O cineasta José Adalto
Cardoso é um personagem interessante do cinema paulista. Foi assistente de
direção de Fauzi Mansur, colaborou na Cinema
em Close Up e dirigiu inúmeros longas-metragens. Na semana passada (dia 3)
Adalto completou 68 anos. VSP esteve nos dias anteriores com alguns
protagonistas do cinema da rua do Triunfo que deixaram seus depoimentos sobre
Adalto. Nós também desejamos muitas felicidades e vários anos de vida para esse realizador brasileiro.
“Eu tenho uma gratidão
pelo Adalto. Isso porque ele foi o autor da primeira matéria em revista sobre
mim na Cinema em Close Up. Foi uma
matéria que deu grande repercussão e nem eu esperava isso. Um fato curioso
aconteceu quando ele era assistente do Freund no filme No Tempo dos Trogloditas. O meu personagem era um cara retardado,
grandão, desengonçado. O realizador tinha orientado o assistente a conseguir
uma chupeta de madeira pra eu utilizar como instrumento de cena. O Freund
sempre foi um cara maravilhoso, ele foi um dos diretores sérios da rua do
Triunfo. Acho que foram realizadas filmagens durante quinze dias com o meu
personagem nesse trabalho. Todo dia o Adalto dizia pro Freund que ia conseguir
a chupeta mas isso nunca aconteceu. Parecia que aquilo não entrava na cabeça do
Adalto (risos). Então, o meu personagem acabou sendo feito sem a chupeta.
Sempre gostei muito do Adalto e também do Freund. Posso dizer que o Freund era
um diretor que respeitava os personagens e os atores”.
Castor
Guerra, ator em mais de 40 longas-metragens.
“Bom, primeiro lugar
parabéns Adalto pelo seu aniversário que foi semana passada. Não vou dizer a
idade senão fica chato (risos). Espero que seja bom e gratificante pra você estar
participando ativamente na atividade cultural na sua região. Mas ele não fica
restrito a isso, ele é uma figura nacional. Espero que nós possamos realizar
empreitadas de outros projetos juntos. Olha, eu conheci o Adalto na Boca, lá a
gente cruzava com todo mundo, todo pessoal. Se cruzava pra conversar, trocar
ideias. Algumas vezes a gente convidava a pessoa: “Vai sair um filme aqui,
estamos formando equipe lá”. Esse tipo de troca de informações sem interesses
maiores que a gente fazia. Ele tinha o projeto de fazer o filme E a Vaca Foi Pro Brejo, me convidou e eu
acabei indo. Nós tínhamos trabalhado no Mazza e começamos a nos entrosar por
conta da nossa amizade com o Pio Zamuner. O Adalto é um exímio datilógrafo, ele
datilografou os roteiros do Mazza e acabamos trabalhando junto em dois filmes
desse importante produtor. Nos demos muito bem, teve uma brincadeira meio
engraçada na Boca no bar do Serafim. Era um tempo frio e eu estava com uma
japona verde militar. E era meio suspeito andar com uma japona daquelas. Ele
estava vestindo outra japona mais simples, comum. Eu estava querendo me livrar
daquela vestimenta. Nisso, ele olhou e me falou: “Japona bonita. Podemos
trocar? Quer pra você?”. Trocamos ali na mesma hora. Nós temos mais ou menos o
mesmo corpo. Eu não sei que fim levou essa japona, eu devo ter gastado de tanto
usar. Realmente, eu não sei o que ele fez com a japona que eu dei pra ele. Ele é
um cara muito honesto, muito correto, muito bom, sabe? Puro, sincero. Não fica
fazendo onda. De uns anos pra cá, entramos em algumas empreitadas juntos
lutando pra captação, alguns não deram certo, deixamos de lado. Estamos num
projeto chamado Prioridade: Vida que
é o trabalho de pesquisa do Adalto. Ele está trabalhando junto com a Bianca
tentando a captação. Vamos ver se até o final do ano a gente vai conseguir a
grana pra fazer esse documentário sobre o Hospital de Oncologia de Jaú. Adalto:
você se cuida porque temos ainda muita coisa pra fazer juntos. Um abraço”.
Virgílio
Roveda (Gaúcho), diretor de fotografia. Trabalhou em mais de 60 longas-metragens.
“É curioso. Eu nunca
trabalhei junto com o Adalto. Não posso falar muito sobre ele. Mesmo assim,
desejo um feliz aniversário pra ele a quem eu quero muito bem. Lembro que
quando ele foi dirigir o filme E a Vaca
Foi Pro Brejo o pessoal da rua do Triunfo espalhou uma paródia brincando
com esse trabalho, dizendo que o filme não teve sucesso. Mas eu sei que o
Adalto não ficou chateado com isso. Ele é um batalhador, como a maioria dos
nossos amigos da Boca. Sempre que ele vem em São Paulo e a gente se encontra é
bacana. Eu gosto do Adalto e quero ele muito bem”.
Walter Wanny, montador de mais de 80 longas-metragens.
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