São muitos filmes e muitas histórias. Antônio de Souza Neto, o Toni Gorbi é um dos técnicos mais atuantes do cinema brasileiro. Ele iniciou sua carreira na Boca paulista e prosseguiu após o encerramento deste período do cinema brasileiro. Gorbi foi um dos primeiros profissionais brasileiros a especializar-se como gaffer. “Sou o braço-direito do diretor de fotografia. Um gaffer tem que ter conhecimentos técnicos de todos os equipamentos em geral como luzes, câmeras e lentes. É uma espécie de eletricista chefe com uma bagagem maior”, explica ele. Depois de mais de 50 longas-metragens e 40 anos de carreira profissional, Gorbi participou do filme Gostosas, Lindas e Sexies (2017) do diretor Ernani Nunes que está em cartaz em diversos cinemas. Ele conversou com o VSP sobre esse trabalho e o cinema brasileiro contemporâneo.
Nos tempos da Boca: Gorbi é o terceiro da direita para a esquerda
Como
você foi convidado para participar do filme Gostosas,
Lindas e Sexies?
Foi um convite do diretor de fotografia
Marcelo Brasil. Já temos uma colaboração antiga e foi mais uma oportunidade de
trabalharmos juntos em longa-metragem.
Como foi seu
relacionamento com o diretor Ernani Nunes?
Muito bom. Ele me tratou com muito
respeito. Toda equipe teve um excelente relacionamento.
Quais foram as maiores dificuldades nesse trabalho?
Tivemos
muitas dificuldades quanto ás locações que eram muitas. Filmamos em vários
apartamentos em horários restritos. Alguns tiveram difícil acesso. Isso acabou
dificultando um pouco a produção. Mas nada que uma boa equipe técnica não
conseguisse resolver dentro dos prazos estabelecidos pela produção.
Gostosas,
Lindas e Sexies é uma comédia popular que busca o grande público.
Como você avalia o filme?
Acho
o filme muito bom. Tem um elenco maravilhoso que está bem dirigido e com uma
direção de fotografia excelente. O Marcelo Brasil é um dos grandes técnicos
brasileiros da atualidade na área dele.
Você
já trabalhou como fotógrafo e agora voltou a trabalhar como gaffer. Isso te
incomoda?
Tenho uma boa parceria com o Marcelo
Brasil. Ele é o tipo de profissional que valoriza muito o trabalho do gaffer.
Portanto, não me incomoda em trabalhar como gaffer que é algo que sempre fiz
com muito amor e dedicação. Já trabalhei em inúmeros longas-metragens nessa
função sempre tendo bons resultados. Vou estar sempre aberto a um convite para
atuar nessa função.
Qual
é a sua função preferida?
O trabalho de gaffer no Brasil não é
muito valorizada. Pra quem não sabe o gaffer é uma espécie de fotógrafo
técnico. Ele acaba sendo o braço-direito do diretor de fotografia. Ele tem que
ter conhecimentos técnicos de todos os equipamentos em geral como luzes,
câmeras e lentes. O gaffer também acaba sendo responsável pelo comando da
equipe técnica dentro do set de filmagem.
Como
você avalia o atual momento do cinema brasileiro?
Depois que surgiram as câmeras digitais
dá a impressão que tudo ficou mais fácil. Na verdade, a linguagem
cinematográfica não muda. O que muda são os equipamentos. O cinema brasileiro
na questão do longa-metragem tem os altos e baixos como toda cinematografia.
Tem coisas ruins e outras muito boas. Acredito que temos bons técnicos e isso
ajuda bastante. A publicidade tecnicamente não está bem porque com o cinema
digital apareceram inúmeros diretores de fotografia e os orçamentos caíram
muito. Ficou muito fácil filmar.
Na
sua opinião quais são os grandes técnicos da área de fotografia e elétrica no
cinema brasileiro contemporâneo?
Ainda temos poucos profissionais
especializados como gaffers. Mesmo porque com todas essas mudanças de
tecnologia ficou mais fácil lidar com os equipamentos da área. Não vou citar
nomes pra não ser injusto com meus colegas. Mas temos ótimos técnicos.
Trailer de Gostosas, Lindas e Sexies
Você
trabalhou tanto em filmes mais autorais como em comédias populares como Gostosas, Lindas e Sexies. Seu trabalho muda muito de um tipo de
filme para outro?
Meu trabalho não muda. Temos muitas
vezes de mudar o nosso relacionamento com a equipe.
O
que muda na fotografia de um filme popular para outro mais pessoal?
No trabalho de fotografia montamos uma
iluminação de acordo com a história. Não podemos fazer uma fotografia pessoal.
Temos que seguir a orientação do diretor e principalmente do roteiro. Não
podemos inventar certas coisas que ninguém vai entender num filme popular.
Você
trabalhou em diferentes épocas do cinema brasileiro. Na sua opinião, o que
mudou para melhor dentro da produção cinematográfica?
Mudou pra melhor os equipamentos. Por
outro lados muitos técnicos não procuram aprender e especializar-se no uso das
ferramentas maravilhosas que temos nas mãos. O cinema brasileiro está
melhorando graças aos novos equipamentos que estão surgindo.
Você
trabalhou em mais filmes que serão lançados esse ano? Quais são seus novos
projetos?
Sim. Fiz um longa-metragem com o
Marcelo Brasil e direção do Marcus Baldini chamado Homem Perfeito que deve estrear
em novembro. Sigo aberto para novos projetos tanto como gaffer como para
direção de fotografia.
Um comentário:
Ótima entrevista,rápida,concisa e sem delongas.
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