segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Um caipira no cinema

Você acha que só os mocinhos de Hollywood levam multidões ao cinema? Enganou-se. Aqui no Brasil, durante as décadas de 50, 60 e 70, as pessoas entravam na fila para ver um caipira em cena. Isso mesmo, um caipira! Daquele que fala cantado, nunca calçou um sapato na vida e anda sempre com um matinho na boca.



Se você duvida que alguém pagaria ingresso pra ver um cara desses é porque nunca assistiu a um filme do Mazzaropi. Fique sabendo que ele quase matou muita gente de rir com suas 32 comédias, sempre fazendo um caipira simplório e preguiçoso, que era inspirado no personagem Jeca Tatu, criado pelo escritor Monteiro Lobato.



Quer saber o que ele tinha de engraçado? Tudo. O jeito desengonçado de andar, de falar e de se vestir. Ás vezes, Mazzaropi nem precisava abrir a boca para fazer rir. Era só aparecer na tela que começavam às gargalhadas.



Não era à toa que as roletas dos cinemas brasileiros giravam feito loucas quando um de seus filmes entrava em cartaz. Muitas vezes, fazendo mais sucesso do que as superproduções de Hollywood.



Publicado originalmente em Sousa, Maurício. Manual de roça do Chico Bento. São Paulo: Globo, 2001.

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