vive em Goiânia onde curte seu sétimo casamento. “Eu sempre vinha aqui e gostei muito da cidade. Acabei ficando”. No Planalto Central, o músico dirigiu o curta-metragem O Caso Letícia e está planejando a realização de mais trabalhos como diretor. Strada conversou por telefone comigo durante horas.



Violão, Sardinha e Pão- Como o senhor começou a se interessar por música?


Beto Strada- Rapaz, eu comecei a estudar música com seis anos de idade. Ainda em São Luís do Maranhão. Acabei aprendendo violino com o único professor que tinha desse instrumento na minha cidade. Ele era um veterano da Segunda Guerra e não sei como ele foi parar lá. Estudei durante seis anos violino e música erudita em geral. Sempre fui apaixonado por cinema. Em São Luís, eu vivia indo no Cine Roxy que ficava perto da minha casa. Como lá era muito quente, eles deixavam as portas do cinema abertas quando anoitecia. Nisso, eu acabava dando um jeito de entrar e via os filmes. Isso eu estou falando de 1957, 58. Mas era bacana porque eu via de tudo: Truffaut, Hitchcock. Eu não perdia nenhum filme. Com 12 anos, eu mudei pro Rio de Janeiro e foi lá que eu comecei a compor, fazer música. Porque compor no violino é muito complicado. Ele é um instrumento de solo harmônico mas nisso eu fui pegando conhecimentos de harmonia. No Rio, fui estudar com o maestro Alexandre Gnattali, irmão do Radamés. Foi nessa época que comecei a aprender violão inclusive.



VSP- Depois o senhor acabou fazendo um curso com o maestro Guerra-Peixe?



BS- Sim. Foi um curso promovido pelo Museu da Imagem e Som do Rio de Janeiro sobre técnicas de música para cinema. Foi onde eu aprendi o que era tema principal, música incidental, tudo isso. Na verdade, eu já tinha uma ideia do que era tudo isso, só faltava alguém me ensinar. Mas eu já tinha sacado várias coisas. Nisso, eu tentei ser músico popular. Acabei me tornando guitarrista de uma banda, aquelas coisas de maluco sabe? Cheguei a gravar um compacto com uma amiga minha. Até o Moacyr Franco chegou a gravar em LP uma música minha. Mas tudo isso não dava em nada. Eu já percebia que o meu negócio era compor para cinema.



VSP- Como o senhor começou a compor trilhas para cinema?



BS- Fiquei sabendo que o Jece (Valadão) ia fazer um filme chamado O Mau Caráter. Era algo baseado no Beto Rockfeller (novela da TV Tupi de grande sucesso). Fui no escritório dele na maior cara de pau e tomei o maior chá de cadeira. Fiquei esperando um tempão. Aí quando chegou a minha vez eu aumentei a história, disse que tinha regido orquestra. O Jece me disse: “Eu te dou o roteiro e você vê se consegue fazer alguma música”. Aí eu fui pra casa e li não sei quantas vezes aquele roteiro. Fiz um tema e a letra também. Lembro que estava muito inseguro. Tanto que mostrei aquela canção pra várias pessoas. Mas a maioria das pessoas acabaram gostando. Ficou muito swingada e o Jece acabou gostando da canção. Acabei tendo o convite de fazer a trilha inteira daquele filme. Depois fiz outra trilha pro Jece num outro longa dele chamado Nós, os Canalhas. Vários diretores do Rio foram me chamando e depois mudei pra São Paulo onde colaborei com diversos diretores.



VSP- Como foi trabalhar com Jece Valadão?



BS- O Jece era um batalhador, um cara que amava cinema, entende? Ele tinha o seu valor. Mas era uma pessoa difícil, muitas vezes atrasava os pagamentos, era grosseiro. Agora, ele tem seu valor porque ele amava trabalhar com cinema. Tinha um puta amor por aquilo que ele fazia. Fiz apenas dois filmes com ele, um policial e uma comédia quando ele já tinha a Magnus Filmes.



VSP- O Beco da Fome era a região do Rio onde se produziam os filmes populares. O que o senhor lembra desse ambiente?



BS- Era Beco da Fome? Nem me lembrava mais que se chamava assim. Faz muito tempo. Eu era um frequentador e ali era um centro produtor porque o cinema dava dinheiro naquela época. Tinham várias produtoras, o laboratório da Líder, as empresas de mixagem, as companhias que alugavam moviola. Tinha de tudo lá.



VSP- Como o senhor começou a trabalhar em filmes paulistas?



