Sua morte passou despercebida pelos órgãos de comunicação.
Logo ele que foi referência em tudo que se envolveu. Isso tudo num ser humano
homem calmo, culto, refinadíssimo, inteligentíssimo. Alfredo Sternheim fazia
tudo com paixão. Era um verdadeiro obstinado: o cinema era o alimento que o deixava
vivo. Sua paixão desde a mais tenra infância. Na época não se dizia bullying, mas tenho certeza que o cinema
foi uma espécie de válvula de escape de Alfredinho. Porque ele começou muito
novo no meio. Um verdadeiro prodígio. Tanto como jornalista, crítico de cinema
e diretor. Tive o privilégio de mexer em suas críticas antigas na “Folha da
Tarde” onde manteve uma corajosa coluna especializada em cinema brasileiro:
“Nossos Filmes”. Alfredo escrevia muitíssimo bem, tinha sido apadrinhado pelo
Rubem Biáfora, o papa da crítica do Estadão e São Paulo. Se o Biáfora gostasse
de um filme todo mundo assistia; senão gostasse todo mundo também via. Isso
porque ele era uma enciclopédia, a referência.
Como diretor, Alfredo logo começou como assistente do Khouri. Pode-se dizer que Sternheim era um diretor da Vera Cruz dentro da Boca. Isso porque seus filmes eram clássicos: histórias com início, meio e fim. Tudo com boa iluminação, bons atores, trilha sonora com música clássica, roteiro envolvente. Era bom diretor de atrizes tinha especial carinho por Sandra Graffi, Neide Ribeiro, Norma Benguell, Helena Ramos. Suas películas eram sempre de amores impossíveis e gostava de dirigir filmes na praia. Tinha grande paixão por Mongaguá, litoral sul de São Paulo, onde rodou dois filmes. Detestava o título “pornochanchada”, brigava comigo toda hora que eu usava. Alfredo foi muito corajoso em dirigir inúmeros filmes de sexo explícito sem pseudônimo. Assinou com o próprio nome. Alfredo falava vários idiomas, viajou o Mundo, conhecia o cinema americano, principalmente o clássico. Além disso, fez muitíssimo pelo cinema de São Paulo e não vi nenhuma homenagem digna de 10% do que ele fez. Canal Brasil, Cinemateca, o MIS não fizeram absolutamente nada. Depois de sua morte tive depressão e pensei em desistir de tudo. Perder amigos ou ídolos não é fácil. E quando seu ídolo vira seu amigo ainda mais.
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