BS- Mudei pra São Paulo por causa do cinema e da publicidade. Eu sabia que lá tinha mais campo. Cheguei lá em 1970, quando eu tinha vinte anos. Aí fui começar do zero em São Paulo...inclusive cheguei a dormir na rua. Porque quando a gente tem vinte anos, a gente faz um monte de merda, sabe? Fui trabalhar numa produtora de comerciais chamada Prova. Você já ouviu falar nessa produtora?



VSP- Não.



BS- Foi lá que o Secos e Molhados gravaram o primeiro álbum deles. Na Prova, eu fui fazer contato porque eu já tinha feito trilha em uns dez longas-metragens no Rio. Fiquei lá até 1975 quando fui mandado embora porque eu tive uma ideia muito boa. Explico: eu tive a ideia de criar o primeiro arquivo de trilhas. Na época, as propagandas brasileiras duravam em média 30 segundos, 45 segundos e um minuto. Então, eu criei pequenas trilhas com duração nesses tempos correspondentes. Fiz um álbum de música urbana, infantil, folclore, Bossa Nova, jazz, rock, country. Lembro que até trilha de música andina eu criei pra aquela produtora. Foram uns cem temas que deixei pronto. Essa foi uma das fases que eu mais ganhei dinheiro na vida. A Caloi chegou a comprar dez trilhas minhas de uma vez só. Muitos amigos de produtoras concorrentes ficaram com inveja e o preço começou a inflacionar. Isso porque antes eles cobravam uma baita grana somente por um jingle. Fiz muito sucesso com esse sistema e cheguei a ser capa daquela revista Propaganda. Eu queria muito achar esse exemplar.



VSP- Existia muita rivalidade entre os cineastas de São Paulo e Rio?



BS- Tinha. Sempre teve né? Sempre teve essa briga porque a Embrafilme ficava no Rio de Janeiro. Mas o interessante é que tinha um órgão que controlava os exibidores, obrigava a passar filme brasileiro. Por causa disso a Haway passou a produzir cinema e o próprio Severiano Ribeiro no Rio. Tinha que cumprir a cota de tela. O dono do filme ganhava dinheiro pelo seu filme. Não tinha isso de Ancine, lei Rouanet. Bacalhau por exemplo: custou 500 mil e faturou mais de dois milhões. Triplicou o investimento, entendeu?



VSP- Um dos seus grandes trabalhos é Excitação do Jean Garrett. Como foi isso?



BS- O Jean Garrett era um puta diretor, um cara bom pra caramba. O Jean estava fazendo um filme de suspense chamado Excitação. Não tinha nada de sacanagem. Eu descobri que ele estava dublando esse filme na Odil Fono Brasil. Acabamos conversando: “Eu quero fazer a trilha”. O Jean: “O problema é que não tem dinheiro”. Eu pedi o mínimo pra eu conseguir pagar os músicos. Consegui contratar quatro músicos com um cachê mínimo. Era abaixo do valor estabelecido pelo sindicato, mas eles toparam. Nós tivemos apenas doze horas pra fazer a trilha toda, mixar. Acabei ganhando o prêmio da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor trilha concorrendo com Dona Flor e seus Dois Maridos. O Excitação era um filme muito bom no meio de coisas ruins que eram feitas na Boca. Fui pedir o mínimo pra conseguir fazer algo bacana, sabe? Eu sou fã do cinema americano, francês, italiano. No Rio, eu trabalhei com o Alberto Pieralisi que era primo da Virna Lisi, uma atriz linda. Ela chegou a intermediar uma maneira de eu trabalhar com o Ennio Morricone na Itália. Mas tinha acabado de nascer o meu filho, acabei não indo. Fiquei em São Paulo trabalhando nos filmes da Boca. Esse tipo de trabalho era legal porque eles davam dinheiro. Então, você vivia de fazer trilha e acabava emendando um trabalho no outro.



VSP- Como foi receber aquele prêmio da APCA?



BS- Ah, foi uma coisa que me honrou muito né? Deu repercussão. Primeiro porque eu não ganhei nada. Fiz por puro amor, a arte de fazer cinema. Tive que convencer quatro músicos profissionais a ganharem um cachê abaixo da lei. Era tudo tão rápido que o meu nome não aparece no cartaz. Mas o filme está no You Tube e até hoje eu recebo elogios. É um dos melhores trabalhos da Boca...o Jean era excelente diretor. Era um pouco arrogante, como todo artista né? Mas ele curtiu demais o meu trabalho. O próprio (Rubem) Biáfora fez uma crítica belíssima e destacou a trilha.



VSP- O senhor trabalhou diversas vezes com o Adriano Stuart. Como era essa parceria?



BS- Olha, o Adriano era uma figura que nem sei o que te falar dele. Porque ele tinha um lado meio ruim, tinha pouquíssimos amigos, era meio problemático. Mas tinha o lado bom que te desafiava muito né? Eu gostava demais dele. Eu tenho gratidão pelas pessoas que me ajudaram na minha vida profissional. E o Adriano foi uma dessas pessoas. A vida de quem trabalha nesse mercado é difícil. É difícil pra caramba entrar nesse meio. Eu tenho 64 anos e posso falar isso por conhecimento próprio. O Adriano se apaixonou pelo meu trabalho e não parou de trabalhar comigo. Isso tanto nos filmes como nas peças de teatro dele. Fiz a trilha de três longas-metragens dos Trapalhões que ele dirigiu. Num desses filmes eu tive a honra de dirigir a orquestra da rede Globo. Inclusive eles lançaram esses filmes em DVD e não tive direito a nada. Nem eu, Dedé, Zacarias, Mussum. Isso porque a pessoa que detém os direitos não tem um pensamento colaborativo, solidário. Sabe quanto eu ganhei de direitos autorais na minha carreira toda, sabe quanto? Não chega a dez mil reais. Sabe quanto o Francis Hime ganhou de direito autoral pela trilha do Dona Flor? Cem dólares. Ele me disse que esses cem dólares ele colocou num quadro. Os caras não pagam. O seu Remo Usai morreu há pouco tempo. Ele é o cara que mais musicou filmes no Brasil, ele fez de 64 longas senão estou enganado. Fez Assalto ao Trem Pagador inclusive. O Usai morreu sem receber um tostão do ECAD. O processo está rolando até hoje. Tudo muito difícil, muito complicado.



VSP- Como foi trabalhar no Kung Fu Contra as Bonecas?



BS- Foi sensacional. Até hoje eu acho muito bom essa tiração de sarro em cima dos filmes de kung fu. O Adriano (Stuart) tinha paixão por aqueles filmes do Bruce Lee. Então, ele decidiu fazer uma paródia e não foi todo mundo que entendeu. Uma das partes mais engraçadas foi quando aquele cangaceiro grandão (Maurício do Valle) faz um papel de homossexual. Aquilo foi muito criativo né?



VSP- O senhor frequentou muito o polo cinematográfico da Boca do Lixo?



BS- Sim. A Boca funcionava como uma grande empresa de rua. Era super legal porque a gente encontrava com todos os nossos amigos ou ficava no (bar) Soberano. De repente, aparecia o Galante e dizia: “Betão, tem uma trilha pra você fazer”. Aí ele me dava um roteiro pra eu ler. Era um ambiente hollywoodiano em minúsculas proporções, entende? Era uma época em que o cinema dava dinheiro. O filme era um produto. O produtor investia dinheiro e sabia que ia ter lucro de volta.



VSP- Outro filme em que o senhor trabalhou foi no O Homem de Papel do Carlos Coimbra. O que você lembra desse trabalho?



BS- Foi o Jece que me indicou pra esse filme. O Carlos Coimbra era gente finíssima e um grande diretor. Ele era um cara diferente, vegetariano né? (risos). Mas um cara que sabia de cinema, editor de mão cheia. Tenho saudades do Coimbra. Esse filme teve co-produção da Embrafilme e o Coimbra acabou deixando o apartamento dele como garantia pra empresa. Uma espécie de garantia. Como o filme não foi tão bem, ele acabou perdendo o apartamento.



VSP- Fala um pouco do Emanuelle Tropical.



BS- Olha, eu acho que musiquei muita bobagem. Muitos filmes que eu não gostei do resultado final. Mas eu gostei do meu trabalho no Emanuelle Tropical. Foi uma versão do Emanuelle com uma versão tropical brasileira. Você sabe a história desse filme? Eles colocaram cinco roteiristas, tinha cinco tratamentos diferentes. Isso porque o produtor queria fazer um bom filme, algo bacana. Mas aí veio o diretor (Jota Marreco) e jogou tudo aquilo fora. O resultado é que ficou algo bobo, uma bobagem. Dá até certa vergonha a gente assistir esse filme hoje. O Jota Marreco até que era bom fotógrafo, mas acho que não conseguia ser um bom diretor.



VSP- Como foi o final da Boca como polo de produção?



BS- Acabou por causa do fim da Embrafilme. Algumas produções da Boca conseguiram ajuda da empresa. Mas acabou essa parte e agora o cinema é dependente do Estado.



VSP- Recentemente, o senhor dirigiu alguns curtas-metragens como O Caso Letícia. Como foi essa experiência?



BS- Eu sempre quis dirigir. Mas quando acabou a Embrafilme, uma série de pessoas pararam de me chamar para trabalhar. Nisso, apareceram novos compositores e fiquei meio distanciado. No final dos anos 1980, passei a fazer outras coisas, trabalhei com publicidade. O meu primeiro curta comecei a planejar em São Paulo. Aluguei uma câmera, uma equipe pequena e chamei uma atriz. Fizemos um curta experimental chamado Despedida. Aí eu comecei a gostar do negócio, fiz uma trilha bacana pra esse curtinha inclusive. Esse roteiro do Caso Letícia eu tinha na minha cabeça há muitos anos. Mandei o roteiro pra lei Rouanet, fui aprovado e isso me ajudou a conseguir apoio. Nisso, eu consegui chamar o Flávio Galvão que é meu amigo desde a época do Excitação. Ele é uma pessoa generosa e fez o papel principal do curta. Já o papel feminino ficou pra Sandra Barsotti, uma mulher maravilhosa que eu conheci no Rio de Janeiro há muitos anos. Trouxe todo esse povo pra Goiânia e produzi meu primeiro curta profissional. Inclusive o Canal Brasil comprou esse curta recentemente. Pra te falar a verdade, eu tenho uma série de reservas sobre esse trabalho mas muita gente elogiou. Foi uma experiência que tem dois lados, porque foi profundamente doloroso fazer. Porque eu escrevi duas sinfonias, mas nunca fiz nada mais difícil que dirigir esse filme. Aqui em Goiânia é complicado trabalhar com cinema. As pessoas não conhecem a área e isso torna tudo difícil.



VSP- Quais são seus novos projetos?



BS- A Ancine (Agência Nacional de Cinema) aprovou o projeto de um outro curta que eu vou fazer chamado Uma Questão Muito Delicada. É um trabalho que vai custar 150 mil reais. Tenho apalavrado com o Werner Schünemann pra ele fazer o papel principal nesse filme que é sobre um reencontro amoroso. Mas tem influência do Carlos Zéfiro, sabe? (risos).



VSP- Aquele dos catecismos?



BS- Sim (risos). Eu quero fazer em Brasília esse filme porque lá tem um polo de cinema muito bacana. Tenho muitos amigos por lá e acho que vai ser mais fácil produzir um lá que aqui em Goiânia.



VSP- O senhor acredita que o Brasil é um país ingrato com os seus artistas? O senhor acha que deveria ser mais lembrado pelos seus trabalhos dentro do cinema brasileiro?



BS- Ah sim. Claro. Eu vou te contar uma coisa: todo mundo sabe que meu trabalho é de primeira qualidade. Sei fazer comentário musical, música que acompanhe os personagens durante toda uma narrativa cinematográfica. Procurei crescer com a tecnologia musical e sei usar todos os softwares de última geração pra editar música. Inclusive, agora recentemente terminei de fazer a trilha pra um curta-metragem de um rapaz de Santa Catarina chamado Ronaldo Araújo. Eu gostaria muito de voltar a fazer cinema como na época do Adriano (Stuart), do tempo da Boca. Mas não tenho mais tanto espaço, não conheço mais tanta gente que faz cinema. Estou me dedicando a minha produtora fazendo clipes, vídeos empresariais e dou aulas de som para cinema. Disso que eu estou vivendo no momento.



VSP- Quais filmes o senhor mais gostou de ter trabalhado?



BS- Olha, eu adorei fazer a trilha do Bacalhau. Inclusive, o Ed Motta disse que é meu fã por esse meu trabalho. Ele chegou a explicitar isso no Facebook. Muitos DJs usam essa trilha em baladas até nos Estados Unidos. Agora, eu amei fazer a trilha do Excitação mesmo a gente trabalhando com uma qualidade de som muito ruim. Não recebi quase nada por esse filme que acabou sendo premiado. Uma produção em que eu adorei fazer e foi um fracasso de público foi A Noite dos Duros. O Homem de Papel e Nós, os Canalhas foram trilhas que ficaram boas. Fiz O Rei da Boca de um amigo querido, o Clery (Cunha) que respeitou muito o meu trabalho. Tem um longa chamado Confissões de Uma Viúva Moça baseado num conto do Machado de Assis com Sandra Barsotti, José Wilker. É um filme impossível de ser visto hoje mas foi muito legal. Quase todos os filmes com o Adriano (Stuart) ficaram bons. O lado bom dele é que ele respeitava o trabalho dos outros. Nunca consegui fazer uma música que ele não gostasse. Ele respeitava o trabalho dos outros, dos colaboradores dele.

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